09/08/2014

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247.
Senso d'hoje

 
SÓNIA MORAIS SANTOS
JORNALISTA E ESCRITORA
ÀCERCA DA RESPONSABILIDADE MATERNA


"Nos dias de hoje te­mos poucos filhos, queremos o melhor pos­sível para eles e investimos muito. Também por causa do que os psicólogos foram dizen­do sobre as crianças: antes, não tinham im­portância nenhuma na família, comiam na cozinha com as empregadas ou sozinhas e ninguém conversava com elas ou se preo­cupava com os traumas que podiam ter. Fe­lizmente isso acabou, mas passámos para um extremo oposto em que tem de se ter mui­to cuidado com as crianças, tem de se brin­car, tem de se ter tempo de qualidade, «tem de se» tudo! Além de estarmos a criar po­tenciais ditadores, porque são objetos raros e preciosos, as mães sentem uma culpa imensa porque já não estão exclusivamente a tomar conta dos filhos, estão a trabalhar."

As mulheres nunca tiveram carrei­ras tão exigentes como agora e, simultane­amente, dá-se lhes o peso da maternidade que é brutal, porque as crianças precisam de tempo, de cuidado, de não serem trau­matizadas. E a competição tem que ver com o facto de haver só um filho ou dois: quer-se fazer o melhor, «o meu é melhor do que o teu, eu faço mais, sou uma mãe mais competente do que tu». A validação enquanto mulher passa muito pela mater­nidade. É espantoso.
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