ESTA SEMANA NO
"DINHEIRO VIVO"
Silva Lopes
Chumbo do TC vai trazer
um problema grave ao país
O economista Silva Lopes assumiu hoje uma posição "bastante
crítica" ao chumbo do Tribunal Constitucional que vai "trazer um
problema grave" a Portugal, e avisou os juízes que as suas decisões
deviam ponderar a situação económica do país.
"O que os
juízes [do Tribunal Constitucional] decidiram vai custar muito caro",
disse à Lusa o economista, comentando o acórdão daquele tribunal,
conhecido na sexta-feira, que classifica como inconstitucional a redução
dos vencimentos dos funcionários públicos proposta pelo Governo.
Silva
Lopes começou por lembrar que existem diferentes interpretações
jurídicas das leis, incluindo sobre a Constituição da República
Portuguesa, e que no caso em que se debruça o acórdão do TC, como em
outros, "há uma área de imprecisão" que pode ser objeto de diferentes
interpretações jurídicas.
"Estão sempre a invocar o princípio da
confiança, ou de proteção dos direitos adquiridos [nomeadamente dos
funcionários públicos ou reformados], mas eu questiono: e eu como
contribuinte que vejo amanhã os meus impostos aumentar, não está em
causa o mesmo princípio", questionou.
Silva Lopes defendeu que os juízes devem proteger os direitos, "mas
na medida do possível e não de qualquer maneira", e ressalvou que
reconhece que o sacrifício exigido pelo Governo aos funcionários
públicos "é já muito pesado".
"Mas ainda fico mais preocupado
quando percebo que um aumento do IVA vai provocar mais desemprego",
disse, referindo-se ao Documento de Estratégia Orçamental (DEO) que
previa, entre outras medidas, um agravamento deste imposto.
Silva
Lopes disse ainda que, para ultrapassar o chumbo do TC, um aumento do
IVA lhe parece "a escolha mais óbvia", até porque "não existem
condições" para criar um imposto sobre as transações financeiras uma vez
que no resto da Europa essa medida não é prática e isso criaria
desvantagens a Portugal.
Silva Lopes criticou ainda o pacote de
incentivos fiscais ao investimento das empresas, que passam a beneficiar
de mais incentivos fiscais: "se fosse investimento em bens
transacionáveis, mas reduzir o IRS ou IRC de grandes empresas que
trabalham no mercado interno com lucros altos, qual é o interesse
nacional", questionou.
O economista defendeu que Portugal precisa
de investimento estrangeiro na indústria transformadora, "mas não em
telemóveis", referindo-se ao facto de as grandes operadoras de
telecomunicações beneficiarem, tal como as pequenas e médias empresas,
dos novos benefícios fiscais ao investimento.
"Para essas grandes empresas é claro que é benéfico [o novo incentivo fiscal], mas para o país...", concluiu.
O
Tribunal Constitucional chumbou na sexta-feira três normas do OE 2014,
incluindo os cortes dos salários dos funcionários públicos a partir dos
675 euros por ultrapassarem "o limite de sacrifícios admissível", mas
sem efeitos retroativos em nome da consolidação orçamental.
* Temos respeito pela inteligência, bom senso e opinião do dr. Silva Lopes, mas também consideramos justas as decisões do TC, o ex-ministro opina considerando que temos um governo sério e inteligente, a verdade é outra, os amigalhaços continuam a ser protegidos em detrimento do povo, haja alguém que o defenda deste massacre fiscal.
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