04/07/2016

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HOJE NO
"JORNAL DE NOTÍCIAS"

Ricardo salvou-os da morte no mar

Foi um drama. Podia ter sido uma tragédia. Das grandes. Sete adolescentes estiveram em situação de pré-afogamento no mar, em Vila Praia de Âncora, no passado dia 8 de junho.

Alunos da cooperativa de ensino Ancorensis, com idades entre os 14 e os 17 anos, foram para a praia para uma zona não vigiada e de mar perigoso devido às correntes. Todos sabiam disso, alguns foram para ali pela primeira vez, mas a alegria do momento levou-os a ser imprudentes. Arriscaram a vida. Não a perderam graças a um conjunto de felizes coincidências.
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Um nadador-salvador, que se encontrava em lazer na praia, a mais de um quilómetro de distância, pressentiu. Pediu uns binóculos num hotel e confirmou que havia gente em apuros no mar. Um surfista brasileiro, que ia a passar, foi determinante para o salvamento. A sua prancha foi usada para manter os jovens à tona e retirá-los da água. Todos estão cá para contar a história. A maioria, contudo, não o quer fazer. Acederam falar, ao JN, Flávia Pires, de 15 anos, que foi de todos o caso mais grave, e Eduardo Novo, de 17, que apenas entrou na água, juntamente com outros dois colegas, para ajudar os aflitos.

"Sabia que era perigoso, mas com a brincadeira nem me lembrei disso. Fomos entrando pela água a jogar à bola e aconteceu", conta Flávia, recordando o sucedido: "Éramos sete na água, um saiu porque estava a ficar com frio e uma colega, a Mariana, quis sair e não conseguiu. Começou a gritar a dizer que não conseguia sair do sítio, dava uma braçada para a frente e ia para trás. Tentámos fazer o mesmo e não conseguimos. Começámos a ficar aflitos e a gritar pelos que estavam fora da água. Pensavam que estávamos a brincar e só quando viram uma colega a chorar é que perceberam que era a sério".

Eduardo arriscou a vida para os socorrer. "Estava na areia a jogar raquetes num grupo e eu e dois rapazes entrámos na água para tentar ajudar, mas ficamos lá também. Estive a segurar a Flávia na prancha e cheguei a uma altura em que tive de me pôr a boiar porque estava a ficar muito cansado. Depois o nadador chegou levou-a", conta.

Flávia teve um ataque de pânico e foi levada para o hospital em hipotermia. "Estava mesmo a dar as últimas. Olhava para o céu e já via estrelinhas a cair por cima de mim. Um colega nosso convenceu-se que ia morrer. Pôs-se a boiar e a cantar. Isto foi uma lição de vida para nós", comenta a rapariga.

Ricardo Campelo, 25 anos, o nadador-salvador que os ajudou, é considerado herói. A Junta de Freguesia fez-lhe uma homenagem. "Acho que tivemos um pinguinho de sorte de todos os lados, podia ter sido uma tragédia". Todos os envolvidos na situação sabem nadar. "Foi um erro o que eles fizeram. Uma inconsciência. Tem mais acidentes quem sabe nadar, do que quem não sabe. Quem sabe estica-se mais", conclui Ricardo.

* São frequentes situações destas em Portugal, neste caso houve a felicidade de alguém competente, Ricardo, estar por perto e ter como ajuda um surfista também valente.
A banalização da imprudência é grave, tem origem nas famílias.

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