HOJE NO
"O PRIMEIRO DE JANEIRO"
Reitor da Universidade do Porto critica
. "desinvestimento" no Ensino Superior
"Cortes orçamentais cegos"
O reitor da Universidade do Porto (UP), Marques dos Santos, lamentou hoje o "desinvestimento” no Ensino Superior, um dos setores "mais afetado por cortes orçamentais cegos", e defendeu "um novo modelo de governação universitária".
"O desinvestimento no Ensino Superior é agravado por limitações abusivas da capacidade de gerar receitas por parte das instituições. Importa criar um novo modelo de governação universitária mais consentâneo com os atuais desafios da competitividade global no ensino superior", disse Marques dos Santos, naquele que foi o seu último discurso na qualidade de reitor da UP.
Marques dos Santos, que este ano cumpre o seu segundo e último mandato como reitor, discursava na cerimónia comemorativa do 103.º aniversário da UP, tendo aproveitado para criticar os cortes ao Ensino Superior feitos pelo Estado.
"As universidades figuram entre os setores portugueses mais afetados pelos cortes orçamentais cegos, pelas burocracias centralizadoras e pela desvalorização salarial do funcionalismo público", afirmou.
O reitor da UP reconheceu que Portugal vive "uma das mais graves crises da sua História contemporânea", no entanto essa situação não é, para Marques dos Santos, razão para os cortes financeiros do Governo.
O responsável académico defendeu mesmo a importância da Universidade neste contexto de crise: "Atrevo-me a dizer que sem universidades estáveis, modernas, internacionalmente competitivas e com robustez financeira, o futuro de Portugal pode estar comprometido", disse.
Seguindo esta lógica, o reitor da UP defendeu que "Portugal tem de procurar soluções para a crise nos seus problemas estruturais", vincando que "um desses problemas é a qualificação". "Mas, para que o salto nos níveis de qualificação humana e empresarial ocorra de facto, é indispensável que em Portugal seja criado um quadro mais favorável à atividade das universidades", defendeu o responsável .
"As universidades não pretendem eximir-se ao esforço nacional de redução da despesa pública, mas consideram que, na situação de asfixia financeira em que vivem, o país arrisca-se a perder um dos poucos fatores que o podem ajudar a crescer e a sair da crise", acrescentou Marques dos Santos.
O reitor da UP apontou como importante para o futuro "encarar de frente a reorganização do sistema de Ensino Superior português" através da "diferenciação das missões das instituições".
De um lado, para o responsável académico, estaria a oferta de Ensino Superior "curto", com ligação aos tecidos económico e social locais.
Enquanto do outro a oferta de doutoramento está "reservada a um conjunto reduzido de instituições ou de associações de instituições que demonstrem possuir todas as condições de investigação com qualidade necessárias para este ciclo de estudos", disse Marques dos Santos.
A este propósito o reitor admitiu, de imediato, que "uma reforma desta natureza colide com interesses políticos locais e regionais", mas Marques dos Santos considerou-a "inevitável".
Em nome dos estudantes, o vice-presidente da Federação Académica do Porto, Daniel Freitas, defendeu, na sua intervenção, "mais apoios de emergência social", e "melhores serviços sociais", aludindo à conjuntura económica atual.
* Deseducar é o que está a dar.
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