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Puta Que Pariu o Amor.
O melhor presente do Dia dos Namorados
Nem que o compre para si próprio. O livro de Lady Mustache fala sobre o amor, o macaco Adriano e até analisa uma letra de João Pedro Pais
"Quando
a alma de uma camionista se apodera do corpo de uma princesa, dá
nisto." O aviso está feito e a partir daí não espere nada parecido com o
que encontra nas páginas 20 e 21 deste jornal. Quem pegar em "Puta Que
Pariu O Amor" pode imaginar-se à conversa com uma princesa camionista
numa estação de serviço da Mealhada.
A princesa camionista chama-se Lady Mustache e, como a própria conta,
"frequentou a universidade de Fernão Ferro, onde um curso de Educação
Física viria a mudar a sua vida". Tempos longínquos esses, até porque
agora "vive numa cabana junto à praia" - "não a do José Cid", sublinha,
dúvidas houvesse. Mora "com o seu gato e [com] um porco anão".
Quer isto dizer que tem tempo livre para filosofar sobre o amor e
para escrever um livro cheio de "caralhos" e "vão--se foder" e frases
como "Talvez [o amor não seja tão estúpido] como um tipo viciado em
Animé acreditar que enfiar a pilinha em meloas aquecidas no microondas
conta como perder a virgindade".
"Se queriam um livro decente tinham comprado um Nobel da Literatura,
tipo Paulo Coelho, ou assim", avisa mais uma vez Lady Mustache. Verdade.
"Puta Que Pariu o Amor" foi uma ideia de Fernando Alvim (quem mais?),
que conhecia o lado camionista de Lady Mustache e reparou nos postais do
São Valentim Matarruano que Sara-a-dias, que ilustra o livro, fez o ano
passado, também no Dia dos Namorados. Juntar as duas num livro - embora
não se conhecessem pessoalmente - foi perfeito.
Foi mesmo isso que Lady Mustache pensou quando viu as ilustrações de
Sara. "Mais perfeito que isto, só se o mundo fosse feito em gomas,
daquelas ácidas no início, que te fazem fazer caretas, mas que o final é
sempre docinho", diz. "Aliás, esta metáfora pode representar a maioria
das relações, mas ao contrário."
Sara-a-dias tentou "apanhar a boleia da veia camionista" de Lady
Mustache e deu-lhe "um lamiré" da sua interpretação. O resultado são
ilustrações que envolvem desde um casal sentado na sanita de mão dada
até ao macaco Adriano do Big Show SIC - "Disseram-me que [o macaco] era
um anão do Cacém. Não sei se é verdade mas fiquei tão feliz que gosto de
acreditar que sim", responde Lady Mustache.
Para Sara-a-dias, a ilustração mais difícil foi a "versão bondage"
que ilustra "o amor é fodido". "Sobretudo porque tive de pesquisar
algumas imagens para perceber bem que fatos usavam e deparei--me com
fotos muito pormenorizadas", conta a ilustradora. "Uma vez que fiz essa
pesquisa no meu local de trabalho a full-time, temo um dia ser chamada pela chefia para me pedirem satisfações."
O desenho de que mais se orgulha é, sem dúvida, o que fez para "o
amor é cego". "Os rabiosques ficaram mesmo no ponto que queria. E gosto
dessa em particular porque adoro a parte em que Lady Mustache utiliza a
expressão: 'Antes meter o dedo no cu a um escuteiro.'"
Como já deu para perceber aqui não há papas na língua. Por isso
talvez não seja o presente ideal para dar à sua namorada fofinha, até
porque Lady Mustache é contra "falar à bebé". Também não se mostra nada a
favor de casais que partilham demasiadas coisas e não se largam nem na
hora de ir à casa de banho. "Há limites para tudo nesta vida, como ser
fã dos U2 por exemplo. Mas foda-se, juntar cocó e intimidade de casal é a
mesma coisa que pôr o 'Minas e Armadilhas' de novo no ar."
"Puta Que Pariu o Amor" talvez seja a melhor coisa deste Dia dos
Namorados. Ou do Dia Europeu da Disfunção Eréctil, que também se
assinala hoje. Por falar nisso, Lady Mustache vai celebrá-lo a ver o
"Pretty Woman" e a beber um tinto. "Não há história mais linda que um
homem rico apaixonar-se por uma puta. Ao mesmo tempo vou fazer um minuto
de silêncio por todas as mulheres que arranjaram uma pila para a vida,
que não consegue levantar-se."
* Imperdível, um presente para qualquer dia.
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