O VIH implica 95% de adesão, ou seja, durante uma semana, só se pode
falhar uma toma. Trabalho isto com os doentes e vem o Estado e diz: não
há medicação. Não pode ser!
O que anda a fazer o Estado? Muito pouco. Está a acabar o ano e nem
tivemos acesso ao relatório da infeção de 2013. Os dados existem, as
notificações são obrigatórias, mas só temos os números de 2012.
Neste momento, não há verbas alocadas para o VIH. Nem sequer está a
funcionar o ADIS [programa criado, em 2002, com o objetivo de financiar
projetos e ações no âmbito da formação, apoio social e prevenção da
infeção VIH/Sida, desenvolvidos por organizações da sociedade civil].
A
Direção-Geral de Saúde só abriu um concurso para os testes rápidos [de
diagnóstico]. E nós avançámos com uma unidade móvel em Aveiro porque em
Lisboa tal já se pode fazer em vários locais, embora haja carência.
A prevenção do VIH não é apetecível, porque demora décadas. Implica
mudança de comportamento, de mentalidades... Como não dá resultados
imediatos, não dá votos. Mas isto acontece com qualquer doença. Em
Portugal, a prevenção escreve-se com pê minúsculo.
Temos, com certeza, mais mil novos casos por ano, porque não houve, em termos de intervenção, qualquer alteração.
* Excertos de entrevista à "VISÃO" em 16/12/14
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