HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"
"DIÁRIO ECONÓMICO"
Deco não consegue ajudar 90%
dos novos sobreendividados
A gravidade da maioria dos pedidos que chegam à Deco não permite avançar para a reestruturação das dívidas.
Em 2014, e até ao final de Novembro, a Deco abriu um
total de 2.566 processos de ajuda a famílias portuguesas em dificuldade
para pagar as suas dívidas. Este número representa uma diminuição de
cerca de um terço face ao total de 4.034 processos constituídos no ano
passado pelo Gabinete de Apoio ao Sobreendividado (GAS) da associação de
consumidores. É também o nível mais baixo dos últimos quatro anos.
Contudo, essa quebra não significa que os portugueses estejam com menos
dificuldades em honrar os seus compromissos financeiros. Antes pelo
contrário.
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Segundo os dados facultados ao Diário económico pela
Deco, nos primeiros onze meses deste ano, o GAS já acolheu 26.855
contactos de famílias em situação económica difícil, um número que fica
em linha com o registado no período homólogo, já que o ano de 2013
terminou com um total de 29.214 pedidos de ajuda. No entanto, este
gabinete apenas conseguiu dar seguimento a cerca de 10% do total das
situações reportadas este ano, quando em 2013 a proporção foi de 14%.
"Era
expectável que o número de processos evoluísse de acordo com os
contactos que recebemos. Contudo, o que acontece é que a maioria das
famílias que pedem apoio já apresentam situações muito degradadas e em
que já não é possível avançar para a reestruturação", explica Natália
Nunes, responsável pelo GAS, salientando que "não vale a pena intervir e
criar expectativas em situações em que não há solução". Em causa estão
"famílias defrontadas com situações de desemprego de longa duração,
muitas a receber já o subsídio social de desemprego ou mesmo o
rendimento social de inserção, e para as quais o desafio muitas vezes é
fazer face a despesas essenciais do dia-a-dia", segundo explica a
coordenadora do GAS.
De acordo com os dados da Deco, a taxa de
esforço média apresentada pelos consumidores que solicitaram intervenção
do gabinete durante este ano é de 82%. Natália Nunes salienta que
existirão muitas situações de taxas de esforço acima de 100%. Para
estes casos, a única via é recorrer aos tribunais e avançar com um
pedido de insolvência pessoal.
Um dos indicadores que permite
aferir a crescente dificuldade das famílias portuguesas, tem a ver com a
origem das dificuldades. "Ao contrário do ano passado e dos anteriores,
em que o desemprego era a principal razão, a situação que agora mais
determina as dificuldades é a deterioração das condições laborais e das
pensões, e há também uma subida das penhoras." Segundo os números do
GAS, 34% das causas para os processos de sobreendividamento em 2014
relacionavam-se com a degradação das condições de trabalho, seguidas do
desemprego (31%), enquanto as penhoras foram a razão apontada em 9% dos
processos (em 2013 tinha sido 6%).
Apesar de considerar que os
portugueses estão a adoptar hábitos de consumo mais conscientes, Natália
Nunes não está muito optimista em relação aos próximos tempos. "A nossa
expectativa era que com a descida do desemprego a situação se
alterasse, mas isso não está a acontecer. Olhando para os nossos dados
do Banco de Portugal aquilo que vemos é o nível incumprimento a aumentar
e as pessoas confrontadas cada vez mais com o corte de serviços
essenciais como a água, a electricidade ou o gás. Por isso não sei se
virão tempos muito melhores para as pessoas", conclui Natália Nunes.
* Este é o resultado dos governos de José Socrates e Passos Coelho e Paulo Portas, sorveram e sorvem o sangue dos portugueses até à exaustão.
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