Sumário:
1. Ditongos; 2. O Aborto
Esta geração está a ser industriada no sentido de nunca mais fazer um teste na vida.
Acho estupendo que se comece a leccionar o que é o aborto a crianças do 5º ano. Aliás, acho que se devia leccioná-lo a crianças ainda mais novas. Quanto mais novas, mais fresca a memória do que podia ter sido. O Ministério da Educação tem de adoptar o método que aplico cá em casa e que tão bons resultados tem granjeado. Ainda esta semana foi-me muito útil o facto de a minha filha de 5 anos ser doutoranda em aborto:
- Filha, temos de falar sobre o Nenuco que pediste para o Natal.
- O que foi?
- O Nenuco foi abortado.
- Ah! Foi espontâneo ou desmancho?
- Desmancho. Na ecografia das 8 semanas descobriu-se que era feito de borracha. Tiveram de interromper a gestação.
- E agora? O que é que eu recebo? Terá sobrado alguma coisa da raspagem?
- Vou ver se é possível entregarem o que ficou do saco de plástico amniótico.
- Ok. Eu percebo, papá. De certeza que foi uma escolha difícil.
Com esta brincadeira já poupei 60 euros.
Quem defende o ensino do aborto a criancinhas não é contra a família. Pelo contrário. A nossa família é muito mais unida desde que a minha filha percebeu que tem sorte em estar cá, ao contrário de vários manos zigotos. Quando se queixa que ninguém gosta dela, dizemos: "Se não gostássemos de ti, não tinhas passado de embrião". Faz maravilhas pela sua auto-estima.
Cá em casa esta matéria é ministrada com galhofa, através de jogos didáticos que a pequenada aprecia. Por exemplo, se pede banana esmigalhada, dizemos que sim, pode ser, mas só depois de enfiar correctamente um preservativo no fruto. Também inventámos uma lengalenga muito engraçada sobre o abecedário, toda à base de doenças venéreas: ‘F de fungo, causa a candidíase / G de gonorreia, se fores ordinária / H de herpes, comicha mais que psoríase / I é de infecção, infecção urinária’. É um pagode cá em casa. Parecemos a família Von Trapp. Von Trepa, vá.
Não percebo o histerismo à volta disto. É muito simples: se, para não traumatizar as crianças com raciocínios difíceis, na escola lhes ensinam deficientemente a matemática, elas não vão saber fazer os cálculos dos períodos férteis. Logo, têm de aprender o aborto. Ou uma, ou outra.
Além do mais, estas crianças aprenderão o aborto como hipótese meramente académica. Para se fazer um aborto é preciso saber que se está grávida. E, para isso, é preciso fazer um teste. Ora, esta geração de crianças está a ser industriada pelo Ministério da Educação no sentido de nunca mais fazer um teste na vida.
A garotada vai adorar. Principalmente os meninos. Se há coisa que nos tem sido dita nos últimos tempos é que a interrupção voluntária da gravidez é uma decisão das mulheres. Um dia, em caso de aborto, a única responsabilidade que se admite ao rapaz é levar a rapariga ao hospital. Portanto, se calhar é boa ideia ensinar também a conduzir no 5º ano.
POVO QUE ESPERAS O RIO
Rui Rio sugeriu a criação de um novo imposto, todo ele dedicado ao pagamento dos juros da dívida. É uma ideia. Mas Rio não explica o que taxará o novo imposto. Assim é difícil apercebermo-nos das possibilidades. Para mim, o único imposto que conseguirá arrecadar os montantes necessários é um imposto que taxe cada vez que Rui Rio ameaça concorrer a qualquer coisa.
Por cada avanço (e posterior recuo), os cofres do Estado recebem dez euros. Em seis meses temos isto pago. Com troco.
Rui Rio, o político bungee jumping: lança-se, mas antes que doa é puxado de volta.
A CORNUCÓPIA FECHA NO GOVERNO DAS ESQUERDAS? Ó DIABO!
Segundo as notícias, o Teatro da Cornucópia vai fechar. Só pode ser gralha jornalística. O que as notícias devem querer dizer é: ‘Teatro da Cornucópia vai fechar mais um contrato de subsídio com o Estado, pois temos um Governo das Esquerdas que, ao contrário do anterior, ama a cultura e que não irá perpetuar a austeridade que mata!’
Se calhar, a Cornucópia era a rival da companhia onde Catarina Martins costumava actuar. Só assim se percebe que ainda nenhum bloquista se tenha agrilhoado a uma grade qualquer.
O BLOCO E A FIDELIDADE CANINA
Duas semanas depois de terem louvado com palmas a ditadura de Fidel Castro, os deputados do Bloco de Esquerda repudiaram com palmas a ditadura de José Eduardo dos Santos. Das duas, uma: ou são focas, que batem palmas a tudo; ou este é mais uma partida de ‘O meu ditador é melhor que o teu, nana nana nana!’, um jogo infantil que costumam praticar com nazis. A sorte dos nazis é que não estão representados na AR, de maneira que não fazem figuras destas.
Apesar de também estar fora da AR, Francisco Louçã tem-se esforçado em participar na brincadeira. Nos últimos dias dedicou-se a esfregar com pedra-pomes a imagem de Fidel, no blog Tudo Menos Economia, cujo nome completo é Tudo Menos Economia, A Não Ser Que Seja Economia Com A Palavra Ditador, Essa Vou Poupar.
IN "CORREIO DA MANHÃ"
17/12/16
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