Energia, clima e
indústria na UE
Há cerca de uma semana os líderes europeus reuniram-se em
Bruxelas para mais um Conselho Europeu. Apesar da situação na Ucrânia
ter dominado uma parte significativa da agenda, a reunião também abordou
a forma como a Europa está a emergir da crise económica e financeira e a
necessidade de respostas políticas adequadas.
Uma das principais preocupações económicas da Europa são os
elevados custos da energia. Uma política europeia coerente em matéria
de energia e alterações climáticas tem que garantir energia a preços
acessíveis, competitividade industrial, segurança no abastecimento e
procurar alcançar os objectivos climáticos e ambientais estabelecidos.
Neste Conselho conseguimos progressos significativos relativamente ao
novo quadro da EU em matéria de energia e clima, tendo sido acordado um
roteiro claro para uma decisão final sobre as metas da UE para 2030 em
Outubro deste ano, o mais tardar. Mas entendemos que é necessária ainda
mais ambição europeia neste domínio.
O Reino Unido e Portugal, enquanto membros do *Grupo do
Crescimento Verde, concordam com a necessidade de estabelecer um quadro
ambicioso e economicamente viável, respeitando a soberania dos
Estados-Membros em matéria de fontes energéticas. Isto inclui uma meta
de 40% para a redução das emissões de gás com efeito estufa,
vinculativa para cada país. Alguns E-Ms pretendem mais clareza sobre a
partilha de encargos associados a este objectivo. O Reino Unido
continuará a insistir num pacote ambicioso de medidas sobre o clima que
seja benéfico simultaneamente para o clima, para a economia e para a
segurança energética de todos os parceiros europeus.
Esta é uma questão de interesse estratégico vital para a Europa.
A situação na Ucrânia apenas veio realçar mais esta evidência. Temos de
diversificar as nossas fontes de energia de modo a estarmos menos
vulneráveis a pressões externas. Melhorar as interligações energéticas,
nomeadamente reduzindo obstáculos entre a Península Ibérica e o resto
da Europa, continua a ser uma prioridade para Portugal. Entendemos que a
segurança energética na Europa depende de melhores interligações, da
conclusão do mercado interno, da diversificação de rotas de
abastecimento e da facilitação da produção nacional. Estabelecer um
quadro claro e de longo prazo em matéria de politicas de energia e clima
é vital para atrair o enorme investimento que precisamos em energias de
baixo carbono, eficiência energética e outras infra-estruturas, e
reduzir a nossa dependência de combustíveis fósseis importados.
Numa perspectiva mais ampla, tanto Portugal como o Reino Unido
encaram os sectores ligados à energia como um factor importante na
recuperação, não apenas por razões de sustentabilidade, mas também pela
geração de crescimento e emprego. Os líderes europeus reconheceram
também que uma política energética e climática coerente faz parte
integrante de uma política industrial forte, competitiva e eficaz em
termos de gestão de recursos, produção e investimento. Com um
enquadramento de políticas industriais adequado, regulamentação
favorável ao investimento e à inovação, e uma política energética
competitiva, será possível à Europa não apenas criar novos empregos, mas
também aspirar a fazer regressar à Europa alguns dos postos de
trabalho industriais que perdemos ao longo das últimas décadas. Como
salientou o PM David Cameron em Davos "As economias da Europa têm uma
oportunidade única para acelerar esta tendência de fazer com que os os
postos de trabalho regressem "a casa". Devemos estar confiantes de que o
conseguimos ."
Embaixadora do Reino Unido em Portugal
IN "DIÁRIO ECONÓMICO"
28/03/14
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