HOJE NO
"JORNAL DE NOTÍCIAS"
Ricardo salvou-os da morte no mar
Foi um
drama. Podia ter sido uma tragédia. Das grandes. Sete adolescentes
estiveram em situação de pré-afogamento no mar, em Vila Praia de Âncora,
no passado dia 8 de junho.
Alunos
da cooperativa de ensino Ancorensis, com idades entre os 14 e os 17
anos, foram para a praia para uma zona não vigiada e de mar perigoso
devido às correntes. Todos sabiam disso, alguns foram para ali pela
primeira vez, mas a alegria do momento levou-os a ser imprudentes.
Arriscaram a vida. Não a perderam graças a um conjunto de felizes
coincidências.
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Um nadador-salvador, que se encontrava em
lazer na praia, a mais de um quilómetro de distância, pressentiu. Pediu
uns binóculos num hotel e confirmou que havia gente em apuros no mar. Um
surfista brasileiro, que ia a passar, foi determinante para o
salvamento. A sua prancha foi usada para manter os jovens à tona e
retirá-los da água. Todos estão cá para contar a história. A maioria,
contudo, não o quer fazer. Acederam falar, ao JN, Flávia Pires, de 15
anos, que foi de todos o caso mais grave, e Eduardo Novo, de 17, que
apenas entrou na água, juntamente com outros dois colegas, para ajudar
os aflitos.
"Sabia que era perigoso,
mas com a brincadeira nem me lembrei disso. Fomos entrando pela água a
jogar à bola e aconteceu", conta Flávia, recordando o sucedido: "Éramos
sete na água, um saiu porque estava a ficar com frio e uma colega, a
Mariana, quis sair e não conseguiu. Começou a gritar a dizer que não
conseguia sair do sítio, dava uma braçada para a frente e ia para trás.
Tentámos fazer o mesmo e não conseguimos. Começámos a ficar aflitos e a
gritar pelos que estavam fora da água. Pensavam que estávamos a brincar e
só quando viram uma colega a chorar é que perceberam que era a sério".
Eduardo
arriscou a vida para os socorrer. "Estava na areia a jogar raquetes num
grupo e eu e dois rapazes entrámos na água para tentar ajudar, mas
ficamos lá também. Estive a segurar a Flávia na prancha e cheguei a uma
altura em que tive de me pôr a boiar porque estava a ficar muito
cansado. Depois o nadador chegou levou-a", conta.
Flávia
teve um ataque de pânico e foi levada para o hospital em hipotermia.
"Estava mesmo a dar as últimas. Olhava para o céu e já via estrelinhas a
cair por cima de mim. Um colega nosso convenceu-se que ia morrer.
Pôs-se a boiar e a cantar. Isto foi uma lição de vida para nós", comenta
a rapariga.
Ricardo Campelo, 25 anos, o
nadador-salvador que os ajudou, é considerado herói. A Junta de
Freguesia fez-lhe uma homenagem. "Acho que tivemos um pinguinho de sorte
de todos os lados, podia ter sido uma tragédia". Todos os envolvidos na
situação sabem nadar. "Foi um erro o que eles fizeram. Uma
inconsciência. Tem mais acidentes quem sabe nadar, do que quem não sabe.
Quem sabe estica-se mais", conclui Ricardo.
* São frequentes situações destas em Portugal, neste caso houve a felicidade de alguém competente, Ricardo, estar por perto e ter como ajuda um surfista também valente.
A banalização da imprudência é grave, tem origem nas famílias.
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