Apontamentos
de campanha
1. Segundo os
dados do Banco de Portugal divulgados esta semana, a dívida pública
chegou aos 132,4% do PIB no primeiro trimestre do ano. Ultrapassou já o
montante de 220 mil milhões, mais sete mil milhões do que no final de
2013. Podem, pois, dar-se as voltas que se quiser mas este é o grande
problema do País.
O custo da dívida condiciona a recuperação do défice.
Tem consequências tremendas na dinamização da economia. E para chegar à
meta definida no Pacto Orçamental - 60% do PIB! - o pior está para vir
nos próximos 20/25 anos. Sendo que este problema afeta muitos outros
parceiros europeus, e que o manifesto dos 70 foi há tão pouco tempo
mobilizador da discussão entre nós, é incrível como a maioria dos
políticos nacionais não só não fez dele um assunto central da campanha
como não o apontou como um daqueles que a União Europeia vai ter de
gerir nos próximos anos com a atenção devida se quiser manter a coesão
social neste espaço comum.
2. A televisão
mostrou como os portugueses já não aceitam ser figurantes no grande
espetáculo das romarias, comezainas e idas a feiras. Os atores políticos
andam agora mais sós, o que não é necessariamente mau. O esclarecimento
político tem muito pouco, ou quase nada, que ver com essas
aglomerações. Hoje, elas apenas são importantes para o pessoal dos
partidos. Aquilo que é mesmo mau, para quem acredita nas virtualidades
do projeto europeu, é que se deixe crescer o ceticismo em relação ao
futuro da União - ou que os portugueses se afastem do voto.
3.Um
vídeo circulou esta semana nas redes sociais com grande êxito. Tem que
ver com as mordomias dos deputados europeus e os custos do funcionalismo
no eixo Estrasburgo-Bruxelas. Não é nada de novo, que não se soubesse,
mas poderia ter sido um bom pretexto para que algum dos candidatos
portugueses se tivesse manifestado contra osexcessos da burocracia
comunitária. A ideia de um circo luxuoso que vive à custa dos
contribuintes é muito perigosa, sobretudo porque em parte é verdadeira.
Quem acredita na União Europeia tem de saber lutar contra os excessos
que a estão a minar. E o tempo é este.
4. Antigamente, pelo
interior, avisava-se: cuidado com os comunistas, que comem criancinhas.
Agora a coisa é ainda mais estúpida, porque se diz na cidade e sai na
boca de gente que gosta de parecer inteligente: cuidado que pode vir aí
"o Sócrates". Que raio de obsessão! E estúpida, ainda por cima. Porque
se o homem é, ou foi, assim tão mau, quem o combate até devia agradecer
que ele comesse mais bifes na Trindade com os seus camaradas antes de ir
de propósito à Fundação Mário Soares - sabe-se lá porquê - dar um
abraço a um grande amigo com quem partilha ideias...
5. Merece o
título da mais perversa maldade da campanha: Marcelo Rebelo de Sousa
anunciou o voto na Aliança Portugal (que surpresa!...) porque vale a
pena eleger [Jean Claude] Juncker para presidente da Comissão Europeia.
Arre!
A final da Liga dos Campeões Europeus de futebol,
que hoje se realiza em Lisboa entre as duas maiores equipas de Madrid,
tem um impacto económico importante, e não apenas na capital. Traz 45
milhões de euros diretos. Quem está sempre contra as realizações
desportivas em Portugal, por arrogância intelectual e preconceitos
vários, deveria tentar perceber a importância económica desta indústria
chamada futebol.
Director
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
24/05/14
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