02/11/2016

.
HOJE NO
  "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"

Gastrenterologista denuncia "imoral pressão" económica sobre os médicos

As restrições aos médicos na solicitação de exames trazem consequências graves para os cidadãos, uma vez que não permitem o diagnóstico atempado da doença

O presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG) denunciou esta quarta-feira uma "imoral pressão de índole económica" sobre os médicos de medicina geral e familiar para que estes sejam "restritivos na solicitação dos exames necessários, nomeadamente colonoscopias".

A propósito do Dia Europeu de Luta Contra o Cancro do Cólon, que se assinala quinta-feira, José Cotter alertou para o facto de estas "restrições" trazerem "consequências graves para os cidadãos, uma vez que não permitem o diagnóstico atempado da doença".

Estas restrições "também se podem virar contra os próprios profissionais de saúde por razões de responsabilidade médico-legal", acrescentou.

"A prevenção do cancro do intestino tem uma grande vantagem sobre os demais cancros, que se relaciona com o facto de através de uma colonoscopia ser possível detetar as lesões pré-malignas (pólipos) e removê-las num mesmo tempo, obtendo a cura", disse.

De acordo com o gastrenterologista, tal "impede o desenvolvimento dessas mesmas lesões até à fase do cancro, com subsequente necessidade de cirurgia e outros tratamentos (quimioterapia e radioterapia, mais frequentemente) ".

Para a efeméride, o presidente da SPG gostaria de passar a mensagem de que "a prevenção do cancro do cólon é possível e tremendamente eficaz, desde que o cidadão adira ao que está recomendado".

Em Portugal, o cancro do cólon e do reto é o que mais mortalidade provoca em Portugal. Só em 2014, houve sete mil casos da doença, com a mortalidade a cinco anos a ser de 50%.
 .
Para José Cotter, estes números devem-se "à falta de prática de um quotidiano sadio, com combate à obesidade, ao sedentarismo, ao tabagismo e em contraponto ao estimulo de uma alimentação saudável do tipo da dieta mediterrânica com privilegio das hortaliças, frutas, cereais, azeite, peixe e líquidos em abundância, associados a exercício físico regular".

"Existe uma prevenção secundária deficiente com défice de cidadãos rastreados no momento certo. 

Torna-se necessário implementar um rastreio organizado, ainda que tenha de se criar uma linha de financiamento específica, que seria gratificantemente «amortizada» em vidas humanas, diminuição do absentismo, poupança com tratamentos e melhoria da qualidade de vida das populações", prosseguiu.

Segundo José Cotter, "vários exames são possíveis de fazer, mas, com exceção da colonoscopia, todos se revelam muito insuficientes para a deteção das lesões pré-malignas atrás citadas".

"E esse é o objetivo que deve ser perseguido. Porque detetar um cancro precoce, se bem que sendo melhor do que diagnosticá-lo em fase avançada, já vai implicar cirurgia e tratamentos muito onerosos, que condicionam muito a qualidade de vida e apenas permitem que esta doença tenha uma sobrevivência global aos cinco anos de cerca de 50%", concluiu.

* MUITO GRAVE, quem pressiona os gasteroenterologistas?

.

Sem comentários: