ESTA SEMANA NA
"SÁBADO"
"SÁBADO"
Anulações de subsídios de
desemprego deverão disparar
O número de anulações de subsídios de desemprego deverá aumentar
"significativamente" este ano, invertendo a tendência que se verificou
nos últimos três anos, prevê a Comissão de Recursos do Instituto de
Emprego e Formação Profissional (IEFP). Isto porque o controlo das
situações de incumprimento das obrigações passou a ser feito de forma
automática e centralizada, deixando de estar exclusivamente dependente
da iniciativa e do ritmo de cada centro de emprego.
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"No ano que agora se inicia, estando a funcionar em pleno o sistema
de notificações centralizadas e automáticas" é "previsível um aumento
significativo das anulações de desempregados subsidiados", refere o
Relatório de Actividades de 2014 da Comissão de Recursos, a entidade
responsável pela apreciação das queixas de quem considera que o subsídio
foi retirado sem fundamento legal.
A iniciativa chegou a ser anunciada há cerca de um ano no Parlamento,
pelo secretário de Estado do Emprego, Octávio Oliveira, que revelou que
a alteração foi discutida com a troika, noutros termos. Mas só em
Dezembro foi implementada, de acordo com o relatório da Comissão de
Recursos.
"Os serviços do IEFP iniciaram um processo de automatização e
centralização das notificações dos utentes incumpridores, mais célere e
eficaz", que "só ficou operacional no final do ano", revela o relatório.
Antes da operacionalização deste novo procedimento, o número de
anulações de subsídio caiu 50% em três anos (para 5,5 mil anulações no
ano passado), o que pode estar relacionado com o facto de o IEFP ter
deixado de fazer a primeira convocatória em carta registada
(dificultando a prova da sua recepção).
"Parece claro que a forma de proceder às convocatórias, datada de
meados de 2012, que passou a ser em correio não registado e determinando
a necessidade de uma segunda convocatória, registada, para se procedeer
à anulação da inscrição para emprego, veio influenciar os resultados,
justificando esta descida significativa", lê-se no relatório. "Esta
evidência não exclui que haja, da parte dos utentes, um maior índice de
cumprimento das obrigações", acrescenta a entidade liderada por Cristina
Rodrigues.
Nessa audição no Parlamento, há cerca de um ano, Octávio Oliveira,
que também já foi presidente do Instituto de Emprego e Formação
Profissional, explicou que as restrições ao envio de cartas em correio
registado foram motivadas pela necessidade de conter custos.
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Foram 5.548 os desempregados que no ano passado viram o seu subsídio
ser retirado por alegado incumprimento das obrigações previstas na lei. A
falta de comparência a uma convocatória do centro de emprego e o
incumprimento do dever de apresentação quinzenal continuam a ser os
motivos mais frequentes, justificando 83% dos casos.
O número de pessoas que perdeu o subsídio por recusa ou desistência
de trabalho socialmente necessário aumentou 28% ao longo do último ano,
contrariando a tendência global, e tornou-se a terceira causa de
anulação dos subsídios.
Este número representa quebra homóloga de 17% no número de anulações
de subsídio, na sequência de outras quebras mais significativas. É
praticamente metade do que foi registado em 2011, altura em que tinham
sido anulados quase 11 mil subsídios.
Cerca de 10% dos desempregados que viram o subsídio cortado no ano
passado recorreram para a condição de recursos, argumentando que a
decisão não tinha fundamento legal.
E mais de um terço (37%) destas 553 pessoas que reclamaram
conseguiram inverter a decisão. Esta taxa de 37% é mais alta que a do
ano passado (32%) o que significa que apesar de terem sido registadas
menos anulações e menos reclamações a Comissão deu razão a uma maior
percentagem de desempregados.
* Anulações de subsídio por incumprimento de quem o recebe não se discute. Discutível é a confrontação brutal de pessoas que após o escasso período de "subsidiado" aterra num deserto de alternativas.
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