HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
"Desastre absoluto".
Ele escrevia os discursos de Durão
e não gostou da experiência
O autor tinha de passar os rascunhos dos discursos por baixo da porta e era constantemente ignorado por Durão Barroso
Ryan
Heath era um dos muitos homens que escrevia os discursos de Durão
Barroso quando este era presidente da Comissão Europeia e não poupa nas
palavras quando diz que a missão foi "um desastre absoluto". O assessor
conta a experiência num artigo escrito na primeira pessoa no site Politico, que intitulou "Confissões de escritor de discursos", e em que diz que a realidade foi mais The Office e menos West Wing.
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THE LAST TEA |
Para
além da quase total falta de contacto com Barroso - com quem Heath
queria trocar ideias para saber o que escrever nos discursos - a maneira
como foi tratado, ignorado e esquecido pelo mesmo contribuíram para que
o escritor rotulasse a experiência como frustrante.
"Quando escrevia um rascunho, colocava-o no sistema onde entrava num ping-pong entre os funcionário de topo", escreveu Heath. Barroso
raramente aparecia nas reuniões, "exceto uma vez, quando esteve
presente por breves instantes", continua Heath, o que tornava muito
difícil saber o que mensagem queria passar. "O que ele pretendia - se o
expressou a alguém - nunca me foi comunicado. Sentia-me como se
estivesse a escrever para uma caixa negra".
No artigo, o australiano conta que se sentia "honrado" quando, em
2011, deixou o seu emprego no Reino Unido para se juntar à equipa de
comunicação do então presidente da Comissão Europeia.
Na altura,
Ryan acreditava que poderia ter um papel importante na instituição,
ajudando a "projetar a liderança da Europa na Primavera Árabe e a salvar
a Zona Euro", nem que fosse ao escrever um discurso que ilustrasse
perfeitamente o que Durão Barroso queria exprimir. O santo gral de
Heath, a sua maior aspiração, era escrever o discurso anual do Estado da
União.
Ao invés, seguiram-se vários meses de situações no mínimo
caricatas que iriam culminar com Heath a ser excluído das reuniões do
discurso do Estado da União.
Heath conta que tinha de implorar aos
seguranças de Barroso para poder passar rascunhos do discurso por baixo
da porta e que, uma vez, o antigo primeiro-ministro português fez um
discurso num casino na Nova Zelândia e partiu com a sua equipa,
esquecendo-se de Heath no local. O escritor viu-se obrigado a ir a pé
até ao hotel.
Há ainda a vez em que Heith tentou falar com Barroso
sobre um discurso, mas em vez de discutirem o que Heith deveria
escrever no próximo texto, o antigo primeiro-ministro pediu-lhe para
pesquisar alguma ligação entre a família Barroso e a região de vinhos
Barossa Valley, na Austrália.
Para Heath, no entanto, o caso só
piorou quando, ao invés de ignorá-lo, Barroso reparou nele. O
australiano aproveitou um momento em que estava sozinho na suíte de
Durão Barroso, em Singapura, para tomar um banho, após uma viagem de 12
horas. Para azar do escritor, a banheira ficou entupida e nem mesmo o
pessoal do hotel conseguiu resolver a situação antes de Barroso
regressar da reunião com o primeiro-ministro de Singapura.
Essa
foi a última vez que Barroso falou com Heath. O autor foi despromovido
para trabalhos menores, como ver na televisão tão desejado discurso do
Estado da União e publicar algumas frases deste nas redes sociais. "Até
que finalmente o meu chefe acabou com o meu sofrimento e disse-me para
procurar outro emprego", conta Heith.
No artigo, Ryan Heith, que agora é correspondente sénior do Politico, pede para o público dar um pouco de atenção ao jovem de fato que está perto do pódio onde Jean-Claude Juncker fez o discurso do Estado da União
deste ano. "Pode ser um solitário autor de discursos, a questionar-se
alguma vez vai conseguir fazer a coisa bem", conclui Heith.
* Quem terá encomendado a este senhor o presente artigo de persona despeitada? Não gostamos de Durão Barroso mas somos avessos a tudo o que soe a revanche. Quem dá voz a este tipo de gente não serve a ética jornalística.
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