HOJE NO
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Escola das vítimas:
"Ninguém se preocupou com
400 miúdos a fazer luto"
Director do Instituto Pedro Hispano, onde estudavam as jovens, diz que tragédia deve fazer reflectir
A
escola onde estudava há sete anos a jovem que foi morta pelo pai na
madrugada de domingo e a irmã mais nova, que continua internada, não
recebeu qualquer contacto das autoridades para um eventual auxílio
psicológico aos alunos e professores. António Simões Cardoso, director
do Instituto Pedro Hispano, mostrou ontem ao i perplexidade com a
ausência de contactos, sabendo- -se que as jovens não estavam lá mas
que a notícia iria chocar os colegas. "Não fomos contactados por nenhuma
entidade, nem pelos serviços de apoio social educativo do município de
Soure nem pela Segurança Social. Não houve nenhuma preocupação por parte
das entidades de perceber que havia aqui 400 miúdos a fazer luto."
António Simões Cardoso descreveu os últimos dias como duros, com muitos momentos de choro e revolta até porque alguns jovens tinham passeado com a família num jardim de Soure no domingo à tarde. Os alunos foram apoiados pela psicóloga da escola, uma psicóloga estagiária, professores e alguns encarregados de educação que se voluntariaram para tal e ontem organizaram uma homenagem no intervalo da manhã.
Para este director, a tragédia da madrugada de domingo era imprevisível. No pai das duas jovens, António Simões Cardoso via um homem pacato e conta que eram considerados uma "família modelo". Ambos presentes na escola e sempre disponíveis para colaborar. As raparigas eram boas alunas e, embora os pais tivessem uma fasquia alta, não mostravam pressão. "Imagino que só uma pessoa em situação de grande desespero possa cometer um acto tão violento. Alguma coisa existiu, mas não é algo que se tenha arrastado no tempo de forma visível."
O director diz nunca terem vivido nada tão duro, mas explica que este era já um tema sensível na escola, o que agravou a reacção dos alunos. Há cinco anos, uma adolescente foi vítima de uma tentativa de homicídio por parte do pai, que se suicidou de seguida. Já há seis meses um homem tinha esfaqueado uma mulher nas imediações da escola.
Simões Cardoso acredita que a escola não terá deixado passar nenhum sinal suspeito. "Costumo dizer que quanto piores são os alunos, mais conheço os pais. Neste caso elas sempre foram as duas boas alunas e os pais sempre estiverem presentes, elas quase nunca faltavam e se isso acontecia avisavam antecipadamente", contou o director, que diz que os pais tiveram o cuidado de trabalhar com a escola para que alguns trabalhos enquanto modelo da filha mais velha não interferissem com os estudos. "Estamos sensibilizados para estas questões e temos 12 alunos sinalizados à Comissão de Protecção de Jovens e Menores por problemas como maus-tratos e negligência e os directores de turma têm formação mas nada nos fazia suspeitar."
Apesar de não ver como poderiam ter prevenido, o director defende que este caso deve motivar reflexão alargada. Enquanto colégio em que todos os alunos estão abrangidos por contrato-associação - só são permitidas as turmas financiadas pelo ministério - avisa que os cortes têm feito a aumentar as turmas para mais de 30 alunos e que pode ser mais difícil perceber situações de risco.
Diz também ter a percepção de que a degradação das condições económicas no país está a ter efeitos profundos. "É um grau de violência demasiado elevado para um país que se diz pacato e num concelho que se diz também pacato. Temos de estar muito atentos para tentar perceber o que se está a passar", defende.
Embora não conhecesse em detalhe o historial da família, conta que o pai teve uma empresa de construção que foi à falência há três anos, tendo estado desempregado até há uns meses se empregar por conta de outrem: "Não posso especular se teve alguma relação, mas são situações que causam impacto nas famílias embora neste caso nunca se tenha notado nada nas alunas. Estamos a criar uma sociedade demasiado alavancada em valores materiais e com privações. O que noto é que estamos menos tolerantes e rapidamente se resvala da conversa para a discussão e da discussão para a violência."
* Atão mas o sr .ministro Crato tem lá que se preocupar com essas contigências, para mostrar incompetência já tem q.b.!
António Simões Cardoso descreveu os últimos dias como duros, com muitos momentos de choro e revolta até porque alguns jovens tinham passeado com a família num jardim de Soure no domingo à tarde. Os alunos foram apoiados pela psicóloga da escola, uma psicóloga estagiária, professores e alguns encarregados de educação que se voluntariaram para tal e ontem organizaram uma homenagem no intervalo da manhã.
Para este director, a tragédia da madrugada de domingo era imprevisível. No pai das duas jovens, António Simões Cardoso via um homem pacato e conta que eram considerados uma "família modelo". Ambos presentes na escola e sempre disponíveis para colaborar. As raparigas eram boas alunas e, embora os pais tivessem uma fasquia alta, não mostravam pressão. "Imagino que só uma pessoa em situação de grande desespero possa cometer um acto tão violento. Alguma coisa existiu, mas não é algo que se tenha arrastado no tempo de forma visível."
O director diz nunca terem vivido nada tão duro, mas explica que este era já um tema sensível na escola, o que agravou a reacção dos alunos. Há cinco anos, uma adolescente foi vítima de uma tentativa de homicídio por parte do pai, que se suicidou de seguida. Já há seis meses um homem tinha esfaqueado uma mulher nas imediações da escola.
Simões Cardoso acredita que a escola não terá deixado passar nenhum sinal suspeito. "Costumo dizer que quanto piores são os alunos, mais conheço os pais. Neste caso elas sempre foram as duas boas alunas e os pais sempre estiverem presentes, elas quase nunca faltavam e se isso acontecia avisavam antecipadamente", contou o director, que diz que os pais tiveram o cuidado de trabalhar com a escola para que alguns trabalhos enquanto modelo da filha mais velha não interferissem com os estudos. "Estamos sensibilizados para estas questões e temos 12 alunos sinalizados à Comissão de Protecção de Jovens e Menores por problemas como maus-tratos e negligência e os directores de turma têm formação mas nada nos fazia suspeitar."
Apesar de não ver como poderiam ter prevenido, o director defende que este caso deve motivar reflexão alargada. Enquanto colégio em que todos os alunos estão abrangidos por contrato-associação - só são permitidas as turmas financiadas pelo ministério - avisa que os cortes têm feito a aumentar as turmas para mais de 30 alunos e que pode ser mais difícil perceber situações de risco.
Diz também ter a percepção de que a degradação das condições económicas no país está a ter efeitos profundos. "É um grau de violência demasiado elevado para um país que se diz pacato e num concelho que se diz também pacato. Temos de estar muito atentos para tentar perceber o que se está a passar", defende.
Embora não conhecesse em detalhe o historial da família, conta que o pai teve uma empresa de construção que foi à falência há três anos, tendo estado desempregado até há uns meses se empregar por conta de outrem: "Não posso especular se teve alguma relação, mas são situações que causam impacto nas famílias embora neste caso nunca se tenha notado nada nas alunas. Estamos a criar uma sociedade demasiado alavancada em valores materiais e com privações. O que noto é que estamos menos tolerantes e rapidamente se resvala da conversa para a discussão e da discussão para a violência."
* Atão mas o sr .ministro Crato tem lá que se preocupar com essas contigências, para mostrar incompetência já tem q.b.!
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