Camilo, o contorcionista
Camilo Lourenço é o mais perfeito exemplo de algum comentarismo
nacional e da sua dificuldade em lidar com a transição de governo.
Até aqui o défice seria sempre o valor supremo, naturalmente
acompanhado dos costumeiros “não há dinheiro”, “não há alternativa”,
“digam onde vão buscar o dinheiro”. Até aqui as agências de rating e o
mercado da dívida davam a prova que faltava que o caminho seguido era o
inevitável.
O drama de todos os comentadores que subscreviam a linha do anterior
governo é que são confrontados com o que classificavam com uma
impossibilidade. E enredam-se nos seus argumentários.
Agora o défice não é um valor inquestionável, pode esconder coisas ou
pode ser irrelevante, se não houver crescimento, quando antes a
precedência dos argumentos era a inversa. E agora, como se nota pelo
exemplo abaixo, até as agência de rating podem não ser entidades divinas
que avaliam sabiamente a situação económica e orçamental dos países com
o seu crivo infalível.
IN "GERINGONÇA"
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