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IN "OJE"
07/01/15
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Os dias do início
Esta altura do ano é propícia a que se façam balanços do que foi o ano
passado e projeções do que será o ano presente. Terminado o período de
festas, com a celebração do dia de Reis, em geral o tema muda e
esquecemos o fulgor com que previmos tudo e mais alguma coisa nestes
dias iniciáticos de mais um ano. Não é preciso ser astrólogo nem estudar
o alinhamento dos planetas para perceber que 2015 é um ano que traz o
gérmen da mudança a vários níveis, quer o desejemos ou não.
Em 2015, vários países da Europa estarão em escrutínio com diferentes
eleições, mas percorrendo da Europa do sul à Europa do Norte. Se a
Grécia abre este momento de consagração da democracia, outros países a
seguirão, incluindo Portugal. Reino Unido, Espanha, Dinamarca, Estónia,
Finlândia e Polónia são outros países com eleições marcadas e que estão
no seio da Europa. Apesar dos casos mais mediáticos serem os casos da
Grécia e de Espanha, graças aos partidos que parecem partir em vantagem
para este processo, o Syriza e o PODEMOS que aparecem com alternativas
ao habitual sistema partidário, a verdade é que vários países europeus
vão decidir sobre as suas linhas políticas nos próximos anos. Vão
escolher as políticas internas e externas dos seus países, o que não é
um factor menor.
Este é o momento em que os alinhamentos dentro da União Europeia poderão
alterar-se. E, claro, também se projetarão para fora da UE, afetando as
relações da União com outros países ou blocos regionais, por exemplo,
com a Rússia. A par de tudo isto, a complexificação dos inimigos
internos e externos, representados pelos extremismos e terrorismos.
Igualmente, o preço do petróleo em queda trará novos desafios não só
para os países produtores como para os países que têm relações próximas
com estas economias produtoras.
Se em 2015 se adivinha um ano em que o risco e a incapacidade de
antecipar soluções para os desafios aumentarão, é também um ano de
escolhas. Estes dias iniciáticos são propícios a que lembremos tudo o
que se irá decidir, para depois cairmos no correr quotidiano que nos faz
parecer que tudo assume um carácter de continuidade. Mas essa
estabilidade, que todos os seres humanos precisam, é por vezes
enganadora. As decisões mais difíceis e os momentos mais desafiantes
resultam de contextos de continuidade. Nenhuma guerra começou no dia da
primeira batalha. Todas as guerras foram fruto de decisões tomadas no
dia a dia que conduziram àquele caminho. A União Europeia ou o euro não
acabarão de um dia para o outro. A intolerância, provocada por
extremismos, não se tornará dominante num abrir e fechar de olhos.
As escolhas que fazemos em 2015 constituirão a base do que faremos no
futuro. O modo como nos interpretamos a nós e aos outros será o mote
daquilo que há-de vir. Os dias do início apenas anunciam tudo aquilo que
poderá mudar ou manter-se. Com uma certeza, na maioria das vezes
estaremos a pensar no presente imediato, apesar de estarmos a escolher
caminhos para o futuro.
Investigadora do Centro de Estudos Internacionais, ISCTE – IUL
IN "OJE"
07/01/15
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