HOJE NO
"JORNAL DE NOTÍCIAS"
A cada sete segundos casa
uma menina com menos de 15 anos
O
casamento infantil, normalmente com homens mais velhos, deixa as meninas
vulneráveis à violação e à violência doméstica, conclui a organização
não-governamental de defesa dos direitos da criança Save the Children,
num relatório publicado esta terça-feira.
A
cada sete segundos uma rapariga menor casa, normalmente, com um homem
mais velho. Segundo o relatório "Every last girl: free to live, free to
learn, free from harm", publicado propositadamente no Dia Internacional
das Meninas, o casamento de meninas de 10 anos com homens muito mais
velhos é resultante de conflitos e pobreza e predominante em países como
Afeganistão, Iémen, Índia e Somália.
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A ANGÚSTIA DESTA MENINA QUENIANA |
A
Save the Children destaca cinco fatores que contribuem para o
desenvolvimento das raparigas: casamento infantil, nível de
escolaridade, gravidez adolescente, mortalidade materna e número de
mulheres no Parlamento.
O índice de
oportunidades das raparigas foi avaliado em 144 países de acordo com os
parâmetros anteriormente referidos e classificados do melhor para o pior
país onde se pode ser rapariga. O primeiro lugar é ocupado pela Suécia.
Portugal encontra-se posicionado em 8.º lugar, à frente da Suíça, da
Itália, da Espanha e da Alemanha. Os países com a pior classificação e
que ocupam os últimos lugares do ranking são a Somália, o Mali, a
República Centro-Africana, o Chade e o Níger.
De acordo com o relatório, nos países onde há conflitos, muitas famílias preferem casar as filhas menores para as protegerem da pobreza e da guerra. De resto, a pobreza, a guerra e as crises humanitárias são os principais fatores que promovem os casamentos com menores.
Helle Thorning-Schmidt, diretora da organização Save the Children, afirma que o casamento infantil é o início de um ciclo de consequências, no qual são negados os mais básicos direitos, como o de aprender e o de ser criança.
"As raparigas que casam muito cedo não podem ir à escola e apresentam mais riscos de sofrer de violência doméstica, abusos e violação. Engravidam antes de o corpo estar completamente desenvolvido, o que é prejudicial tanto para a saúde das meninas como dos bebés e estão expostas a doenças sexualmente transmissíveis, como a sida", explica Helle.
Sahar, 14 anos, grávida de dois meses
Sahar
tem 14 anos e está grávida de dois meses. Casou há um ano: "Tinha-o
imaginado um dia de festa, mas foi miserável. Sentia-me mal, estava
muito triste". Sahar é oriunda da Síria, mas a guerra levou-a a fugir
para o Líbano e com o objetivo de a proteger o pai obrigou-a a casar.
Khadra fugiu do marido aos 16 anos
Khadra
queria ser médica, mas o pai obrigou-a a casar, aos 15 anos, com um
homem de 30. Teve de deixar de estudar e, ao fim de um ano a sofrer
violência doméstica, conseguiu fugir. Foi então que soube que estava
grávida e voltar à escola deixou de ser uma opção.
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Tamrea esteve seis dias em trabalho de parto
Tamrea
foi forçada pelo pai a casar aos 12 anos, engravidou e o marido
abandonou-a. A menina esteve em trabalho de parto durante seis dias e
deu à luz em casa. Hoje, Tamrea aconselha outras jovens, pois não quer
que elas passem o mesmo e acredita que se as raparigas forem para a
escola podem ter uma vida melhor.
Sahar, Khadra e Tamrea são nomes fictícios, criados pela organização Save the Children, para proteger a identidade das meninas.
Atualmente,
há cerca de 700 milhões de mulheres que foram obrigadas a casar com
menos de 18 anos, um número que, segundo a UNICEF, alcançará os 950
milhões em 2030, se nada for feito para contrariar esta tendência.
* Em muitas regiões do globo a vida é bárbara.
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* Em muitas regiões do globo a vida é bárbara.
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