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BES. Banco de Portugal acusou
15 gestores de gestão ruinosa
e falsas informações
O supervisor tem provas documentais de que Salgado ordenou que a contabilidade da ESI fosse alterada.
O Banco de Portugal acusou 15 gestores do BES de
gestão ruinosa e falsas informações com dolo, noticia hoje o Expresso,
que adianta que o supervisor tem provas documentais de que Ricardo
Salgado ordenou que a contabilidade da ESI fosse alterada.
.
Segundo o semanário, este é o primeiro processo concluído dos vários
abertos pelo Banco de Portugal (BdP). O objectivo, neste caso, era
"perceber de que forma a colocação de papel comercial da ESI [Espirito
Santo Internacional] e da Rioforte junto de clientes entre Dezembro de
2011 e Dezembro de 2013 teria prejudicado o BES em termos materiais ou
reputacionais".
De acordo com o Expresso, Ricardo Salgado enfrenta acusações de
prática de actos dolosos de gestão ruinosa. Acrescenta ainda o semanário
que o supervisor tem provas documentais de que Salgado ordenou que a
contabilidade da ESI fosse alterada, o que, neste caso, "mostra que
Salgado, por exemplo, terá mentido na comissão parlamentar de
inquérito".
Estas práticas "terão lesado depositantes, investidores e demais credores", segundo as acusações do BdP citadas pelo semanário.
Indiciados pelo mesmo ilícito, segundo o Expresso, estão José Manuel
Espírito Santo, Manuel Fernando Espírito Santo e Ricardo Abecassis.
Todos desempenhavam à altura dos acontecimentos funções de administração
no Banco Espírito Santo ou nas holdings do grupo familiar e são
formalmente acusados de terem participado, ou tomado conhecimento, de
falsificação da contabilidade da ESI e, mesmo assim, permitirem que os
títulos de dívida das sociedades fossem colocados junto de clientes em
montantes muito significativos.
As acusações do BdP a 15 ex-administradores do BES, ao BES, à ESFG
(Espírito Santo Financial Group) e à ESAF (sociedade gestora do grupo)
incluem, entre outras, a prática de actos de gestão ruinosa em
detrimento dos depositantes, investidores e demais credores, por
falsificação da contabilidade da ESI, violação de regras sobre conflito
de interesses a título doloso na colocação junto de clientes do BES de
papel comercial da ESI, prestação a título doloso de falsas informações e
a não adopção de um sistema de gestão de riscos compatível na colocação
dos títulos de dívida da ESI junto de clientes do BES.
As coimas a aplicar podem ir até aos cinco milhões de euros, no caso
das instituições, e até aos dois milhões, no caso de pessoas singulares.
Se acumularem condenações, o cúmulo jurídico vai até ao dobro da pena,
escreve o Expresso.
Quanto às inibições de exercício de actividade podem ir, no máximo,
até 10 anos no caso de ato doloso para as acusações de que são alvo
Ricardo Salgado, José Manuel Espirito Santo, Manuel Fernando Espírito
Santo e Ricardo Abecassis.
O BdP já terá notificado todos os acusados, que depois de notificados têm 30 dias para poderem contestar.
A Associação dos Indignados e Enganados do Papel Comercial do Grupo
Espírito Santo (GES) vai hoje manifestar-se em Sintra, onde decorre o
segundo fórum mundial do Banco Central Europeu (BCE).
Também hoje, pelas 15:00, haverá uma assembleia-geral da associação
num hotel em Sintra e, pelas 20:00, haverá um cordão humano formado
novamente no Penha Longa Hotel, onde decorre o segundo fórum mundial do
BCE.
O Diário Económico noticiou recentemente que o BCE exige ter uma
palavra final em qualquer solução que venha a ser encontrada para os
clientes que investiram em papel comercial do GES, enviando um email ao
BdP e "não aceitando que o Novo Banco compense os investidores, dado que
tal poria em causa a hierarquia de credores prevista nas regras
europeias da resolução bancária".
São cerca de 2.500 os clientes do Novo Banco com papel comercial do GES, no montante total de 527 milhões de euros.
* Todos estes 15 gestores são gente muito séria, entre eles, claro.
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