HOJE NO
"OBSERVADOR"
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PSD castiga deputados da Madeira
por aprovarem retificativo
Os deputados do PSD eleitos pelo círculo da Madeira vão ser alvo de
um processo disciplinar por furarem a disciplina de voto e aprovarem o
orçamento retificativo que permitia a operação do Banif e perdem os
pelouros de coordenação. Paula Teixeira da Cruz também será alvo de um
processo disciplinar por votar com a esquerda para revogar as alterações
à lei da interrupção voluntária da gravidez.
O voto a favor do
orçamento retificativo que dava autorização ao Estado para injetar 2255
milhões de euros na solução encontrada para o Banif pelos deputados do
PSD eleitos pelo círculo da Madeira está a gerar tensão dentro do
partido.
Sara Madruga da Costa |
Miguel Albuquerque, líder da região autónoma da Madeira, tinha
afirmado publicamente que as orientações dadas aos deputados eleitos
pelo círculo da Madeira era para viabilizarem o orçamento, votando a
favor ou abstendo-se, porque a solução defendia os depósitos e os postos
de trabalho na região, onde o banco tinha uma forte presença.
No
entanto, segundo apurou o Observador, os deputados receberam orientações
do governo regional no dia da votação para votarem a favor do
orçamento, furando a disciplina de voto imposta pelo grupo parlamentar,
que também decidiu a sua posição apenas no dia da votação.
O
plenário foi mesmo interrompido antes da votação para que o PSD se
reunisse e acertasse agulhas sobre a sua posição. Na reunião, os líderes
da bancada e do partido foram informados do sentido de voto dos
deputados, e as críticas sucederam-se, chegando a haver acusações de
“jardinismo”, em alusão à ex-liderança de Alberto João Jardim, da parte
de deputados do PSD contra os deputados eleitos pela Madeira, como
noticiou em dezembro o Diário de Notícias da Madeira.
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Paulo Neves |
Após a
reunião de meia hora, que foi pedida para que Passos Coelho explicasse
aos deputados o sentido de voto do partido no orçamento retificativo – a
abstenção que permitiu à aprovação do retificativo, já que PCP, Bloco
de Esquerda, Verdes, PAN e até o CDS-PP votaram contra – os deputados
voltaram para o plenário para votar o orçamento.
Os deputados
eleitos pelo círculo da Madeira – Sara Madruga da Costa, Rubina Berardo e
Paulo Neves – votaram a favor, mas como não se levantaram para o fazer,
houve alguma confusão na sala quanto ao seu sentido de voto. Durante
esse período de confusão, os deputados ainda foram pressionados a mudar a
sua votação para coincidir com a votação do partido, mas tal não
aconteceu.
O assunto seria abordado novamente durante a reunião
desta quinta-feira da bancada parlamentar na sala do Senado. A liderança
da bancada lamentou perante todos os deputados presentes que os três
deputados não se tivessem demitido antes dos cargos que desempenham,
retirando a dois deles – Rubina Berardo e Paulo Neves – a
vice-coordenação nas comissões de Assuntos Europeus e de Negócios
Estrangeiros, respetivamente, mas Sara Madruga da Costa é
vice-presidente da direção da bancada parlamentar do PSD, cargo do qual
não se demitiu e do qual não pode ser exonerada, porque foi eleita pelo
grupo parlamentar.
Os deputados foram informados durante a reunião
desta quinta-feira que seriam alvo de um processo disciplinar e da
perda de pelouros, numa reunião onde houve novamente tensão entre os
deputados eleitos pela Madeira e a direção do grupo parlamentar.
Caso não é novo
Não é a primeira vez que os deputados do PSD eleitos pelo círculo da
Madeira furam o sentido de voto do partido e são alvo de um processo
disciplinar. Na votação final global da proposta de Orçamento do Estado
para 2015, em novembro de 2014, os deputados votaram contra a proposta
do Governo, na altura PSD/CDS-PP, e foram castigados por isso.
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No
entanto, os deputados eram outros. Hugo Velosa, Guilherme Silva,
Francisco Gomes e Correia de Jesus votaram contra, com Guilherme Silva a
dizer que o fizeram porque houve uma quebra de compromissos assumidos
da parte do Governo. Guilherme Silva recusou também demitir-se da
vice-presidência da Assembleia da República.
A liderança na
Madeira era também outra, a de Alberto João Jardim, com quem o líder do
Partido, Passos Coelho, não tinha uma relação pacífica. Agora na
liderança do governo regional da Madeira e do PSD-Madeira está Miguel
Albuquerque, adversário de Alberto João Jardim, e os deputados no
continente foram também opositores da corrente da Jardim no PSD Madeira,
mas o resultado está a ser semelhante.
O processo aos
ex-deputados do PSD eleitos pelo círculo da Madeira foi anulado pelo
Tribunal Constitucional, ao qual recorreram, devido a questões
processuais.
Questionada, fonte parlamentar do PSD disse apenas
que o grupo parlamentar “não instaura processos disciplinares a
deputados” e que o que dizem os estatutos é que há “uma participação
automática à comissão política do partido, sempre que há violação da
disciplina de voto.
Paula Teixeira da Cruz também alvo de processo disciplinar
Paula Teixeira da Cruz, ex-ministra da Justiça e atual deputada do
PSD, também será alvo de um processo disciplinar por ter votado contra o
sentido de voto do partido na proposta da esquerda parlamentar para
revogar recentes mudanças na lei da interrupção voluntária da gravidez.
A
deputada, em declarações à Lusa, disse na altura da votação que assumia
a sua liberdade ao quebrar a disciplina de voto e que iria arcar com as
responsabilidades de quebrar o sentido de voto.
Paula Teixeira da
Cruz votou a favor dos projetos de lei apresentados por PS, BE, PCP e
PEV para revogar as alterações à lei da interrupção voluntária da
gravidez (IVG) aprovadas na anterior legislatura por PSD e CDS-PP,
divergindo assim do sentido de voto contra estabelecido pela sua
bancada.
* Caça às bruxas.
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