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Almeida Rodrigues.
“A estrela é a PJ e não
o seu director nacional”
Nomeado pela primeira vez pelo governo de Sócrates, foi esta semana pela segunda vez reconduzido por Passos.
Faz este sábado sete anos que Almeida Rodrigues
conduz o destino da Polícia Judiciária (PJ). Nomeado em 2008 pelo
ministro Alberto Costa, num governo de José Sócrates, foi depois
reconduzido, já por duas vezes, pelo executivo social-democrata. O
último despacho de recondução, assinado por Paula Teixeira da Cruz e
Pedro Passos Coelho na passada semana, destaca a sua “reconhecida
competência técnica” e a “aptidão e experiência profissional adequadas
ao exercício das respectivas funções”.
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Em declarações exclusivas ao i, Almeida Rodrigues diz pretender que a PJ
“continue a ser uma das instituições de referência” no país e que
“prossiga o seu trabalho com a seriedade, a isenção e a eficácia a que
os portugueses e os parceiros internacionais se habituaram”.
“No meu discurso de tomada de posse, há sete anos, disse que sendo fiel
ao princípio res non verba procuraria que os meus actos suplantassem as
palavras. Entendo, convictamente, que a estrela é a PJ e não o seu
director nacional”, afirma ao i o director-nacional, acrescentando que
aquele órgão de polícia criminal “justifica o orçamento pela qualidade
do trabalho que desenvolve e pelo seu contributo para a realização da
justiça, para a salvaguarda do estado de direito e para que Portugal
continue a ser um dos países mais seguros do mundo”.
Esta será a terceira comissão de serviço do investigador que veio de
Coimbra para substituir o procurador Alípio Ribeiro e desde então
sobreviveu a dois governos e a três ministros. Ao longo destes sete
anos, tem-se mantido longe dos holofotes: nunca deu uma entrevista e
raramente fez declarações públicas.
A nomeação de Almeida Rodrigues em 2008 pôs fim a uma tradição: pela
primeira vez, a Judiciária foi dirigida por um investigador de carreira.
À data desempenhava as funções de subdirector nacional adjunto na
directoria de Coimbra. Já tinha sido um dos três directores nacionais
adjuntos no mandato do antigo director da PJ, o juiz conselheiro Santos
Cabral. Natural de Viseu, licenciou-se em Direito pela Faculdade de
Direito da Universidade de Coimbra.
No último aniversário da PJ – o 69º – Almeida Rodrigues defendeu a
indexação de salários aos magistrados, por entender que os ordenados dos
investigadores deveriam garantir a sua “absoluta isenção e rigor na
recolha e sistematização da prova”.
Sublinhou ainda que a instituição não poderia “ficar refém de
conjunturas economicamente adversas ou de messiânicas teorias avulsas
que vêem na parametrização conceptual a solução para todos os problemas”
e que as normas estatutárias da PJ careciam “de um amplo consenso
político”.
No aniversário anterior, em 2013, Almeida Rodrigues optara por destacar a
necessidade “urgente” de actualizar os montantes remuneratórios dos
piquetes e das unidades de prevenção. E depois de reconhecer o “vultuoso
investimento” feito pelo Ministério da Justiça na nova sede da PJ,
dirigiu-se à ministra da Justiça para sublinhar que dadas “as exigências
inerentes ao trabalho de investigação da criminalidade mais grave, onde
a disponibilidade deve ser permanente e onde a vida humana não raras
vezes é colocada em perigo” a remuneração dos investigadores da Polícia
Judiciária deveria “ser condigna e proporcional à exigência das funções”
que exercem.
De 2011 até à data, foram feitas pelo menos três greves pelos
inspectores da Polícia Judiciária. Na lista de reivindicações da
Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal da PJ
estiveram “a ausência de negociação de um estatuto adequado” e a
“incapacidade revelada pela tutela para preservar a instituição de
graves consequências resultantes de uma aplicação cega e incompetente da
Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas aos investigadores
criminais”.
O sindicato acusava ainda a ministra de falhar a promessa de aprovar o
estatuto da carreira na PJ. Em 2014, as críticas estenderam-se às
condições de trabalho: “veículos dignos de museus, impressoras sem
toners, um parque informático obsoleto (com computadores de refugo de
outras instituições do Ministério da Justiça) e um sistema de informação
criminal e de intercepções telefónicas a necessitar de urgente
intervenção”.
* A Polícia Judiciária foi sempre uma instituição que muito respeitámos mesmo quando o comportamento de alguns elementos não correspondem à dignidade da PJ.
Almeida Rodrigues tem sido de certeza um bom chefe, longíssimo das luzes da broadway ao contrário da ministra da tutela, foi bom para o país ter sido reconduzido.
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