HOJE NO
"OBSERVADOR"
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Nafis teve de fugir da Al Qaeda
.por fotografar homossexuais
Nafis entrou na comunidade de homossexuais no Bangladesh para mostrar o quotidiano dos preconceitos na Ásia. Foi ameaçado por terroristas e viu amigos morrerem. Mas continua a lutar pela igualdade.
As fotografias da homossexualidade no Bangladesh, esse canto asiático
quase engolido pela Índia, só podiam ser a preto e branco. Homens que
gostam de homens e mulheres que gostam de mulheres são obrigados a viver
na sombra do Oriente, porque embora a lei os proteja na teoria, não o
faz na prática.
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É uma comunidade “extremamente oprimida” no seio de uma
sociedade onde a palavra sexo ainda choca, ainda é proibida. E
foi na tentativa de contribuir para “um mundo onde há igualdade,
tolerância, aceitação e reconhecimento” que o fotógrafo Gazi Nafis Ahmed
decidiu documentar a realidade desses homossexuais. Fá-lo há oito anos.
Nem sempre foi fácil.
Em entrevista ao Observador, Nafis conta
que se mudou para Espanha em 2015 a fim de continuar os estudos em Belas
Artes, mas que chegou a receber chamadas anónimas e mensagens
ameaçadoras quando o seu trabalho começou a ser divulgado. “A mais
recente aconteceu em maio, dias depois da morte do meu amigo próximo
Xulhaz Mannan, que foi morto por seis militantes fundamentalistas junto
com o amigo dele”, conta-nos Nafis. Esses fundamentalistas fazem
alegadamente parte de um ramo da Al Qaeda que luta contra a liberdade
sexual no país e que já matou um professor e uma blogger que se
pronunciaram enquanto defensores dos direitos dos homossexuais. Xulhaz
Mannan já estaria na mira: era um dos fundadores da revista Roopba, a
única revista do Bangladesh que abordava assuntos da comunidade LGBT e
que se assumia como “promotora da tolerância e da aceitação da
diversidade”.
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Em Espanha, a vida é diferente. “Os espanhóis são as pessoas
mais encantadoras com quem já me cruzei”, admite Nafis. Nunca conheceu
Portugal nem tem exibições previstas para o nosso país, mas “ficaria
muito feliz em contribuir para o país com o meu trabalho”. Não chega ser
fotógrafo, alerta. “Qualquer um pode ser um bom fotógrafo e hoje
normalmente são apanhados com aquela arte pretensiosa teatral. Muitos
dos fotógrafos não entendem o pensamento crítico, a complexidade e o
poder deste meio”, diz-nos Nafis.
* Luta desigual contra a prepotência do fundamentalismo religioso.
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