27/01/2015

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HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"


Novo ministro das Finanças grego
. defendia em 2013 taxas de juro zero
.e empréstimos sem maturidade

Yanis Varoufakis deu duas entrevistas ao Negócios, em 2012 e 2013, onde defendia que o programa da troika não era exequível e que a Grécia deveria recusar mais empréstimos de Bruxelas e do FMI.

Yanis Varoufakis vai ser esta terça-feira oficializado como o próximo ministro das Finanças da Grécia, a integrar o Governo liderado por Alexis Tsipras depois da vitória do Syriza nas eleições.
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O professor da Universidade de Atenas sempre foi um opositor do programa da troika na Grécia. Isso mesmo defendeu numa entrevista ao Negócios, em 19 de Dezembro de 2012. Afirmava na altura que "Nem Deus conseguiria que o programa grego funcionasse".

Nesta entrevista, concedida há mais de dois anos, Varoufakis acusou a União Europeia de ter protegido os bancos, cometendo um crime contra os contribuintes europeus. Nessa altura Portugal estava ainda sob o programa da troika, sendo que questionado sobre se acreditava que o país iria regressar aos mercados no final de 2013, afirmou que "um milagre pode acontecer, mas seria preciso algum tipo de intervenção divina".


Varoufakis defendeu ainda que, nessa altura, a "Grécia não deveria aceitar o próximo empréstimo da troika". Mas já na altura defendia que a Grécia não deveria sair do euro, embora fosse favorável a uma suspensão do pagamento das obrigações gregas que o BCE detém.

Taxas de juro zero e extensão dos empréstimos "ad infinitum"
O próximo ministro das Finanças da Grécia voltou a dar uma entrevista ao Negócios em Junho de 2013, poucos meses antes das eleições na Alemanha, que foram ganhas por Angela Merkel.

Varoufakis assinalou na altura que "a dívida ainda é insustentável e terá de haver um novo perdão, mas só após as eleições alemãs", pois "a Grécia é o único país do mundo que reestruturou a dívida de forma tão significativa e, no entanto, esta continua em níveis insustentáveis".

Uma das propostas para perdoar a dívida à Grécia que a reestruturação da dívida grega poderia "passar pela passagem das taxas de juro para zero e pela extensão dos empréstimos ‘ad infinitum’". Também em 2013 Varoufakis descartava a saída da Grécia do Euro, assinalando que esse risco era "menor, mas isso não invalida o facto de a Grécia continuar em estado de calamidade".

Nessa altura Varoufakiz apontava fortes críticas ao Governo de Samaras, destacando que "enquanto esta ‘cleptocracia’ a que chamamos governo continuar a conspirar com os bancos para que nada mude, será muito difícil voltar ao crescimento. Temo que possamos tornar-nos um protectorado como o Kosovo".

Varoufakis recusa confrontação com Bruxelas e Frankfurt
Mesmo antes de ser oficializado como ministro das Finanças grego, Varoufakis já deu várias entrevistas a meios de comunicação social internacionais, tendo adoptado um discurso mais cauteloso.

Continua a defender a permanência da Grécia no euro e a necessidade de negociar construtivamente uma reestruturação da dívida do país com Bruxelas.

Assegura que o Syriza não procurará "a confrontação". "Houve um pouco de 'bluff' da nossa parte", declarou o parlamentar de dupla nacionalidade grega e australiana, acrescentando que "o que realmente importa agora é sentarmo-nos a falar" sobre a melhor maneira de reorganizar o pagamento da dívida grega.

"O 'Grexit' (a saída da Grécia do euro) não está em cima da mesa, não vamos para Bruxelas ou para Frankfurt com uma postura de confrontação", afirmou.

Quanto ao plano que defende para reestruturar a dívida, Varoufakis prefere por agora esconder o que pensa o Syriza. "Não acredito que o BCE nos retire a liquidez se formos directamente aos nossos parceiros europeus em Frankfurt, Paris, Berlim e Bruxelas e lhes explicarmos as propostas racionais que temos". "Pediremos algumas semanas, um período de graça, durante o qual lhes vamos [mostrar] as novas políticas", acrescentou.

"Não estamos interessados apenas numa redução do valor líquido presente na dívida. Queremos reduzi-la de uma vez. Temos um plano", afirmou. 

* Tudo o que for negociado entre Grécia e credores beneficiará ou prejudicará Portugal, dependendo de quem ganhar o braço de ferro.

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