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BPI. Isabel dos Santos
ganha mais que espanhóis
O BPI tem que reduzir a exposição ao mercado angolano. A ordem vem de Frankfurt. Os acionistas Isabel dos Santos e Caixabank não se entendem. Os espanhóis são quem mais perde: têm 44,4% do banco
Isabel dos Santos é quem mais ganha no “braço de ferro” com os
espanhóis do Caixabank (La Caixa) pela solução para o BPI. A empresária
tem 18,6% do capital direto no banco e mais 2,28% via BIC.
Os espanhóis
têm 44,4% e quando for a hora de dividir as consequências da multa
milionária por não acatarem a recomendação do BCE/BdP relativamente à
exposição a ativos angolanos, o maior perdedor é o maior acionista. Até
10 de abril, o BPI terá de reduzir a participação de 50,1% que detém no
BFA angolano. O que aqui está em causa é o não reconhecimento da
supervisão africana por parte do BCE. As instituições financeiras
europeias com ativos naquela região são fortemente penalizadas. Aliás,
estima-se que a nova forma de contabilização dos ativos em Angola
aumentaria a exposição do BPI àquele país em 3700 milhões de euros.
A opção está a ser discutida há meses entre os dois principais
acionistas, sendo que o Caixabank rompeu as negociações na semana
passada. A Santoro, de Isabel dos Santos, mantém-se disponível para
voltar à mesa das negociações. O valor das ações caiu a pique, mas
analistas do Haitong e da CaixaBI acreditam que com o aproximar da data
limite imposta pelo BCE/BdP será encontrada uma solução, sob pena de
inviabilizarem o banco.
O tema banca voltou à ribalta com base na discussão sobre a
“espanholização” do sistema bancário nacional. A imposição da venda
rápida do Banif ao Santander, naquilo que alguns chamam de “fato à
medida”, redundou numa responsabilidade para o contribuinte da ordem dos
três mil milhões de euros.
Entretanto, com o capital angolano a ser considerado de “non grato”
pelo BCE, e com a intervenção do PM e do PR no sentido de resolver o
diferendo, enquanto aparecia um manifesto anti-espanholização do sistema
financeiro nacional, passou para a ordem do dia a discussão sobre a
bondade deste ou daquele capital. No sistema discute-se, entretanto, o
que será o futuro do setor, com eventuais consolidações. Num cenário em
que o BPI fique do lado do La Caixa, já que Isabel dos Santos ficaria a
controlar o angolano BFA, pergunta-se sobre a viabilidade do próprio
BPI, já que mais de metade dos seus resultados têm origem em Angola. O
La Caixa terá de fazer mais e tentar uma aquisição e/ou fusão com o Novo
Banco. Esta é uma hipótese.
Entretanto, os angolanos vão ter de se mexer a partir do BCP. Nuno
Amado, o CEO do BCP tenta conter a queda do título que se revela
difícil. A possível fusão de ações, com o objetivo de existirem menos
títulos no mercado e a possibilidade de um aumento de capital para
entrada de um novo acionista, está a penalizar as ações, tal como os
analistas antecipavam. Com o BCE a “torcer o nariz” a mais capital
angolano para o BCP, quem resta? O Sabadell que tem uma posição de longo
prazo e que sempre injetou dinheiro ao longo dos últimos sete anos? Ou
mais capital chinês? Estes querem estabilidade para entrar.
Fala-se na necessidade de ter centros de decisão nacionais e capital
nacional nos bancos. Mas onde estão os capitalistas e o capital? Os
últimos 30 anos provaram que os investidores portugueses na banca foram
sempre de curto prazo. Veja-se o caso do BCP, um banco que começou com
grande volume de capitais nacionais e que em agosto de 2007 valia 15 mil
milhões de euros e hoje vale dois mil milhões de euros. E, considerando
ainda os 5,3 mil milhões de euros que os acionistas injetaram desde
2008 para cá, a instituição consumiu cerca de 18 mil milhões de euros.
Os apelos nacionais continuam.
Ainda esta semana o presidente da CCIP,
Bruno Bobone, anunciava que iria desafiar os empresários a criarem um
banco de investimento de capitais nacionais alternativos à CGD.
* Verdadeiramente prejudicado é Portugal.
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