No país,
é tudo uma falácia
Os números do crescimento do PIB dados pelo FMI e OCDE desta semana revelam que a economia não está a correr nada bem, conclui o diretor do OJE, Vítor Norinha.
É tudo uma falácia mas ninguém se importa. Num país onde o partido
que Governa, o PS, estará provavelmente mais à esquerda que o seu
eleitorado, ou o maior partido da oposição, o PSD estará, como
neoliberal, mais à direita do que aquilo que é a militância de base de
cariz social-democrata, vale tudo.
Mas, tal como alguns detergentes (e passe a publicidade) diziam que
não enganavam, os números também não enganam e, efetivamente, as
projeções – que são projeções e não realidades – não costumam ficar
muito longe da verdade. E os números do crescimento do Produto Interno
que já tinham sido dados pelo FMI e os da OCDE desta semana contêm uma
mensagem clara: a economia não está a correr nada bem.
E a agravar o drama está a falácia em que todos estamos a cair.
Assobiamos para o lado e todas as forças tendem a esconder a dura
realidade porque – parece – a verdade desanima e, por isso, vão-se
mantendo as hostes desinformadas ou erradamente informadas. Duplamente
grave é ainda o facto dos partidos mais à esquerda serem os grandes
defensores das políticas de António Costa, do PSD ir mitigando a
linguagem, e lembremos as declarações do presidente do partido, que diz
esperar que este Governo mude a política económica! Com que apoios
parlamentares se movimenta, perguntamos nós. Alguém acredita que seja
possível mudar. E ainda as mais recentes declarações do PR Marcelo
Rebelo de Sousa, que deixou antecipar o próximo orçamento retificativo,
como se isso fosse algo banal. Aliás, para quem está um pouco fora da
situação, até parece que este Governo tem um score positivo
relativamente aos anteriores, porque todos apresentaram retificativos e
ainda não o fez e, por isso, ganhou alguns pontos (está na moda o tema
dos pontos e das cartas).
Marcelo, aliás, deixou bem claro que faz o discurso para fora do país
e o Governo fá-lo para dentro. São dois linguajares do mesmo país e
feitos por personalidades com uma matriz ideológica bem diferente mas
que, no fundo, estão juntos no percurso.
Entretanto, há mudanças de fundo em termos ideológicos, com as
decisões mais mediáticas, mas os temas de fundo para o país vão sendo
empurrados. Os estivadores fecharam uma paz podre com os operadores; os
contratos de associação esfarraparam a sociedade portuguesa e o setor
bancário está um barril de pólvora. Fala-se em duas mil rescisões na
Caixa, mais mil no BPI, para além dos mil no Novo Banco. E o
investimento na economia está a cair como nunca. Estamos mal.
IN "OJE"
03/06/16
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