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Empresas usam indevidamente apoios à
. contratação de pessoas com deficiência
Este e outros dados constam do relatório preliminar "Monitorização dos Direitos Humanos das Pessoas com Deficiência em Portugal"
Muitas
das empresas que contratam pessoas com deficiência, ao abrigo de apoios
estatais, usam indevidamente esses apoios, obrigando estes
trabalhadores a saltar de estágio em estágio e a uma situação de
precaridade, concluíram investigadores nacionais.
Este e outros dados constam do relatório preliminar "Monitorização
dos Direitos Humanos das Pessoas com Deficiência em Portugal", que é
apresentado hoje, em Lisboa, no âmbito da terceira conferência anual da
Associação Europeia de Estudos da Deficiência, que decorre nos dias 03 e
04 de julho no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas.
Em declarações à agência Lusa, uma das autoras do relatório, Paula
Campos Pinto, que teve por base 60 entrevistas a pessoas com
deficiência, com idades entre os 12 e os 70 anos, disse ter concluído
que "há uma utilização indevida dos apoios existentes" dados pelo Estado
para incentivar a contratação destas pessoas.
"Os incentivos que existem, que o Estado tem vindo a desenvolver, de
medidas de apoio ao emprego para as pessoas com deficiências, são muitas
vezes portas de entrada das pessoas para o mercado de trabalho, mas
assim que esses incentivos terminam, não existe muitas vezes a vontade,
por parte das entidades, empregadoras de manter esses postos de
trabalho", apontou Paula Campos Pinto.
Como consequência, estas pessoas "acabam por ter uma situação muito
precária no mercado de trabalho", considerou a investigadora.
"Saltam de estágio em estágio, de curso de formação em curso de
formação, sem nunca conseguirem uma inclusão económica plena, uma
estabilidade profissional na carreira, como é ambição de qualquer um de
nós", sublinhou Paula Campos Pinto.
Nesse sentido, a investigadora entende ser importante que o Estado
repense a forma como estes apoios estão a ser disponibilizados às
empresas, crie medidas mais restritivas que obriguem a algum grau de
compromisso por parte dos empregadores e fiscalize a sua aplicação.
Entende também que é obrigação do Estado dar o exemplo, ativando a
lei das quotas e criando o número de lugares disponíveis para pessoas
com deficiência também na função pública.
No que diz respeito à função pública, a investigadora apontou que há
também bons exemplos, nomeadamente ao nível das autarquias, "que têm
feito um trabalho importante na inclusão social e na criação de postos
de trabalho para pessoas com deficiência", admitindo, no entanto, que no
Estado central "às vezes há mais dificuldades".
Além da área laboral, também a participação social e do acesso aos
serviços de apoio revelaram ser os principais domínios onde as pessoas
com deficiência sentem "experiências de negação ou violação de direitos"
de forma mais frequente.
Relativamente à participação social, 83% das 60 pessoas inquiridas
disseram que a sua vida "é fortemente marcada por experiências de
segregação e isolamento social", muito por conta das dificuldades de
acesso aos edifícios, via pública ou sistemas de transporte.
Por outro lado, em matéria de serviços de apoio, as pessoas
inquiridas apontaram que os apoios a uma vida independente são
insuficientes, o que "contribui para o isolamento e exclusão social".
* Aqui fica registado a qualidade e seriedade dos nossos empreendedores tão elogiados pelos governantes, convém não olvidar aqueles que a bem da nação proíbem as suas empregadas de engravidar.
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