Poder é poder
Há uma cena da Guerra dos Tronos em que um
conselheiro ameaça a rainha dizendo-lhe: "Conhecimento é poder." A
rainha manda matá-lo, mas imediatamente recua e diz-lhe: "Poder é
poder."
Ouvi
Marisa Matias lembrá-la numa conferência* em que, a uma pergunta sobre a
situação na Venezuela, respondeu que a corrupção não era de direita nem
de esquerda. Mas reconhecia que as políticas de Maduro resultaram nesta
crise? Não deu o braço a torcer, duvida de que um só homem possa ser
culpado pela situação. O regime chavista declarou a Venezuela socialista
e decidiu aumentar a participação estatal na economia e intervir no
processo de distribuição. Perdeu as receitas do petróleo, subiu os
impostos.
Em Janeiro, decretou o estado de emergência económica. O índice
de pobreza aumentou 33,1%. No último ano, os preços subiram 675,1% e a
economia caiu 11,8%. Não há alimentos, medicamentos nem energia. Há
letreiros nas padarias a pedir desculpa, "não há pão por falta de
farinha". As empresas estão paradas por falta de divisas. Com a mesma
noção do papel das Forças Armadas que a sua colega Catarina, que por cá
quer extinguir os Comandos, Maduro atribuiu cargos aos generais, havendo
o responsável pelo óleo, pelos frangos, pelo milho e por aí em diante.
E, este mês, vai aumentar o salário mínimo e as pensões em 50%. Até a
China já acusou a política económica de Maduro de levar o país para o
abismo, mas Marisa e o líder do Podemos espanhol discordam. Ainda esta
semana, indiferente aos resultados, o BE voltou a defender o controlo
público da banca, a restruturação da dívida já com os juros do
financiamento a disparar, o aumento da tributação das mais-valias, e a
subida de todos os rendimentos que dependam do Estado. As críticas são "propaganda para pressionar". A UE não os vergará como na Grécia, há de ceder. Com poder é evidente o que o BE está a querer fazer.
*Conferência no museu Paula Rego, Cascais,
10-09-2016
**Jurista
IN "JORNAL DE NEGÓCIOS"
14/09/16
.
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