Troquem Miró pela TAP,
façam implodir o ME,
e outras bocas
Sabe bem "mandar" bocas. Não obrigam a aprofundar os assuntos e parecem conter a fórmula para mudar o mundo. Fique com as minhas
1.
O psicopatas e os hiperaltruístas são extremos opostos de um mesmo
espectro, concluiu uma investigação da Universidade de Georgetown,
citada pela "Economist". Os investigadores viram à lupa as amígdalas
(uma área do cérebro que comanda a empatia) de dadores de rins e de
gente menos dada a heroísmos, comparando-as depois com as de psicopatas,
e concluíram que os seus comportamentos equivalem a alterações reais.
Cá para mim prefiro os altruístas extremos, como aqueles que partem
para a Libéria em missões de auxílio às vítimas de ébola, como fizeram
alguns portugueses esta semana, enquanto o comum dos mortais já grita
que vai deixar de ir ao ginásio com medo de ser contaminado pelo suor do
colega de RPM!
Mais ainda, não percebo o destaque que se dá aos psicopatas
portugueses, que partem para o Estado Islâmico à procura, nas palavra
dos próprios, "do prazer de matar". Se é pelo prazer de entrevistar
psicopatas, há muitos nas nossas prisões. A não ser, claro, que
objectivo seja só anunciar ao mundo que a Linha de Sintra é um ninho de
perturbados mentais - como moradora, registo!
2. O parágrafo anterior faz-me tomar consciência da necessidade de
mandar mais uma boca: já repararam que tal o medo de que quem nos lê não
entenda a ironia, seja num mail seja num sms, que enchemos aquilo tudo
de "lols" e smiles? É um passo atrás na nossa literacia. Assim ficamos
todos mais burros.
3. O que tem acontecido com a colocação de professores remete-me para
a minha boca favorita: vá à entrada do prédio da 5 de Outubro onde se
aloja o Ministério da Educação e contemple as paredes forradas de
centenas de fotografias dos ex-ministros da Educação. A seguir à
fotografia de Nuno Crato, repare que há um único espaço livre, depois a
parede acaba - mais um ministro e avança-se para a implosão do ME. Com o
fim do ministério que mais dinheiro sorve ao OE, indo a maior fatia
para vencimentos, há esperança de uma nova era. A era em que cada escola
possa contratar directamente os professores que entende, e tenha o
máximo de autonomia, obedecendo apenas a directivas fundamentais, sendo
obviamente avaliada com rigor (e sem medo).
4. E por falar em ministérios, passei à porta do Ministério da
Economia e vi quatro ou cinco motoristas em conversa ao lado dos
automóveis ministeriais. Fatos impecáveis, camisa engomada a preceito,
gravatas lindas e sapatos a reluzir de bem engraxados. Toda a gente sabe
que o tempo dá patine e ensina muita coisa, e estes senhores
desempenham o cargo há muito mais anos que os governantes que
transportam. Além disso devem estar mais informados que ninguém sobre
todos os dossiês. Porque será que ninguém lhes pediu ainda que formem
governo?
5. Por falar nisso, tenho uma amiga que defende a tese de que os
políticos deviam ser pesados à entrada e à saída dos cargos, para se
perceber quanto tempo passaram em almoços em lugar de trabalharem. Só
isso. Quando vejo António Costa não tenho dúvida que ao serviço da CML
se almoça muito. Convinha agora pesá-lo já, já, já, à entrada para
secretário-geral do PS, e depois voltar a fazê-lo subir para a balança
quando for eleito primeiro-ministro.
6. Mais importante do que tudo isto: onde andam os 85 quadros do
Miró? O país não se pode dar ao luxo de os ter fechados numa caixa-forte
porque quem decide se deixa intimidar por uns artigos de jornais e uns
abaixo-assinados. Vendam lá os quadros, e se querem estoirar dinheiro
salvem antes a TAP. Quem depois estiver sedento de contemplar Mirós
contribui para a sustentabilidade da empresa e paga um bilhete de avião
na companhia aérea com as cores da bandeira a rasgar os céus. Isso sim, é
patriótico.
IN "i"
11/10/14
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