A dupla morte de Marx
O pânico instalou-se entre todos aqueles – que não são poucos, e bem crescidinhos – que são viciados. A razão? Obesidade? Os dentes irremediavelmente negligenciados de que o ex-Hollande falava no leito?
Os ditirambos esquerdistas são variados e, apesar do reumático –
afinal, a coisa já é mais velha que a Revolução Russa –, continuam a
apelar, com índices de eficácia apenas comparáveis aos de uma novela
venezuelana, ao contágio emocional das massas.
Recentemente foi a vez de Ségolène Royal, ministra socialista com a
pasta da Ecologia que, no estilo alarmista, próprio das esquerdas,
anunciou que devemos parar de comer Nutella.
O pânico instalou-se entre todos aqueles – que não são poucos, e bem
crescidinhos – que são viciados. A razão? Obesidade? Os dentes
irremediavelmente negligenciados de que o ex-Hollande falava no leito?
Não. Pasmem: óleo de palma! Parece
que um dos ingredientes fundamentais para a produção do famoso creme de
avelãs é mauzote para o ambiente. Assim, o homem, para manter o
colesterol em níveis próximos do populismo socialista, derruba milhares
de hectares de floresta virgem todos os anos.
Estas são as grandes causas da esquerda moderna – Marx bem pode voltar a morrer de vergonha.
A cegueira da causa ecologista radical permite este tipo de
afirmações com a mesma leveza de quem ignora o rótulo nutricional de uma
embalagem de Nutella.
Eu explico: a produção de óleo de palma coloca problemas
consideravelmente mais graves em termos de exploração laboral de
crianças e de abusos aos direitos humanos, vergonhosamente atropelados e
esquecidos em prol da causa ecológica.
Devemos colocar as questões ambientais em posição de destaque, mas se
não somos capazes de acorrer em primeira instância aos direitos humanos
é porque somos uma sociedade doente que merece os diabetes devidos por
toda a quantidade de Nutella que consumimos.
(P.S.: A ministra francesa acabou por pedir desculpa publicamente.)
IN "I"
23/06/15
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