HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
Liberdade no mundo recuou
pelo oitavo ano consecutivo
O estado da liberdade no mundo declinou em 2013 pelo oitavo ano
consecutivo, conclui hoje a organização Freedom House, que destaca ainda
o fenómeno do 'autoritarismo moderno', mais subtil e mais eficaz do que
o tradicional.
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No
seu relatório anual, intitulado 'Liberdade no Mundo 2014' e hoje
divulgado, a organização de defesa da democracia escreve que no ano
passado 54 países registaram declínios das suas liberdades, enquanto 40
tiveram ganhos.
"Pelo oitavo ano consecutivo, o relatório
'Liberdade no Mundo' registou mais declínios na democracia no mundo do
que ganhos, o mais longo período do género nos 41 anos de história do
relatório", pode ler-se no documento.
No prefácio do relatório,
que analisa as liberdades políticas e civis em 195 países e 14
territórios, o vice-presidente de investigação da Freedom House, Arch
Puddington, lamenta que o último ano da vida de Nelson Mandela, "um
verdadeiro gigante da luta pela liberdade", tenha ficado marcado por uma
série de recuos perturbadores das liberdades.
Embora reconheça
que a quebra não é severa, o responsável alerta que alguns dos países
que recuaram são Estados económica ou estrategicamente significativos,
cujas trajetórias políticas influenciam muito além das suas fronteiras,
como o Egito, a Turquia, a Rússia, a Ucrânia, o Azerbaijão, o
Cazaquistão, a Indonésia, a Tailândia ou a Venezuela.
O relatório
recorda que o ano ficou também marcado por um aumento da lista de países
afetados por guerras civis ou campanhas terroristas sangrentas:
República Centro-Africana, Sudão do Sul, Afeganistão, Somália, Iraque,
Iémen e Síria.
A organização sediada em Washington alerta no
entanto para um fenómeno igualmente relevante: "a utilização de técnicas
mais subtis, mas em última análise mais eficazes, por parte daqueles
que praticam um 'autoritarismo moderno'".
Esses líderes, explica a
organização, dedicam-se intensamente ao desafio de estropiar a oposição
sem a aniquilar e de violar do Estado de Direito enquanto mantêm uma
aparência de ordem, legitimidade e prosperidade.
Para estes
regimes, é central capturar as instituições que protegem o
pluripartidarismo político e dominar, não só os braços executivo e
legislativo, mas também os media, a justiça, a sociedade civil, a
economia e as forças de segurança, acrescenta a organização.
"Os
nossos dados mostram que nos últimos cinco anos, os mais graves
declínios na democracia se deveram a maiores restrições à liberdade de
imprensa, aos direitos da sociedade civil e ao Estado de direito", disse
Arch Puddington.
"Os limites aos média e ao debate público
permitem às pessoas no poder ganhar eleição após eleição através da
distorção do ambiente político antes da própria votação", acrescentou.
Este
fenómeno, escreve a Freedom House, está a vingar em países como o
Zimbabué de Robert Mugabe, na Venezuela de Nicolas Maduro, no Equador de
Rafael Correa, na Rússia de Vladimir Putin, na Ucrânia de Viktor
Yanukovych, na China ou na Turquia.
Apesar do tom marcadamente
negativo, o relatório destaca alguns pontos positivos, como a melhoria
das liberdades civis na Tunísia, "o mais promissor dos países da
Primavera Árabe"; a realização de eleições bem sucedidas no Paquistão;
as melhorias em países africanos como o Mali, Costa do Marfim, Senegal,
Madagáscar, Ruanda ou Togo.
Além disso, sublinha o relatório, o
número de democracias eleitorais aumentou em quatro, para 122, no ano
passado, com as Honduras, o Quénia, o Nepal e o Paquistão a alcançarem a
designação.
* Porque as democracias se tornaram em cárceres???
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