29/03/2014

JILL GALLARD

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Energia, clima e 
indústria na UE

Há cerca de uma semana os líderes europeus reuniram-se em Bruxelas para mais um Conselho Europeu. Apesar da situação na Ucrânia ter dominado uma parte significativa da agenda, a reunião também abordou a forma como a Europa está a emergir da crise económica e financeira e a necessidade de respostas políticas adequadas.

Uma das principais preocupações económicas da Europa são os elevados custos da energia. Uma política europeia coerente em matéria de energia e alterações climáticas tem que garantir energia a preços acessíveis, competitividade industrial, segurança no abastecimento e procurar alcançar os objectivos climáticos e ambientais estabelecidos. Neste Conselho conseguimos progressos significativos relativamente ao novo quadro da EU em matéria de energia e clima, tendo sido acordado um roteiro claro para uma decisão final sobre as metas da UE para 2030 em Outubro deste ano, o mais tardar. Mas entendemos que é necessária ainda mais ambição europeia neste domínio.

O Reino Unido e Portugal, enquanto membros do *Grupo do Crescimento Verde, concordam com a necessidade de estabelecer um quadro ambicioso e economicamente viável, respeitando a soberania dos Estados-Membros em matéria de fontes energéticas. Isto inclui uma meta de 40% para a redução das emissões de gás com efeito estufa, vinculativa para cada país. Alguns E-Ms pretendem mais clareza sobre a partilha de encargos associados a este objectivo. O Reino Unido continuará a insistir num pacote ambicioso de medidas sobre o clima que seja benéfico simultaneamente para o clima, para a economia e para a segurança energética de todos os parceiros europeus.

Esta é uma questão de interesse estratégico vital para a Europa. A situação na Ucrânia apenas veio realçar mais esta evidência. Temos de diversificar as nossas fontes de energia de modo a estarmos menos vulneráveis a pressões externas. Melhorar as interligações energéticas, nomeadamente reduzindo obstáculos entre a Península Ibérica e o resto da Europa, continua a ser uma prioridade para Portugal. Entendemos que a segurança energética na Europa depende de melhores interligações, da conclusão do mercado interno, da diversificação de rotas de abastecimento e da facilitação da produção nacional. Estabelecer um quadro claro e de longo prazo em matéria de politicas de energia e clima é vital para atrair o enorme investimento que precisamos em energias de baixo carbono, eficiência energética e outras infra-estruturas, e reduzir a nossa dependência de combustíveis fósseis importados.

Numa perspectiva mais ampla, tanto Portugal como o Reino Unido encaram os sectores ligados à energia como um factor importante na recuperação, não apenas por razões de sustentabilidade, mas também pela geração de crescimento e emprego. Os líderes europeus reconheceram também que uma política energética e climática coerente faz parte integrante de uma política industrial forte, competitiva e eficaz em termos de gestão de recursos, produção e investimento. Com um enquadramento de políticas industriais adequado, regulamentação favorável ao investimento e à inovação, e uma política energética competitiva, será possível à Europa não apenas criar novos empregos, mas também aspirar a fazer regressar à Europa alguns dos postos de trabalho industriais que perdemos ao longo das últimas décadas. Como salientou o PM David Cameron em Davos "As economias da Europa têm uma oportunidade única para acelerar esta tendência de fazer com que os os postos de trabalho regressem "a casa". Devemos estar confiantes de que o conseguimos ."

Embaixadora do Reino Unido em Portugal

IN "DIÁRIO ECONÓMICO"
28/03/14


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