04/03/2014

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ALGURES NA
  "MÁXIMA"

Tarefas domésticas e sexo criativo 
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Às vezes, não vale a pena mudar tudo. O segredo de um bom relacionamento sexual passa por usar a criatividade com inteligência e perceber que certas inovações funcionam melhor com ‘velhos’ parceiros.

Imagine que em vez de criar o iPhone, Steve Jobs tinha inventado um telefone de forma circular, que tirava cafés e exibia brilhantes em vez de teclas. Diferente? Sem dúvida? Excêntrico? Absolutamente. Inovador? O mais possível. Mas seria realmente eficaz? Agora vamos aplicar esta teoria ao sexo. Será que compensa trocar um amante clássico, mas intenso, por um malabarista dos lençóis? Margarida, de 47 anos, divorciada e mãe de dois gémeos, acha que não.
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Algumas técnicas para deixar um homem louco

. Mande-lhe sms picantes, em que vai aumentando o grau de erotismo. Mas atenção, isto é como com os miúdos: se fizer promessas, tem de as cumprir.

. Faça um rally paper com o seu companheiro. Por exemplo: deixe recadinhos pela casa, num tom provocador, que o obriguem a ir percorrendo a casa até descobrir o prémio final: você.

. Vá jantar fora sem roupa interior. Não se ria. Parece que este truque funciona em qualquer cultura e local – e mesmo que o restaurante seja fraquinho. Afinal, você não está ali pelo menu.

. Mascare-se. É verdade: consta que uma peruca, uns saltos altos e um pouco de lata são capazes de trazer de volta o amante fogoso dos primeiros meses. Faça teatrinhos. Quando era pequena não gostava de brincar às telenovelas? Então aproveite e pratique com o seu par. Apareça-lhe na sala vestida de enfermeira e trate-lhe da saúde.

. Faça um strip para ele e use uma música bem comercial (mas que não seja muito má). É que assim, de cada vez que ele entrar nas Amoreiras e ouvir a RFM, vai voltar louco, por si, para casa.

. Ponha-o a fazer a lida da casa com promessas de sexo escaldante. Por exemplo: quer que ele faça o jantar? Coloque o seu melhor avental e uns sapatos bem altos. Só. E diga-lhe que está disposta a ser sua ajudante de cozinha.

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Mas nem sempre pensou assim. Depois de se separar do marido, a designer quis fazer uma revolução na sua vida social. E sexual também. “A maior parte dos meus amigos era do estilo ‘betinho’, quase todos casados, com filhos, e comportamento conservador. Achei que precisava de conhecer gente nova, mais liberal. E de redescobrir o sexo de uma forma mais criativa, talvez até mais selvagem.”

 É comum. Os especialistas são unânimes em considerar que, depois de casamentos longos, as mulheres estão sedentas de novidade. Não só em relação ao parceiro, mas também ao tipo de intimidade que vão ter com ele.

Margarida conheceu Pedro, 39 anos, através de uma amiga publicitária. Solteiro, do género bonitão mas “com conversa interessante”, ele depressa reconheceu nela alguns sinais de quem procura companhia. Após dois jantares e um serão numa esplanada, em Lisboa – onde se falou amiúde de libertação sexual –, acabaram enrolados no carro dele. Azar: era um pequeno Smart. Duplo azar: estava estacionado perto de uma embaixada. Fim da picada: ele entendeu os gemidos dela como um incentivo para passar logo à ação e, sem meias medidas, levantou-lhe a saia, arrancou-lhe a roupa interior e atirou-se à presa, murmurando obscenidades.

Mas o pior ainda estava para vir. “Quando um polícia se aproximou do carro, coisa que me deixou em pânico, ele gritou para que eu o ignorasse. Não saía de cima de mim e ainda me disse: ‘Deixa, até é bom que ele veja. Não querias sexo como nos filmes?’”

É um erro comum: confundir criatividade com espetáculo. Sexólogos e terapeutas sexuais falam de outra confusão comum: sexo criativo e meia maratona.

Teresa, 30 anos, professora, começou a sair com Tiago, 41 anos, vendedor imobiliário, depois de uma infinidade de encontros casuais no colégio onde ambos têm os filhos. Separados, extrovertidos e com “o mesmo estranho sentido de humor”, como ela própria diz, aproximaram-se no Facebook, onde as conversas tendem a tornar-se tanto mais íntimas quanto a distância de quem as alimenta.
“Falávamos de tudo. Provocávamo-nos mutuamente. Era uma amizade colorida e excitante que, confesso, tornava os meus dias mais interessantes.”

O primeiro encontro quebrou um pouco a fantasia das almas gémeas. “Quando ele começou a insinuar-se, senti-me algo dececionada porque não senti nada daquilo que era comum nas nossas conversas facebookianas.”

Beijaram-se. Nada mais. Mas ao fim de três dias a digerir o fracasso, ela voltou ao chat e as coisas reaqueceram. “À distância, ele era claramente o meu tipo ideal. Atrevido mas educado e inteligente. Sexy até mais não.”

Resolveu dar uma segunda oportunidade ao homem. E, dessa vez, jogou com as cartas todas. “Vesti a minha melhor lingerie e preparei-me para uma noite de sexo inesquecível, muito por culpa daquilo que era dito e subentendido nas nossas conversas picantes.”

Alugaram um quarto de hotel. Mandaram vir uma garrafa de espumante. E o espetáculo começou. “Literalmente. Ele parecia um gigolô, fazendo poses, insistindo em virar-me e beijar-me de todos os ângulos e formas. Eu sentia que aquilo era oco, como se não passasse de uma encenação, sem sentimentos. Quando ele me pegou e foi a correr comigo para cima do lavatório da casa de banho, dei-lhe um berro para que parasse. Era tudo demasiado rápido, artificial.”
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A reação não foi boa. Tanto assim que acabou por ser ela a pagar a conta do hotel. Nos meses que se seguiram ao episódio, fugiu sempre que se cruzaram na escola dos filhos. E, no final desse ano letivo, suspirou de alívio quando percebeu que ele tinha mudado a criança de colégio.

Talvez o segredo da criatividade, traço que separa os humanos dos restantes animais, seja a capacidade de usar a inteligência, mas também a sensibilidade e o bom senso, para perceber que certas inovações funcionam melhor com ‘velhos’ parceiros.

Há quase cinco anos fiz uma reportagem sobre um curso de sedução. Tinha cinco etapas: cultivo da autoestima, compreensão do imenso apetite sexual masculino, estratégias para – com base nesse apetite – levar um homem a fazer tudo o que a mulher quer, dissertação sobre fantasias e apresentação de algumas técnicas mais exóticas para pôr o parceiro em polvorosa (por exemplo, o pompoarismo).

A professora Rita Gonçalves, então com 32 anos, formada em relações públicas e professora de ginástica, não se cansou de sublinhar a importância da inovação sexual na rotina do matrimónio. E forneceu alguns truques interessantes (ver caixa). Lembro-me de a ouvir dizer que conhecer o outro podia ser um trunfo. Algo que também é defendido pela psicanalista, escritora e autora de 11 livros sobre amor e sexo, a brasileira Regina Navarro Lins, que garante: “Muita gente pensa que é a novidade que acaba com a rotina. Eu acredito que quando há desejo, por mais ‘velho’ que o parceiro seja, o casal encontra sempre forma de ser criativo.”
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Pode-se dizer que isto resultou com uma das alunas deste curso, na altura casada há seis anos. Quando se queixou à professora Rita de que o seu marido não ajudava nas tarefas domésticas – coisa que a irritava, que a cansava e que lhe tirava a vontade de fazer sexo –, esta deu-lhe um conselho precioso: andar sem roupa interior pela casa. “Foi a melhor coisa que eu podia ter feito pelo meu casamento. Agora, mal chego a casa, tiro as cuecas. E o meu marido tornou-se uma fada do lar.”
Creio que é isto a criatividade.

* Cuecas abaixo, já!!!


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