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"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
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Primeiro bebé proveta português
. reencontra médico que o "criou"
. reencontra médico que o "criou"
Prestes a completar 30 anos e a meses de ser pai, Carlos Saleiro não via o médico António Pereira Coelho há mais de 20 anos
O
primeiro "bebé-proveta" português e o médico que há 30 anos o fez
nascer por Fertilização In Vitro (FIV) reencontraram-se após mais de 20
anos sem se verem, um momento marcado pela emoção e conversa sobre
futebol.
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"Estás tão grande",
afirmou o médico António Pereira Coelho, abraçando Carlos Saleiro, nas
instalações do Hospital Santa Maria, em Lisboa, onde a 25 de fevereiro
de 1986 a medicina portuguesa inscrevia na sua história o nascimento do
primeiro bebé através de uma FIV.
Prestes
a completar 30 anos e a meses de ser pai, Carlos Saleiro deixou de ver o
médico quando tinha apenas seis anos. No início deste mês,
reencontraram-se.
"Voltei a reencontrar
uma pessoa muito importante na minha vida", disse à Lusa o futebolista,
que cresceu consciente da espetacularidade do seu nascimento através de
um procedimento que hoje em dia considera "normal".
"A minha mãe e o meu pai foram uns guerreiros, lutaram para ter um filho e conseguiram", contou, orgulhoso.
Neste
reencontro com António Pereira Coelho, Carlos Saleiro fez-se acompanhar
da mãe, Alda, que confessou que há muito queria abraçar o médico que há
30 anos conseguiu dar-lhe um filho, pelo qual esperou durante anos.
O
médico aproveitou para recordar algumas das características de Alda,
como a sua determinação e exuberância, que a terão ajudado a conseguir
ser a primeira mulher a ter um bebé FIV em Portugal.
"Eu
sabia que ia ser a primeira", afirmou, orgulhosa de ter passado por
este processo. Por seu lado, Pereira Coelho recordou uma outra vertente
desta mãe, a teimosia e persistência.
"A
Alda disse-me que tinha tido uma rutura de bolsa, mas que antes [do
parto] tinha de ir ao cabeleireiro. É mesmo à Alda, determinada e segura
de si", disse.
Milhares de crianças já
nasceram em Portugal através da FIV, mas há 30 anos tudo era novidade. A
fotografia de Carlos Saleiro ocupou as primeiras páginas dos jornais,
abrindo um capítulo de esperança para os casais inférteis e promovendo
também um debate ético que ainda hoje persiste.
Depois
do seu nascimento, Carlos Saleiro manteve-se longe dos holofotes,
exceto por motivos profissionais, uma vez que é jogador profissional de
futebol, agora no Clube Oriental de Lisboa.
Mas aos 18 anos isso mudou: "A partir daí achei que tinha chegado a altura de falar", disse.
Carlos contou como cresceu habituado a ver a sua cara em bebé nos recortes de jornais e o seu nascimento numa reportagem da RTP.
"Normalmente
por onde passo é tema de conversa, mas é um, dois dias, depois passa.
Às vezes há umas brincadeiras, que eu aceito, pois não são de mau tom".
António
Pereira Coelho congratula-se com o facto de a espetacularidade do
nascimento de Carlos não ter tido consequências negativas no seu
crescimento.
"O Carlos corresponde
àquilo que eu desejava que ele fosse e o que ele prometeu ser em
determinada altura. Tenho muito orgulho pela maneira como ele tem estado
na vida", afirmou o médico.
E
acrescenta: "Ele é fantástico, mas tem uma mãe fantástica. Gostava que
ele tivesse bem a noção do comportamento, da determinação, da coragem da
mãe. Não encontrei muita gente com a personalidade da Alda".
A
primeira mulher em Portugal a dar à luz uma criança concebida através
da FIV diz ter hoje a família que sempre desejou e reconhece que deve à
ciência a concretização do sonho de ser mãe.
Neste
reencontro marcado pela emoção, António Pereira Coelho, Alda e Carlos
Saleiro só não concordaram num tema: o primeiro torce pelo Benfica e os
outros preferem o Sporting.
* Uma bela história de amor.
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