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"OBSERVADOR"
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MP investiga “prejuízo muito superior” aos 897 milhões investidos na RioForte
O Ministério Público está a investigar novo crime e vários negócios do grupo Portugal Telecom. Negócios com a Telefónica e com a Oi sob suspeita.
O Ministério Público (MP) está a investigar vários negócios do grupo
Portugal Telecom no chamado caso PT. O escrutínio das aplicações
financeiras de 897 milhões de euros realizadas em papel comercial da
RioForte (Grupo Espírito Santo) deixou de ser o único alvo da
investigação.
No acórdão da Relação da Lisboa relacionado
com as gravações secretas dos ex-homens fortes da PT, datado de 11 de
Junho e revelado pelo Observador esta sexta-feira, o MP assume que as
investigações alargaram-se a outros negócios.
Primeiro porque refere, pela primeira, vez novos crimes além
daqueles que já foram divulgados pela Procuradoria-Geral da República
(PGR). A 6 de Janeiro, aquando das buscas realizadas às sedes da PT e da
PricewaterhouseCoopers, o órgão que lidera o MP tinha assumido que
estavam apenas em causa “suspeitas de participação económica em negócio e
burla qualificada, investigando-se aplicações financeiras realizadas
pela empresa”.
.
Isto é, entendia que existiam suspeitas de que a PT teria
sido enganada de forma dolosa no caso do investimento na RioForte e de
que diversos gestores da empresa de telecomunicações teria abusado dos
poderes inerentes ao cargo que exerciam com o objetivo de promover o
lucro para si ou para terceiros.
No acórdão da Relação de
Lisboa, o DCIAP assume que está investigar “indícios da prática de
factos suscetíveis de configurar, em abstrato, entre outros e sem
prejuízo do que o desenvolvimento do inquérito vier a determinar, crimes
de infidelidade, de burla qualificada, e/ou de participação económica
em negócio”.
A junção do crime de infidelidade não é por acaso.
Regra geral trata-se de um crime que é aplicado a administradores que
têm como responsabilidade gerir o património de determinada sociedade
comercial. Isto é, o MP suspeita que diversos ex-titulares de
órgãos de gestão da PT terão causado, segundo a descrição do crime no
Código Penal, “intencionalmente, e com grave violação dos deveres que
lhe incumbem, prejuízo patrimonial importante” à principal empresa de
telecomunicações em Portugal.
Mais: o Ministério Público assume também perante os desembargadores da Relação de Lisboa, o seguinte:
O prejuízo causado com a prática dos factos susceptíveis de integrar tais crimes estima-se em valor muito superior aos 897.000.000 euros investidos pela PT no grupo GES/BES e nunca devolvidos, atenta a situação dificil situação financeira em que ficou o grupo PT”.
Conjugando
estes fatores (um novo crime e um prejuízo “muito superior aos 897
milhões de euros” investidos pela PT no GES remete para outros casos da
gestão da PT), com outras notícias entretanto publicadas, chegamos
facilmente à conclusão que o MP está a investigar mais negócios do grupo
PT.
Venda da Vivo à Telefónica e negócio da PT com a Oi sob suspeita
Num segundo comunicado, emitido a 21 de julho na sequência de uma
notícia do jornal Público, a própria PGR deixou de resumir o caso PT em
investigação ao investimento realizado na RioForte para passar a falar
no plural na existência de “investigações em curso relacionadas com a
PT, as quais se encontram em segredo de justiça. No âmbito destas
investigações, e de outras que venham a revelar-se pertinentes, o MP não
deixa de investigar todos os factos com relevância criminal que cheguem
ao seu conhecimento”, lê-se no comunicado da PGR de 21 de Julho.
O jornal Público tinha noticiado na manhã desse dia que o
MP estava a investigar dois negócios fulcrais do passado recente da PT:
a venda à empresa espanhola Telefónica das acções da telecom portuguesa
na sociedade brasileira Vivo no valor de 7,5 mil milhões de euros e as
participações cruzadas que resultaram na entrada da PT na concorrente Oi
e na compra por parte desta de 10% do capital social da sua parceira
portuguesa.
Segundo as informações publicadas por aquele
diário, existiam suspeitas no pagamento de comissões no valor total
superior a 200 milhões de euros, sendo que José Dirceu, ex-braço direito
do Presidente brasileiro Lula da Silva, preso por causa do caso
Mensalão e igualmente atingindo pelo recente caso Lava Jato, seria um
dos principais intervenientes. Confrontada com todas estas
informações, fonte oficial da PGR respondeu de forma elucidativa: “As
investigações relacionadas com os temas abordados (…) encontram-se em
segredo de justiça.” Um caso para acompanhar.
* O problema do MP vai ser quando verificar que Zeinal Bava "perdeu" efectivamente a memória.
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