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Lentidão na cobrança de taxas, fiscalização atrasada
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HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
Indícios de falsos recibos verdes
em 18 mil empresas
Empresas chamadas a pagar 24 milhões de euros por empregarem 44.300 recibos verdes com indícios de falsa prestação de serviços.
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A Segurança Social
está a entrar em contacto com as empresas com indícios de terem
empregue falsos recibos verdes em 2012, exigindo-lhes o pagamento de uma
taxa, em jeito de penalização. Ao todo, estão em causa 24 milhões de
euros de receita global exigidas a cerca de 18.000 entidades que,
naquele ano, empregaram 44.300 pessoas que se encontravam em situação
potencialmente irregular.
Os números foram fornecidos ao Negócios
pelo Instituto da Segurança Social (ISS) e partem dos resultados das
comunicações apresentadas pelos próprios recibos verdes na sua
declaração de IRS
de 2013, onde estão obrigados a apresentar a relação das entidades às
quais prestaram serviços durante 2011 e o respectivo valor dos
honorários.
Os valores entretanto apurados pela
Segurança Social e que estão a motivar a cobrança de uma taxa de 5% às
empresas revelam-se substancialmente mais baixos do que os notificados
em relação a 2011, o primeiro ano em que este sistema de penalização de
situações pretensamente irregulares esteve em vigor. Nessa altura, foram
notificadas 32.960 entidades (mais 15.000), com 64.503 potenciais
falsos recibos verdes ao serviço, o que pode indiciar que houve menos
situações ilegais, menor recurso a prestações de serviços, ou ainda que
as empresas passaram a arranjar formas de contornar o pagamento desta
taxa.
Depois de pagarem a taxa, é suposto que estas
18.000 empresas recebam uma visita da Autoridade para as Condições do
Trabalho (ACT) para que as suspeitas de ilegalidade sejam confirmadas ou
afastadas, mas, na prática, as coisas não têm corrido como a lei
dispõe.
Lentidão na cobrança de taxas, fiscalização atrasada
O
lançamento de uma taxa que penalize as empresas que recorrem a recibos
verdes com indícios de falsa prestação de serviços ocorreu pela primeira
vez em 2011, na sequência de uma alteração ao Código Contributivo. A
lei veio classificar de "economicamente dependentes" todos os
trabalhadores independentes que concentrassem mais de 80% dos seus
honorários anuais numa só entidade (ou do mesmo grupo) e determinar que,
nestes casos, as empresas suportariam uma taxa de 5% sobre o valor pago
a cada trabalhador.
Embora se admita que nem todas
as empresas nesta situação estejam a violar a lei, empregando um falso
recibo verde, desde a génese deste projecto se admitiu que o seu
objectivo seria o de dissuadir o recurso a contratos ilegais. Os 80% são
a medida do indício de irregularidade, os 5% de taxa o elemento
dissuasor.
Estas conclusões são tiradas das
declarações dos próprios recibos verdes, que na declaração anual do IRS
têm de apresentar a relação das entidades para as quais trabalharam no
ano anterior e o valor da prestação de serviços a cada empresa.
Desde
o início que este expediente tem sido duramente criticado pelas
associações de combate à precariedade, que dizem que esta é uma forma
indirecta de se "legalizarem" situações ilegais e pedem um combate ao
recurso a este tipo de mecanismos. Mas o mecanismo tem-se revelado
igualmente lento e com fraca aplicação.
A primeira
leva de comunicações, referentes ao ano de 2011, foi feita no primeiro
trimestre de 2012, mas só nove meses depois, em Novembro, é que a
Segurança Social começou a notificar as 32.960 empresas. Até hoje não se
sabe quantas foram inspeccionadas pela Trabalho (ACT), em quantas
situações se confirmaram as suspeitas de contratos ilegais, e o que
aconteceu tanto às empresas como aos prestadores de serviços. Em
Novembro do ano passado, quase dois anos depois do apuramento destes
dados, o Negócios perguntou à ACT estas estatísticas e não obteve qualquer resposta.
As notificações que estão agora a decorrer referem-se, por sua vez, a rendimentos de 2012 reportados até Maio de 2013.
* Falsos recibos verdes uma ferramenta dos grandes empreendedores deste país.
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