ESTA SEMANA NO
"OJE"
Lisboa tem regras urbanísticas rígidas
O turismo agradece
Uma grande parte da cidade está a ser renovada e tem regras urbanistas muito rígidas, afirmou Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, no evento do ICPT – International Club of Portugal.
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Os promotores imobiliários e o turismo agradecem, acrescentamos nós.
O investimento imobiliário na cidade de Lisboa está a concentrar-se
na reabilitação e está uma política que impede alterações significativas
na cidade, afirmou o edil de Lisboa, Fernando Medina. O tema é
principalmente relevante quando o turismo, que é um dos drivers da
reabilitação urbana a nível da habitação e da hotelaria, destacam, em
90% dos inquéritos, a “autenticidade”.
Depois vem a necessidade de alargar a oferta na área da cultura e há
elementos chave na cidade. Medina deu um exemplo de iniciativas de
antecipação e que espera darem resultado. No caso do Museu Nacional de
Arte Antiga, a edilidade está a proteger a zona envolvente para permitir
a eventual expansão do referido museu.
Mas o que vai fazer a edilidade de Lisboa em termos de grandes obras?
O alargamento da frente ribeirinha, as obras no eixo central, uma praça
em cada bairro, e a humanização da 2.ª Circular como via central.
Dentro desta estratégia, explicou Fernando Medina, no almoço-debate do
ICPT, esta estratégia necessita de ter um suporte a nível de transportes
públicos e daí o facto de este Governo e esta autarquia serem contra a
concessão integral dos transportes públicos de Lisboa. Medina diz que
não se trata de ideologia mas de devolver utentes, pois a Carris e o
metropolitano perderam 100 mil passageiros nos últimos quatro anos. E as
consequências desta situação levam a que, das duas uma, ou as pessoas
passem a andar mais de carro ou a mover-se menos, afirma Medina, para a
seguir frisar que “a recuperação da rede de transportes públicos é vital
para esta nova visão central de Lisboa”.
Coesão social e imobiliário
Depois vem a questão da coesão social e do imobiliário. Diz que esta
Lisboa moderna e de elevado rendimento coexiste com fenómenos de
exclusão social e que, se não forem tratados, a cidade “falhará na
estratégia de desenvolvimento”. Cerca de 25% da população de Lisboa tem
mais de 65 anos e a inclusão é crucial, algo que começa com a locomoção.
A questão coloca-se com a calçada portuguesa e os perigos de acidentes
com uma população envelhecida, diz o autarca. A cidade envelhece e é
preciso preparar a cidade para a demografia que tem. Aquele modelo de
calçada que está a ser substituído em alguns troços, visa reduzir o
potencial de acidentes.
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Sobre a mobilidade da cidade, diz que o nosso sistema “é inelegível,
está atrasadíssimo e é absurdamente caro. Um passe custa 7% do
rendimento médio do cidadão português. O sistema é disfuncional”, afirma
e dá o exemplo típico várias vezes discutido em Lisboa, Cascais e
Oeiras. Falava do caminho de ferro suburbano e onde as preocupações do
edil de Cascais era levar a população que vive mais a norte para a linha
férrea, enquanto Oeiras tinha a mesma preocupação; e Lisboa
preocupava-se em como levar os que chegam do sul e vão para norte, sendo
que 80% dos utilizadores do comboio que liga Lisboa a Cascais trabalha
do meio da Avenida da Liberdade até ao Campo Grande. O melhor meio que
se adequou foi a A5 e o IC19, e não as linhas férreas de transporte
pesado. Diz que esta é uma área onde os decisores políticos claramente
falharam.
Sobre a 2.ª Circular, diz que se criou um mito urbano de redução de
três para duas vias. Não haverá ciclovias, nem mais árvores. É um
projeto “bem mais conservador, mas vai aumentar a fluidez”. A velocidade
média atual é de 47 Km/hora.
A questão da coesão social é um processo de desenvolvimento que pode
aumentar a fratura do ponto de vista geracional, sendo que a área onde
se deve investir é matéria de política de habitação. Lisboa não tem tido
capacidade de captar mais pessoas, exceto em alguns segmentos. Aliás,
enquanto a Área Metropolitana de Lisboa atingiu quase três milhões de
habitantes, Lisboa deverá ter perdido 300 mil pessoas em 30 anos.
A edilidade de Lisboa tem vários projetos em andamento, sendo que a
ideia de um sistema de rendas acessíveis para acolher famílias que se
possam manter no mercado de arrendamento tem vindo a ganhar força.
Fernando Medina, que, no evento do ICPT, tinha na assistência o
ex-autarca da Invicta, Rui Rio, disse que Lisboa e Porto resolveram bem o
problema que existia com a população de menores recursos via projetos
de habitação social.
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Mas hoje a necessidade está na chamada habitação de
custos controlados. Serão necessárias rendas de 300 euros, que estão um
pouco acima do salário médio de Lisboa. Medina questionou sobre a
existência dessa oferta de rendas até 300 euros em Lisboa e respondeu
afirmando que sabem que não existe. Diz que o Estado se afastou das
políticas públicas de rendas e, por isso, tem por objetivo ter no
mercado até 5 mil frações de rendas controladas até final do mandato.
* Lisboa é uma das mais bonitas capitais do mundo, tudo o que se fizer p'ra bem dela será bem vindo.
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