A podridão foi
denunciada
É mesmo muita a porcaria que este poder bolorento está a deixar como rasto. Lamentável, triste e medonho
Durante quase quatro décadas, gente da oposição
madeirense, alcunhada de extrema-esquerda, denunciou o regabofe que se
ia instalando à sombra da autonomia do poder absoluto do PSD.
Esta gente chamou a atenção e apresentou propostas concretas para
limitar os poderes absolutos, com uma lei clara que estabelecesse um
regime de incompatibilidades concretas, para que quem faz as leis não
tivesses interesses pessoais a defender.
Esta gente denunciou os negócios estranhos e as fugas ao fisco,
organizadas por agentes que deveriam ser os primeiros a defender os
interesses públicos e que, no entanto, ajudavam clientes a fugir aos
impostos.
Esta gente disse que havia fuga de dinheiros da Região para outros
locais, em negócios imobiliários disfarçados, para que os poderosos
aparecessem sempre como pobrezinhos com o intuito de enganar as pessoas
de boa fé.
Esta gente denunciou a promiscuidade existente entre o sector público e o
privado, em vários sectores da vida económica, onde os interesses
públicos eram aniquilados pelos interesses de amigos, afilhados e
compadres.
Esta gente, por várias vezes, disse que o poder local estava a ser
arrebanhado por agentes que, antes de qualquer coisa, serviam os
interesses do poder regional e pessoal, sem prioridades sociais que
resolvessem verdadeiramente os interesses das pessoas.
Esta gente apresentou propostas sociais em várias áreas, sucessivamente
derrotadas pelo poder regional, como a redução do chamado jackpot para
metade. Chamou os bois pelo seu nome e o que é que aconteceu?
Estas pessoas sofreram vários processos em tribunal, sendo alcunhadas de
arguidas, como se fossem malfeitoras, para fazer pressão sobre as suas
denúncias. Sofreram um achincalhamento permanente sobre as suas atitudes
e a sua vida, até a privada. E tudo isto durante quase 40 anos.
E o povo eleitor como respondeu? Acreditou mais no infrator do que no
denunciante e, por isso, o poder em nome dessa confiança foi apodrecendo
cada vez mais.
Agora, finalmente, o povo está a acordar e está à vista que tudo o que
foi denunciado era certo e se calhar pouco. A podridão começa a sair à
luz do dia. Do pouco que vamos sabendo, é mesmo muita a porcaria que
este poder bolorento está a deixar como rasto. Lamentável, triste e, ao
mesmo tempo, medonho.
Medonho, porque já estamos a pagar caro a irresponsabilidade da política
do compadrio da insensibilidade social e do abandono de tudo o que
interessa para a nossa verdadeira autonomia enquanto ilhéus. Medonho
porque os nossos filhos e netos vão continuar a pagar, já estão a pagar,
estas leviandades, que infelizmente, tiveram cobertura legal, o que nos
faz pensar que há algo na democracia que está a falhar.
E ainda há pessoas que não trabalham para levar a derrota até ao fim
pensando que é ficando no seu “cantinho” que melhor servem os seus
interesses, que podem parecer muito puros e nobres, mas acabam por ser
tão mesquinhos e egoístas porque, em última análise, servem para manter a
podridão dum poder que já devia ter caído há muito tempo.
A hora é de levar a derrota até ao fim confiando que, só com uma Mudança
de poder, de políticas e de governantes poderemos aspirar a que a
Madeira consiga respirar um melhor ambiente, como já está a acontecer no
Funchal e noutros Concelhos da Região.
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS DA MADEIRA"
18/11/13
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