15/02/2014

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Puta Que Pariu o Amor. 
O melhor presente do Dia dos Namorados

Nem que o compre para si próprio. O livro de Lady Mustache fala sobre o amor, o macaco Adriano e até analisa uma letra de João Pedro Pais

"Quando a alma de uma camionista se apodera do corpo de uma princesa, dá nisto." O aviso está feito e a partir daí não espere nada parecido com o que encontra nas páginas 20 e 21 deste jornal. Quem pegar em "Puta Que Pariu O Amor" pode imaginar-se à conversa com uma princesa camionista numa estação de serviço da Mealhada.

A princesa camionista chama-se Lady Mustache e, como a própria conta, "frequentou a universidade de Fernão Ferro, onde um curso de Educação Física viria a mudar a sua vida". Tempos longínquos esses, até porque agora "vive numa cabana junto à praia" - "não a do José Cid", sublinha, dúvidas houvesse. Mora "com o seu gato e [com] um porco anão".

Quer isto dizer que tem tempo livre para filosofar sobre o amor e para escrever um livro cheio de "caralhos" e "vão--se foder" e frases como "Talvez [o amor não seja tão estúpido] como um tipo viciado em Animé acreditar que enfiar a pilinha em meloas aquecidas no microondas conta como perder a virgindade".

"Se queriam um livro decente tinham comprado um Nobel da Literatura, tipo Paulo Coelho, ou assim", avisa mais uma vez Lady Mustache. Verdade. "Puta Que Pariu o Amor" foi uma ideia de Fernando Alvim (quem mais?), que conhecia o lado camionista de Lady Mustache e reparou nos postais do São Valentim Matarruano que Sara-a-dias, que ilustra o livro, fez o ano passado, também no Dia dos Namorados. Juntar as duas num livro - embora não se conhecessem pessoalmente - foi perfeito.

Foi mesmo isso que Lady Mustache pensou quando viu as ilustrações de Sara. "Mais perfeito que isto, só se o mundo fosse feito em gomas, daquelas ácidas no início, que te fazem fazer caretas, mas que o final é sempre docinho", diz. "Aliás, esta metáfora pode representar a maioria das relações, mas ao contrário."

Sara-a-dias tentou "apanhar a boleia da veia camionista" de Lady Mustache e deu-lhe "um lamiré" da sua interpretação. O resultado são ilustrações que envolvem desde um casal sentado na sanita de mão dada até ao macaco Adriano do Big Show SIC - "Disseram-me que [o macaco] era um anão do Cacém. Não sei se é verdade mas fiquei tão feliz que gosto de acreditar que sim", responde Lady Mustache.

Para Sara-a-dias, a ilustração mais difícil foi a "versão bondage" que ilustra "o amor é fodido". "Sobretudo porque tive de pesquisar algumas imagens para perceber bem que fatos usavam e deparei--me com fotos muito pormenorizadas", conta a ilustradora. "Uma vez que fiz essa pesquisa no meu local de trabalho a full-time, temo um dia ser chamada pela chefia para me pedirem satisfações."

O desenho de que mais se orgulha é, sem dúvida, o que fez para "o amor é cego". "Os rabiosques ficaram mesmo no ponto que queria. E gosto dessa em particular porque adoro a parte em que Lady Mustache utiliza a expressão: 'Antes meter o dedo no cu a um escuteiro.'"

Como já deu para perceber aqui não há papas na língua. Por isso talvez não seja o presente ideal para dar à sua namorada fofinha, até porque Lady Mustache é contra "falar à bebé". Também não se mostra nada a favor de casais que partilham demasiadas coisas e não se largam nem na hora de ir à casa de banho. "Há limites para tudo nesta vida, como ser fã dos U2 por exemplo. Mas foda-se, juntar cocó e intimidade de casal é a mesma coisa que pôr o 'Minas e Armadilhas' de novo no ar."

"Puta Que Pariu o Amor" talvez seja a melhor coisa deste Dia dos Namorados. Ou do Dia Europeu da Disfunção Eréctil, que também se assinala hoje. Por falar nisso, Lady Mustache vai celebrá-lo a ver o "Pretty Woman" e a beber um tinto. "Não há história mais linda que um homem rico apaixonar-se por uma puta. Ao mesmo tempo vou fazer um minuto de silêncio por todas as mulheres que arranjaram uma pila para a vida, que não consegue levantar-se."

* Imperdível, um presente para qualquer dia.

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