Sobre o desprezo...
Ponto 1 - Penso que a maioria dos Portugueses está farta de
notícias sobre Ricardo Salgado e o BES, quem vai ficar à frente de um
Banco que também enriqueceu os seus gestores e proprietários de maneiras
pouco claras, da água benta do Banco de Portugal sobre a família
fundadora ao longo de anos e anos.
Penso, também, que o povo que vê notícias já não suporta as
complicações dentro do Partido Socialista com o António Seguro a
agarrar-se ao cargo de Secretário-Geral e o António Costa a desviar-lhe a
cadeira. – Larga essa cadeira! E o Seguro a fazer-se desentendido. –
Homem, ainda não compreendeu que o teu tempo acabou? E o outro: nada, a
fazer-se de surdo. – Queres que eu soletre como se fosses muito burro? E
o Seguro: nada.
Pelos Açores, o mesmo. O Bastonário da Ordem dos médico a elencar os
graves erros na área da Saúde do governo regional e este a defender-se
com palavrinhas mansas e meio silenciosas porque pouco verdadeiras. Os
hospitais açorianos a apresentarem graves carências e o vice do governo a
afirmar estar tudo muito bem “arranjadinho”.
A propósito do vice cá do bairro: quem é que manda nesta terra de
nove ilhas? Ainda nunca consegui perceber. Desde que Carlos César saiu
que só vemos vir a público dar explicações o senhor Sérgio Ávila. O
presidente eleito, apesar de muito alto, fisicamente falando, não
consegue sobressair por detrás do senhor Sérgio que se põe em bicos de
pés e opina, opina, opina…
Apesar destes e outros factos aqui não relatados ainda há cidadãos,
como eu, que ouvem notícias, leem jornais, estão atentos a governantes e
fazedores de opinião. Com a esperança de melhorias num País destruído
por medidas de contenção exageradas para uns e benesses para outros?
Talvez. O homem é um ser complexo. Considera sempre que nem tudo está
perdido. Vive o hoje esperando que o amanhã seja melhor. Ao deixar de
acreditar totalmente, o ser deixa de ter razões para continuar a
existir, a caminhar. Cai e morre por dentro, afasta-se da sociedade –
que é o seu lugar – e tomba como em campo de batalha. Fica perdido.
Exaurido de forças. Não resiste por muito tempo. Desaparece do espaço
vivo. Marginaliza-se. E nunca pode ser este o destino do homem. Ele é um
ser físico e espiritual. Tem o direito à fé no dia de hoje e no seu
futuro pessoal. São os governantes eleitos pelo povo – que também
deveriam instruir-se espiritualmente – quem tem o dever de criar as
condições para o bem-estar do povo, do trabalhador, do reformado, do
jovem, da criança. Sobre os ombros de quem está à frente dos destinos de
uma nação cai, naturalmente, a responsabilidade de assegurar um hoje e
um amanhã tranquilos para todos. Insegurança, não. Marginalização,
nunca. Não é o que se vê nos Açores e no País.
Nos gabinetes ministeriais tomam-se, bastas vezes, decisões a
montante dos interesses das pessoas. Não se respeitam idades, percursos,
dignidades. Governantes que não se interessam com o que vai à mesa do
povo são seres inúteis. Governantes que esquecem sistematicamente, ano
após ano, que o número de desempregados aumenta não merecem o ar que
respiram. Governantes que não mantêm digno o sistema de saúde das
populações enquanto recorrem a clínicas privadas para si e para os seus
familiares, não merecem o nosso respeito. Há dias vi, num país da
América Latina, o presidente na sala de espera de um hospital público
como qualquer cidadão doente. Aqui morre o pobre e sobrevive o poderoso.
Pontos 2 – Vendem-se filhos – mãe da ilha da Madeira parece ter
vendido o filho por 50.000 euros. Miséria num local paradisíaco onde
João Jardim impera há muitos e muitos anos.
Por que razão o presidente do governo regional daquela linda Terra
nunca se preocupou em desenvolver a Região no aspeto humano? Desleixo,
desinteresse, egoísmo? Talvez um pouco de todos estes fatores. Nada
justifica vender um filho, como é evidente. Mas não seremos todos
cúmplices de tragédias como esta?!
IN "AÇOREANO ORIENTAL"
01/07/14
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