HOJE NO
"PÚBLICO"
Nova raça de cães portuguesa
prestes a ser reconhecida
Era conhecido como “felpudo” ou “abandeirado”. Agora, é o cão do barrocal algarvio e o processo de reconhecimento salvou-o da extinção. Para ser oficial, só falta que a aprovação da Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária.
O estalão do cão do barrocal algarvio já foi aprovado pelo Clube
Português de Canicultura (CPC). Agora só falta o reconhecimento por
parte da Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) para que
exista oficialmente uma nova raça portuguesa, a juntar às dez já
existentes, como o cão da serra da Estrela ou o podengo português.
Apesar de a raça não ter surgido recentemente, só há uns anos é que
Rogério Teixeira, presidente da Associação de Criadores do Cão do
Barrocal Algarvio, reparou que se poderia tratar de uma raça diferente e
decidiu “pôr mãos à obra”.
ESTE VÍDEO É DE 2014
Ainda que seja necessária a avaliação da DGAV, Filomena Afonso, chefe de divisão do Gabinete de Recursos Genéticos Animais
desta direcção-geral, refere que a proposta para esta nova raça está
“bem orientada para obter despacho favorável e ser aprovada, tendo em
consideração o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido".
Recentemente
aprovado, o estalão corresponde às características comuns a todos os
cães de uma mesma raça, como a dimensão ou a forma da cauda. Foi
elaborado pela comissão técnica do Clube Português de Canicultura,
através de apreciações morfológicas, como as medidas do animal.
De
acordo com este registo, o cão tem uma corpulência média, pêlo liso e
uma cauda “como a dos lacraus, muito peluda e em forma de bandeira”,
exemplifica Rogério. Os machos podem atingir os 58 centímetros e 25
quilogramas e as cadelas podem ter até 55 centímetros e 20 quilogramas.
Rogério Teixeira refere que o cão é sobretudo de caça, mas também pode
ser de companhia.
Filomena Afonso explica que o projecto do
estalão “foi ratificado na última assembleia geral do CPC”, a 8 de
Dezembro de 2015. A DGAV é a autoridade responsável pelo reconhecimento e
preservação de todas as raças autóctones portuguesas.
O
procedimento que falta para que o processo esteja terminado corresponde a
um pedido que tem de ser feito pelo CPC junto da Direcção Regional de
Alimentação e Veterinária e que até já “poderá ter dado entrada na sede
da DGAV recentemente”, explica Filomena Afonso, adiantando que, se for o caso, o seu gabinete ainda não tem disso conhecimento.
Salvo da extinção
“O
reconhecimento enquanto raça autóctone vem enriquecer o nosso
património genético vivo, também símbolo da nossa cultura”, considera a
responsável da DGAV. Rogério Teixeira é da mesma opinião e acredita que o
reconhecimento “é importante de uma perspectiva cultural”. “É um
património que deve ser conhecido e a verdade é que salvámos uma espécie
que se encontrava perto da extinção”, observa.
O
presidente da Associação de Criadores do Cão do Barrocal Algarvio conta
que quando começaram o processo só existiam cerca de 20 ou 30 cães desta
raça. Hoje, “presume-se que haja mais de 1500 exemplares, afirma
Filomena Afonso.
O presidente da associação desta futura raça
adianta que existem “sete ou oito criadores destes cães” e que nunca
venderam nenhum exemplar. Porém, já ofereceram alguns cães desta raça a
pessoas de vários pontos do país, com o objectivo de divulgar a espécie.
Como
o cão era conhecido como “guedelhudo, abandeirado, fraldado, felpudo”,
Rogério Teixeira conta que, numa primeira reunião da associação, foi
considerado que o nome “barrocal algarvio” era o que melhor
caracterizava a raça, “em grande parte porque o cão habita esta zona
entre a serra e o litoral”, nomeadamente entre São Brás de Alportel e a
cidade de Faro.
Apesar de a sua classificação só necessitar do
parecer da Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária, Filomena Afonso
refere que “não é possível estabelecer uma data” para a sua conclusão,
que Rogério Teixeira espera “não demorar muito”.
Contudo, o
processo já vem de longe: “Há uns 15 anos que andamos de volta desta
questão”, afirma o presidente da associação de criadores, acrescentando
que os primeiros passos foram dados através da criação da associação e
de um website. “Na altura, caiu mal a muita gente, diziam que não poderia haver uma nova raça”, conta.
A restante família lusa
Até
ao momento, existem dez raças portuguesas reconhecidas pelo CPC, se bem
que só oito são reconhecidas internacionalmente pela FCI (Federação
Cinológica Internacional). Essas oito são: cão da serra de Aires, cão da
serra da Estrela, cão de fila de São Miguel, cão de Castro Laboreiro,
rafeiro do Alentejo, podengo português, cão-d’água português e
perdigueiro português.
As duas reconhecidas a nível nacional mas não
internacional são o barbado da Terceira e o cão de gado transmontano. De
acordo com Filomena Afonso, estas duas raças foram as últimas a ser
reconhecidas, em 2005, pela então Direcção-Geral de Veterinária (DGV).
* Um belíssimo cão cuja existência desconhecíamos, não somos experts.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário