Portugal sob pressão
A confiança nos Bancos Centrais e a credibilidade nas políticas
monetárias já não é a mesma. Percebeu-se que a “manipulação” dos
mercados financeiros através da injeção de dinheiro e programas de
Quantitive Easing não perdura infinitamente. A bolha monetária terá um
fim.
A economia mundial está sob pressão e Portugal, sendo dos países mais
frágeis financeiramente do Velho Continente, vê a sua situação
económica agravada. Perante uma dívida em percentagem do PIB de 130% (3ª
mais alta da Europa), Portugal não tem margem de manobra. A mínima
falha pode significar o 2º resgate por parte do FMI e medidas de
austeridade ainda mais severas do que aquelas que já assistimos. Num
clima pessimista a nível global, a melhor opção passa por jogar pelo
seguro e não entrar em loucuras no pressuposto de que a economia
portuguesa crescerá 1.80% em 2016.
Portugal está frágil e não há confiança no sistema financeiro (casos
BES e Banif), o que afasta potenciais investidores. Independentemente do
referido, o Estado Português necessita de se financiar. Como tal, o
IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública definiu esta
necessidade para 2016 em 7 mil ME líquidos, que serão obtidos através da
emissão de títulos de dívida pública. No entanto, as taxas de juro das
obrigações portuguesas a 10 anos passaram de 2.50% em fevereiro de 2015
para 3.50% hoje. Isto representa um maior custo de financiamento para
Portugal que, ano após ano, apresenta défice orçamental e
consequentemente mais necessidades de financiamento, levando a um
crescente endividamento.
A dívida portuguesa é a mais volátil perante o atual pânico de
mercado. E isto porquê? Porque as obrigações portuguesas apenas são
consideradas Investment Grade pela agência de rating DBRS, o que as
torna elegíveis como colateral para o BCE. Mas, perante a possibilidade
de recessão e com politicas anti austeridade, o risco de um downgrade é
superior.
IN "AÇORIANO ORIENTAL"
22/02/16
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