13/10/2014

ISABEL STILWELL

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Troquem Miró pela TAP,
façam implodir o ME, 
e outras bocas

Sabe bem "mandar" bocas. Não obrigam a aprofundar os assuntos e parecem conter a fórmula para mudar o mundo. Fique com as minhas

1. O psicopatas e os hiperaltruístas são extremos opostos de um mesmo espectro, concluiu uma investigação da Universidade de Georgetown, citada pela "Economist". Os investigadores viram à lupa as amígdalas (uma área do cérebro que comanda a empatia) de dadores de rins e de gente menos dada a heroísmos, comparando-as depois com as de psicopatas, e concluíram que os seus comportamentos equivalem a alterações reais.
Cá para mim prefiro os altruístas extremos, como aqueles que partem para a Libéria em missões de auxílio às vítimas de ébola, como fizeram alguns portugueses esta semana, enquanto o comum dos mortais já grita que vai deixar de ir ao ginásio com medo de ser contaminado pelo suor do colega de RPM!
Mais ainda, não percebo o destaque que se dá aos psicopatas portugueses, que partem para o Estado Islâmico à procura, nas palavra dos próprios, "do prazer de matar". Se é pelo prazer de entrevistar psicopatas, há muitos nas nossas prisões. A não ser, claro, que objectivo seja só anunciar ao mundo que a Linha de Sintra é um ninho de perturbados mentais - como moradora, registo! 

2. O parágrafo anterior faz-me tomar consciência da necessidade de mandar mais uma boca: já repararam que tal o medo de que quem nos lê não entenda a ironia, seja num mail seja num sms, que enchemos aquilo tudo de "lols" e smiles? É um passo atrás na nossa literacia. Assim ficamos todos mais burros. 

3. O que tem acontecido com a colocação de professores remete-me para a minha boca favorita: vá à entrada do prédio da 5 de Outubro onde se aloja o Ministério da Educação e contemple as paredes forradas de centenas de fotografias dos ex-ministros da Educação. A seguir à fotografia de Nuno Crato, repare que há um único espaço livre, depois a parede acaba - mais um ministro e avança-se para a implosão do ME. Com o fim do ministério que mais dinheiro sorve ao OE, indo a maior fatia para vencimentos, há esperança de uma nova era. A era em que cada escola possa contratar directamente os professores que entende, e tenha o máximo de autonomia, obedecendo apenas a directivas fundamentais, sendo obviamente avaliada com rigor (e sem medo). 

4. E por falar em ministérios, passei à porta do Ministério da Economia e vi quatro ou cinco motoristas em conversa ao lado dos automóveis ministeriais. Fatos impecáveis, camisa engomada a preceito, gravatas lindas e sapatos a reluzir de bem engraxados. Toda a gente sabe que o tempo dá patine e ensina muita coisa, e estes senhores desempenham o cargo há muito mais anos que os governantes que transportam. Além disso devem estar mais informados que ninguém sobre todos os dossiês. Porque será que ninguém lhes pediu ainda que formem governo? 

5. Por falar nisso, tenho uma amiga que defende a tese de que os políticos deviam ser pesados à entrada e à saída dos cargos, para se perceber quanto tempo passaram em almoços em lugar de trabalharem. Só isso. Quando vejo António Costa não tenho dúvida que ao serviço da CML se almoça muito. Convinha agora pesá-lo já, já, já, à entrada para secretário-geral do PS, e depois voltar a fazê-lo subir para a balança quando for eleito primeiro-ministro. 

6. Mais importante do que tudo isto: onde andam os 85 quadros do Miró? O país não se pode dar ao luxo de os ter fechados numa caixa-forte porque quem decide se deixa intimidar por uns artigos de jornais e uns abaixo-assinados. Vendam lá os quadros, e se querem estoirar dinheiro salvem antes a TAP. Quem depois estiver sedento de contemplar Mirós contribui para a sustentabilidade da empresa e paga um bilhete de avião na companhia aérea com as cores da bandeira a rasgar os céus. Isso sim, é patriótico.

IN "i"
11/10/14

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