HOJE NO
"OBSERVADOR"
Operação Marquês:
Relação de Lisboa
rejeitou recurso de Sócrates
O Tribunal da Relação de Lisboa rejeitou um recurso de José Sócrates,
que remonta ao período de prisão preventiva, mas o acórdão em “nada
interfere” na atual situação do arguido, disse hoje à Lusa fonte
judicial.
.
Segundo a mesma fonte, o Tribunal da Relação de Lisboa
(TRL) decidiu, na terça-feira, julgar improcedente o recurso do
ex-primeiro-ministro José Sócrates, que contestava a sua manutenção em
prisão preventiva, depois de, em junho passado, ter recusado ficar em
prisão domiciliária mediante a utilização de pulseira eletrónica.
O acórdão do TRL, decidido pelos desembargadores Simões de
Carvalho (relator) e Margarida Bacelar, validou, assim, a decisão então
tomada pelo juiz Carlos Alexandre, do Tribunal Central de Instrução
Criminal (TCIC), de manter o ex-líder do PS em prisão preventiva, após a
recusa deste em usar a pulseira eletrónica, na obrigação de permanência
na residência.
O ex-primeiro-ministro foi detido a 21 de novembro
de 2014, no aeroporto de Lisboa, indiciado pelos crimes de fraude
fiscal qualificada, branqueamento de capitais e corrupção passiva para
ato ilícito, e esteve preso preventivamente no Estabelecimento Prisional
de Évora mais de nove meses, tendo esta medida de coação sido alterada
para prisão domiciliária, com vigilância policial, a 04 de setembro.
José
Sócrates, que reclama estar inocente, foi libertado a 16 de outubro,
estando contudo proibido de se ausentar de Portugal e de contactar com
outros arguidos do processo da “Operação Marquês”, assim como com
administradores, gerentes ou outros colaboradores de sociedades da
esfera jurídica do arguido Carlos Santos Silva, do Grupo Vale do Lobo,
Lena ou Caixa Geral de Depósitos (CGD).
Também Armando Vara,
antigo administrador da CGD, e a filha Bárbara Vara são arguidos no
processo “Operação Marquês”, estando o ex-ministro socialista a ser
investigado por alegadas ligações ao empreendimento turístico de Vale de
Lobo (Algarve).
Além de Sócrates e de Armando e Bárbara Vara, são
apontados como arguidos, no mesmo processo, Carlos Santos Silva,
empresário e amigo do ex-primeiro-ministro, Joaquim Barroca, empresário
do grupo Lena, João Perna, antigo motorista do ex-líder do PS, Paulo
Lalanda de Castro, do grupo Octapharma, Inês do Rosário (mulher de
Carlos Santos Silva), o advogado Gonçalo Trindade Ferreira e os
empresários Diogo Gaspar Ferreira e Rui Mão de Ferro.
Os
investigadores pretendem também ouvir e constituir arguido o empresário
Helder Bataglia, ligado ao empreendimento turístico de Vale de Lobo
(Algarve), que supostamente se encontra em Angola.
Caso BES.
Relação de Lisboa considera
legal prisão domiciliária de Salgado
Ricardo Salgado queria que o Tribunal da Relação de
Lisboa declarasse que a sua prisão domiciliária tinha contrariado a lei
mas os desembargadores não lhe fizeram a vontade.
Segundo a TVI, o coletivo que julgou improcedente o recurso apresentado pela equipa liderada pelo advogado Francisco Proença de Carvalho considera
que os indícios que foram recolhidos pelo Ministério Público eram
suficientemente fortes para a medida de coação que foi aplicada pelo Tribunal Central de Instrução Criminal.
.
Esta decisão agora conhecida da Relação de Lisboa não terá, contudo, qualquer efeito prático. Isto porque o juiz Carlos Alexandre,
titular dos autos do caso BES no Tribunal Central de Instrução
Criminal, já tinha decidido em outubro libertar Ricardo Salgado de
prisão domiciliária desde que fosse efetuado um depósito de três milhões
de euros.
A Procuradoria-Geral da República
(PGR) informou mais tarde, a 5 de novembro, de que Alexandre tinha
decidido reduzir o valor da caução para metade: 1,5 milhões de euros. Na
origem da decisão estarão dificuldades económicas alegadas por Salgado
para pagar o valor inicialmente decretado.
Segundo a PGR, o ex-líder do BES já tinha sido notificado da decisão para depositar esse novo montante mas, ao que o Observador apurou, isso ainda não aconteceu. Enquanto o juiz Carlos Alexandre não receber a indicação de que o valor foi depositado, a libertação de Salgado não será efetiva.
Ainda
de acordo com o comunicado da PGR, Salgado foi notificado na mesma
altura de que tinha sido igualmente reduzida de três para 1,5 milhões de
euros outra caução depositada à ordem de um segundo processo onde foi
constituído arguido por fraude fiscal qualificada e branqueamento de
capitais: a Operação Monte Branco.
Recorde-se que
o ex-líder do BES e do Grupo Espírito Santo (GES) foi interrogado no
dia 20 de julho no âmbito do caso BES, tendo sido constituído arguido
por diversos crimes, como falsificação de documento, falsificação
informática e burla qualificada, entre outros. Saiu em liberdade nesse
dia mas voltaria a ser ouvido quatro dias depois, tendo conhecido a
decisão do juiz Carlos Alexandre de impor-lhe a medida de coação de
obrigação de permanência na habitação (vulgo prisão domiciliária) com
vigilância policial. O magistrado baseou a sua decisão no perigo de fuga e perigo de perturbação de inquérito e de destruição de prova.
A
PGR informou a 24 de julho que os inquéritos ao caso BES já tinham,
além de Ricardo Salgado, mais cinco arguidos, tendo sido abertas cinco
investigações que, além dos crimes que são imputados a Salgado,
investigam corrupção no setor privado, branqueamento de capitais, abuso
de confiança, fraude fiscal e branqueamento de capitais.
Um
desses inquéritos está relacionado apenas com as queixas dos clientes do
BES e de aforradores que investiram em papel comercial de empresas do
GES, tendo apensos, à data do comunicado da PGR, 73 inquéritos pendentes
em diferentes comarcas.
* Socrates e Salgado são pares do mesmo ofício, a vigarice!
.
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