01/07/2016

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HOJE NO 
"OBSERVADOR"
Nafis teve de fugir da Al Qaeda
.por fotografar homossexuais

Nafis entrou na comunidade de homossexuais no Bangladesh para mostrar o quotidiano dos preconceitos na Ásia. Foi ameaçado por terroristas e viu amigos morrerem. Mas continua a lutar pela igualdade.

As fotografias da homossexualidade no Bangladesh, esse canto asiático quase engolido pela Índia, só podiam ser a preto e branco. Homens que gostam de homens e mulheres que gostam de mulheres são obrigados a viver na sombra do Oriente, porque embora a lei os proteja na teoria, não o faz na prática. 
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É uma comunidade “extremamente oprimida” no seio de uma sociedade onde a palavra sexo ainda choca, ainda é proibida. E foi na tentativa de contribuir para “um mundo onde há igualdade, tolerância, aceitação e reconhecimento” que o fotógrafo Gazi Nafis Ahmed decidiu documentar a realidade desses homossexuais. Fá-lo há oito anos. Nem sempre foi fácil.

Em entrevista ao Observador, Nafis conta que se mudou para Espanha em 2015 a fim de continuar os estudos em Belas Artes, mas que chegou a receber chamadas anónimas e mensagens ameaçadoras quando o seu trabalho começou a ser divulgado. “A mais recente aconteceu em maio, dias depois da morte do meu amigo próximo Xulhaz Mannan, que foi morto por seis militantes fundamentalistas junto com o amigo dele”, conta-nos Nafis. Esses fundamentalistas fazem alegadamente parte de um ramo da Al Qaeda que luta contra a liberdade sexual no país e que já matou um professor e uma blogger que se pronunciaram enquanto defensores dos direitos dos homossexuais. Xulhaz Mannan já estaria na mira: era um dos fundadores da revista Roopba, a única revista do Bangladesh que abordava assuntos da comunidade LGBT e que se assumia como “promotora da tolerância e da aceitação da diversidade”.
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Em Espanha, a vida é diferente. “Os espanhóis são as pessoas mais encantadoras com quem já me cruzei”, admite Nafis. Nunca conheceu Portugal nem tem exibições previstas para o nosso país, mas “ficaria muito feliz em contribuir para o país com o meu trabalho”. Não chega ser fotógrafo, alerta. “Qualquer um pode ser um bom fotógrafo e hoje normalmente são apanhados com aquela arte pretensiosa teatral. Muitos dos fotógrafos não entendem o pensamento crítico, a complexidade e o poder deste meio”, diz-nos Nafis.

* Luta desigual contra a prepotência do fundamentalismo religioso.

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