Startup quê?
Um investidor internacional com quem me
cruzei dizia que “as startups portuguesas precisam de mais ambição”. A
visibilidade cria falsas expectativas.
.
.
Temos startups nacionais a dar cartas lá
fora, o Web Summit vai acontecer em Lisboa e respira-se
empreendedorismo! Numa altura em que há muitos olhos postos em Portugal,
vai haver cada vez mais startups a estabelecer-se cá. Com a competição a
crescer, como será que podemos manter-nos na primeira liga?
.
.
Um investidor internacional com quem me
cruzei há pouco tempo dizia que “as startups portuguesas precisam de
mais ambição”. Não creio que seja o caso mas a verdade é que a
visibilidade que se tem dado ao empreendedorismo em Portugal cria, por
vezes, falsas expectativas. De repente parece que todos os negócios
podem ser “mascarados” de startup.
Pessoas diferentes têm definições
diferentes para startup mas há um denominador comum: o fator
crescimento. Do ponto de vista de um investidor, o mercado das startups é
atrativo pelo potencial de retorno, que é muito maior do que investindo
em produtos financeiros tradicionais.
Esquecemo-nos de que, no momento em que nos colocamos na corrida ao
investimento, estamos a criar a promessa de uma multiplicação de valor
considerável que podemos não querer (ou não conseguir) pagar. Daí que
este caminho faça sentido quando o potencial de negócio for claro.
Potencial de negócio significa clientes ou
utilizadores, logo mercados grandes são necessários para se ter sucesso.
Quer isto dizer que não chega ter-se uma equipa de sonho, uma
capacidade de execução brilhante e um modelo de negócio sólido. Esta é
uma das razões pelas quais a América, a China e outros mercados têm
maior propensão a ter sucesso, quando uma empresa surge para resolver um
problema de um destes mercados o potencial de escala é maior.
Queremos muito que sejam as empresas e os
negócios portugueses a tirar partido do imenso talento que há em
Portugal e não podemos condenar a nossa falta de ambição. Um ecossistema
mais competitivo vai mostrar-nos que os próximos tempos serão daqueles
que melhor souberem capitalizar esse talento com desafios interessantes.
.
.
Para isso temos de deixar de chamar startup aos lifestyle businesses que
não têm alto potencial de crescimento (não há problema absolutamente
nenhum nisso, nalguns destes casos isso resume-se a ter ambição na
medida certa. Não podemos é confundir isso com criar uma startup e o que
isso exige). E, com recursos cada vez mais limitados, temos de aprender
a não desperdiçar tanta energia a tentar procurar um problema para a
solução que encontrámos num mercado de 10 milhões de pessoas.
Cofundadora da startup portuguesa Talkdesk.
26/03/06
.
Sem comentários:
Enviar um comentário