Sem a Europa o Benfica
procura outras receitas
Reis Mourão, professor de Economia, e o técnico Diamantino Miranda alertam para a necessidade de carreira vitoriosa em Portugal.
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Importante fonte de receitas na era Jesus, a participação
do Benfica nas provas da UEFA "rendeu mais de dez milhões de euros só
nas eliminatórias da Liga Europa das duas últimas épocas", lembra Paulo
Reis Mourão, professor de Economia na Universidade do Minho. A
eliminação a 100% "torna o treinador quase refém do seu discurso e
obriga a uma campanha vitoriosa em Portugal", segundo o técnico
Diamantino Miranda, algo que Reis Mourão também defende, bem como a
procura de receitas que compensem a falta de mais verbas da UEFA.
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"Este afastamento precoce das competições europeias levará a que o
Benfica tenha de, por uma via, ser muito eficaz nas provas nacionais,
não descurando a luta pelo título, mas também muito prudente na saída de
jogadores em Janeiro", resume o docente. "Há duas leituras para esta
saída europeia - a visão do mundo benfiquista, marcada por uma certa
desilusão em virtude de a situação não se coadunar com a tradição e o
prestígio do clube à escala internacional; e outra, mais racional, tendo
em conta os discursos de concentração na conquista do título. Neste
caso, não é de estranhar a saída da Liga dos Campeões, mas, até por
causa de dois percursos seguidos com presença na final, no mínimo
deveria ser assegurada a continuidade na Liga Europa", opina Diamantino.
Saídas e o duelo com o Porto
Para compensar o facto de deixar de aspirar a mais do que 13,1
milhões de euros (cerca de 10 milhões abaixo dos proveitos nas últimas
três temporadas), a saída de jogadores em Janeiro pode ser uma das
alternativas. Mourão constata: "O Benfica ficará muito mais pressionado a
deixar sair Gaitán, Salvio ou Enzo Pérez ou, então, a combinar a
cedência de um leque alternativo de jogadores. Neste momento, tem de
gerir a necessidade de manter as contas equilibradas e suportar a
ambição na Liga. Mexidas profundas numa equipa muito dependente da
estrutura anterior podem hipotecar o propósito de renovação do título.
E, nestas contas, entra sobretudo a gestão que o Porto fará do próprio
plantel e a capacidade deste em assumir a competitividade na Champions e
na luta pelo título português. Se, por exemplo, sair um jogador
influente do Porto, será muito mais simples a saída de um jogador como
Enzo na Luz", diz.
Para Diamantino, "a saída de Enzo já parecia inevitável, mesmo que a
continuidade na Europa fosse garantida, até porque o Valência tem sido
referido como disponível para pagar a cláusula de rescisão. Fora da
Europa, o Benfica terá de encontrar essa receita por outra via e a saída
de jogadores é uma das alternativas. Parece-me é que, mesmo assim, as
soluções com que o presidente dotou este plantel são suficientes para
valer sucesso no plano interno".
Considerando "subjectivo" pensar que Jonas teria melhorado resultados
se a sua inscrição fosse possível, Diamantino conclui: "A saída da
Europa cria maior obrigação e pode gerar mais motivação interna. Jesus
nada ganhou de extraordinário com excelentes plantéis que já teve. E,
com condições que outros técnicos tiveram sem vencer, este é o ano para
demonstrar que consegue resultados em situação mais adversa."
* Vão-se os anéis ficam os dedos
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