10/05/2016

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HOJE NO   
"DIÁRIO ECONÓMICO"


Volvo Ocean Race volta a Lisboa com 
30 milhões de impacto económico

A Volvo Ocean Race (VOR) vai voltar a Lisboa no próximo ano para a terceira visita à capital e com "30 milhões de euros de impacto económico relativos à anterior passagem", segundo José Pedro Amaral, CEO da Sail Portugal, entidade responsável pelo 'stopover' português, além de "210 mil visitantes"
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A nova edição foi apresentada hoje em cerimónia na Câmara lisboeta e, ao Económico, Amaral deixou diversas perspectivas sobre o tema: "Sempre disse que, ao lado da rota desportiva, a Volvo Ocean Race é o quarto maior evento desportivo do mundo e o de maior duração, importando sublinhar e aproveitar a sua rota comercial. Lisboa foi o segundo maior 'stopover' em convidados corporativos, só superado pelo final em Gotemburgo e isso deixou marca decisiva para o que pretendemos que a VOR seja em Portugal e do seu relacionamento com o país. A meta é ter cá a sede e temos dado passos nesse sentido com ajuda de governos, Câmara, Porto de Lisboa, Direcção-geral de Política do Mar, entre outros.

Não esqueço que foi o actual primeiro-ministro, então ainda como líder camarário, quem trouxe a prova para a capital – a ele se deve a possibilidade de dizer que não há volta ao mundo na vela sem Lisboa", referiu.

Com Ian Walker ao leme, o barco de Abu Dhabi, vencedor da anterior edição, já escolhera águas lisboetas para sede da sua preparação. Sobre algumas das mudanças para esta edição, o responsável indicou: "A VOR vem para Lisboa com o seu 'Boat yard' e centro de treinos, algo que passa a ser como um 'stopover' de um ano, ou seja, a partir do próximo mês de Junho e até Outubro de 2017 teremos cá os barcos da prova em regatas. Ora, o coração e a alma da competição estão onde estiverem os barcos. Uma coisa é dizer que temos aqui a Fórmula 1 da vela – outra é referir que está cá a sua fábrica. Fernando Medina tem dado fortes contributos para reforçar a ligação e a ministra do Mar também é uma entusiasta da prova."

Obras realizadas nos antigos armazéns da Doca Pesca permitem este ano ampliar o espaço para os barcos, mantendo-se o que já era dedicado em tendas. "Numa segunda etapa queremos que exista uma equipa sob bandeira portuguesa, algo está em desenvolvimento através de conversações e talvez se consiga com um pouco de sorte", disse Amaral.

Sobre a ambiciosa meta de meio milhão de visitantes que não foi concretizada na anterior passagem, Amaral não desarmou: "A meta era ambiciosa porque é assim que eu sou e gosto de levar as pessoas a pensarem de modo semelhante. A divulgação foi algo tardia pelas vicissitudes que se viviam, mas é bom lembrar que não estão incluídas as milhares de pessoas que, margem fora, acompanharam as regatas."

E José Pedro Amaral sublinhou: "Contrariámos a ideia de que Portugal é um mercado pequeno e seria difícil convencer as empresas. Registámos presença massiva de empresas e empresários com uma rede de 'network' forte e intensa que permitiu ver negócios a acontecer. Além disso, criámos um 'business lounge' que deverá ser replicado pela própria Volvo em todas as passagens."

Quanto à hipótese de as obras anunciadas para a cidade poderem colidir com os próprios interesses da prova, o responsável argumenta: "Já vi políticos serem criticados por nada fazerem ou não cumprirem promessas; é a primeira vez que vejo algum ser criticado por fazer muitas obras.
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 Cada cidade ou território tem uma dimensão que ultrapassa as obras num certo local e as pessoas que aí vivem têm muito a beneficiar com a criação de melhores condições de vida. Ter mais trânsito ou os barcos em espera um pouco mais? Parto do princípio que é para o bem de todos, portanto, tudo se coordena."

Sem falar de investimento por não saber ainda todas as características do 'stopover', Amaral quer manter "o lado pragmático da ligação empresarial e económica" sem esquecer "a componente familiar". Em contactos com "empresas que já estiveram e outras que pretendem estar", o responsável diz que será "uma edição menos festivaleira", embora acentue a ideia de "vela mais democratizada".

Ao mesmo tempo lembrou a "ligação umbilical do país ao mar numa relação cada vez mais intensa porque o Atlântico não é apenas um amontoado de água onde nos banhamos no Verão – é um vasto espaço de oportunidade", considera. E acrescenta: "Juntam-se à volta destes projectos uma comunidade dinâmica com clubes e pessoas que fazem acontecer coisas pelo lado da náutica e das novas ciências, mas também das energias vindas de águas profundas.

Tomámos consciência do ouro que temos ao lado e estamos a aproveitá-lo. No futuro gostaria de ter um pavilhão associado a actividades como a pesca e à extensão da plataforma continental portuguesa. Não é apenas a lembrança das Descobertas que nos surge com a VOR – é uma forma de reaproveitar o espaço atlântico para a economia com ligações a África, Brasil e Estados Unidos e tirar partido das reinterpretações de uma indústria portuguesa que encontrou formas de modernização e de fazer melhor como a pesqueira."

* É tudo bom, o espectáculo da prova com muito público, o prestígio para o país e o negócio.



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