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HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"
"DIÁRIO ECONÓMICO"
Governo cumpre corte do IRC para
21% e prescinde de 200 milhões
21% e prescinde de 200 milhões
Perda de receita deverá ser coberta com resultados do combate à fraude fiscal - e aumenta pressão política para baixar o IRS.
O Governo vai cumprir a descida da taxa de IRC em 2015 de
23% para 21%, prevista na reforma deste imposto sobre os lucros das
empresas, prescindindo de 200 milhões de euros em receita fiscal, apurou
o Diário Económico. A perda de receita com a segunda descida do IRC em
dois anos deverá ser coberta pelo dinheiro arrecadado no combate à
fraude e evasão fiscal, que só este ano fará entrar nos cofres do estado
mais 700 milhões de euros.
A lei que consagrou a reforma do IRC
previa que o compromisso de baixar a taxa para 21% no próximo ano (e
para um intervalo entre 17% e 19% em 2016) fosse "objecto de análise e
ponderação por uma comissão de monitorização da reforma a constituir
para o efeito". Deste trabalho de ponderação - feita por uma comissão
presidida pelo fiscalista António Lobo Xavier - e da decisão política do
Governo resultará o cumprimento da trajectória programada.
A
descida da taxa de IRC, a segunda em dois anos, ocorre num contexto em
que o alívio noutro imposto, o IRS (que sofreu um aumento significativo
em 2013) tem dominado a agenda política no contexto do Orçamento do
Estado para 2015. Apesar das dificuldades orçamentais, na coligação
entende-se que é difícil justificar politicamente duas descidas seguidas
da carga fiscal sobre as empresas sem aliviar as famílias. O Governo
deverá, por isso, dar um sinal do lado do IRS já em 2015, remetendo
alterações adicionais para os anos seguintes.
A perda de receita
decorrente da redução da taxa de IRC (e das derramas estadual e
municipal) tem um impacto de 207 milhões de euros, segundo contas da
consultora Deloitte, um valor equivalente a um corte de um ponto
percentual na sobretaxa de IRS (actualmente de 3,5%). Ao todo, segundo
cálculos da mesma consultora, a perda acumulada de receita de IRC
motivada pela reforma pode chegar a 1,1 mil milhões de euros entre 2015 e
2018.
Em 2015 uma fonte de compensação para a perda de receita
no IRC está nos resultados do combate à fraude e evasão fiscais - a
Comissão Europeia deu o aval para este tipo de compensação, fazendo
depender novas reduções do imposto sobre as empresas do resultado do
combate à fraude.
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O Governo espera que a receita fiscal renda
este ano mais 1,6 mil milhões do que em 2013 - parte deste aumento
resultará da melhor prestação de alguns indicadores económicos, mas há
uma parcela, avaliada pelo Ministério das Finanças em 747 milhões de
euros, que é directamente atribuível ao conjunto de medidas tomadas para
aumentar a eficiência e de combater a fraude e a evasão fiscais. Este
fluxo de receita poderá manter-se ao longo do próximo ano.
Uma reforma vendida aos investidores estrangeiros
O
Governo tem apresentado a reforma junto de investidores internacionais,
pelo que as medidas que foram aprovadas, com o consenso do PS, são
consideradas essenciais na previsibilidade e estabilidade fiscal nas
decisões de investimento. A atracção de investimento estrangeiro é vista
pelas autoridades portuguesas e por vários economistas como uma
prioridade para aumentar o crescimento da economia.
No final do
passado mês de Setembro, à margem de uma conferência em Londres,
organizada pela revista Euromoney, o ministro da Economia admitiu: "A
proposta que vamos fazer no OE/15 estaremos já quatro pontos abaixo da
taxa que herdamos, mas ainda estaremos oito pontos acima da taxa
objectivo".
Na altura Pires de Lima sinalizou que o Governo
pretendia reduzir a taxa de IRC em dois pontos percentuais para 2015,
para 21% de taxa formal, à qual acrescem as "derramas" correspondente às
taxas municipais (até 1,5%) e estadual (3% para a maioria das
empresas), fazendo aumentar a taxa real para 25,5%.
* Com pompa e circunstância jornalística anuncia-se a primeira fantochada eleitoral do governo com vista às legislativas do ano que vem. Tudo o que em sede de IRC ou IRS for atenuado em 2015 iremos repôr em dobro em 2016, não se esqueçam.
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