HOJE NO
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" PÚBLICO"
Mais um estrangeiro com
visto goldinvestigado por
branqueamento de capitais
visto goldinvestigado por
branqueamento de capitais
Além do caso já conhecido que envolve um cidadão chinês, o Ministério
Público está a investigar um estrangeiro de outra nacionalidade também
pelo crime de branqueamento de capitais.
O Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) está a investigar dois cidadãos estrangeiros detentores de vistos gold
por suspeitas de branqueamento de capitais. Um dos inquéritos-crime
visa o cidadão chinês detido na semana passada no âmbito de um mandado
de captura internacional emitido pela Interpol a pedido das autoridades
chinesas e o outro um cidadão estrangeiro de uma outra nacionalidade.
Ambos viram as suas contas congeladas na sequência das investigações.
Os inquéritos-crime foram abertos na sequência de
alertas emitidos no âmbito do sistema de prevenção de branqueamento de
capitais, que obriga os bancos e outras entidades, como notários ou
empresas de mediação imobiliária, a comunicar à Unidade de Informação
Financeira (UIF) da Polícia Judiciária determinado tipo de operações que
preenchem requisitos considerados de risco.
Segundo o DCIAP, até
ao momento foram emitidos “cerca de uma dezena de casos de alerta para
operações financeiras conexas com pedidos de autorização de residência
para investimentos”, mais conhecidos como vistos gold. Cada
caso reporta-se a um suspeito diferente, já que quando existem
comunicações feitas por várias instituições financeiras ou outras
entidades relativas ao mesmo cidadão estas são agrupadas num único
processo.
“Os movimentos financeiros subjacentes a pedidos de
autorização de residência para investimento [ARI] são sujeitos a uma
análise de risco de branqueamento tal como quaisquer outros movimentos.
Ou seja, não existe qualquer especialidade em relação às demais
comunicações de branqueamento”, garante o DCIAP, numa resposta enviada
através do gabinete de imprensa da Procuradoria-Geral da República. E
acrescenta: “Existe cerca de uma dezena de casos de alerta para
operações financeiras conexas com pedidos de ARI, dois dos quais vieram a
conduzir à instauração de inquérito e ao congelamento de contas”.
Os chamados vistos foram
lançados no início de 2013 pelo Governo, tendo sido emitidos, segundo
os últimos dados, 772 ARI, 612 das quais a cidadãos chineses. Estas
autorizações de residência podem ser atribuídas a estrangeiros que
invistam pelo menos 500 mil euros na aquisição de imobiliário, criem
pelo menos dez postos de trabalho ou transfiram pelo menos um milhão de
euros para Portugal. Os requisitos de atribuição excluem estrangeiros
com registo criminal.
A proporção de inquéritos-crime abertos a beneficiários de vistos gold
tendo em conta os alertas feitos é elevada. No último relatório anual
da UIF conhecido, relativo a 2010, dava-se conta que nesse ano tinham
sido recebidas 10.623 comunicações no âmbito do sistema de prevenção de
capitais, que deram origem a 703 averiguações para recolha informação
adicional. Destas só 240 deram origem a inquéritos-crime.
Em 2013,
segundo fonte oficial da PJ, aquela polícia propôs a suspensão de cerca
de 40 operações suspeitas, que envolviam aproximadamente 20 milhões de
euros e 10 milhões de dólares.
Quanto ao caso do cidadão chinês
preso preventivamente há uma semana, a justiça portuguesa continua a
aguardar que as autoridades chinesas formalizem o pedido de extradição
de Xiaodong Wang, para cumprir pena de prisão pelo crime de burla e
abuso de confiança.
O presidente do Tribunal da Relação de Lisboa (TRL), Vaz das Neves, disse nesta quinta-feira ao PÚBLICO que ainda não tinha chegado nenhuma informação com vista à extradição do cidadão chinês.
O presidente do Tribunal da Relação de Lisboa (TRL), Vaz das Neves, disse nesta quinta-feira ao PÚBLICO que ainda não tinha chegado nenhuma informação com vista à extradição do cidadão chinês.
“Se a China
insistir na extradição, o procedimento a seguir por Portugal será a de
iniciar o processo de extradição, independentemente da sua vontade”,
disse o presidente do TRL, frisando que a pena de 10 anos que lhe foi
aplicada é admissível no sistema jurídico português, pelo que não deverá
haver nenhum problema com a sua extradição. Xiaodong Wang voltará a ser
ouvido pelo tribunal, podendo invocar outras razões para não regressar à
China. Se ao fim dos 18 dias de prisão preventiva decretados, a
República Popular da China não requerer formalmente a extradição
Xiaodong Wang será libertado.
O inquérito-crime que corre no
DCIAP é completamente autónomo do chinês e ainda está numa fase inicial
(aberto a 18 de Março), podendo, contudo, neste âmbito vir a ser
decretadas medidas de coacção.
O cônsul da República
Popular da China em Lisboa adianta que aguarda por informações das
autoridades judiciais do seu país sobre o processo de extradição e que
pretende visitar Xiaodong Wang. “O Tribunal da Relação de Lisboa
informou-nos no fim-de-semana sobre o que se passou e eu farei todos os
esforços para esclarecer o que se passou”, disse o diplomata, em
declarações ao PÚBLICO esta semana, revelando que ainda não conseguiu
entrar em contacto com o advogado do chinês.
“É minha intenção ir visitá-lo e tenho curiosidade em saber tudo o que se passou com ele, porque aquilo que sei é através da comunicação social e do tribunal”, afirmou ainda o diplomata.
“É minha intenção ir visitá-lo e tenho curiosidade em saber tudo o que se passou com ele, porque aquilo que sei é através da comunicação social e do tribunal”, afirmou ainda o diplomata.
Contactado pelo PÚBLICO, o advogado de Xiaodong Wang, Joaquim Ferreira, recusou-se a adiantar informações sobre o caso.
* Prevemos que o DCIAP vai ter muito trabalho com os "Paulo's Gold"
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