HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS
DA MADEIRA "
Presidente cessante da ANMP
recusa acusações de "despesismo"
O presidente cessante da Associação Nacional de Municípios
Portugueses (ANMP), Fernando Ruas, recusou hoje que os municípios sejam
despesistas e salientou as "dificuldades acrescidas" criadas às
autarquias pelo memorando de entendimento.
No seu discurso de despedida, Fernando Ruas afirmou que "sempre
existiu uma tensão latente e natural entre o poder local e o poder
central" e defendeu a autonomia local como um "princípio 'genético' e
estruturante do Estado de direito".
"Irromperam, todavia, nestes últimos anos factos e circunstâncias
excecionais e inusitadas, no tempo e no modo, que impeliram e impuseram
ao país no seu todo condições sociais, políticas e económicas
draconianas de que o poder local não saiu ileso", realçou.
Ruas destacou "especificamente o memorando de entendimento e o acordo
firmado pelos chamados 'partidos do arco da governação', documento que
foi distorcendo e marcando todos os princípios e regras por que se guia
todo e qualquer país livre, soberano e independente".
De acordo com o presidente cessante, estas medidas têm vindo a
"criar, objetivamente, dificuldades acrescidas e, no que ao poder local
diz respeito, uma tentativa de menorização que nos pretendeu remeter
para a condição de dependência dos serviços da administração central".
Fernando Ruas afirmou estar certo de que "convictamente o poder local
se continuará a bater" pela autonomia local e pelas suas atribuições e
competências próprias.
Ruas contestou também o rótulo de que os municípios são
"despesistas", considerando que os municípios são "mais eficazes do que o
Governo no controlo da dívida", destacando que as autarquias "reduziram
o seu passivo em 1300 milhões, apresentando um 'superavit' orçamental,
por contraposição ostensiva com o Estado -- esse sim despesista -- que
cresceu 48 mil milhões no mesmo período".
O agora ex-autarca, que ocupou a presidência da Câmara de Viseu, mas
foi impedido de se recandidatar devido à lei da Limitação de Mandatos,
afirmou que leva "muitas alegrias e, também, naturalmente algumas,
poucas, frustrações ou desencantos ou mesmo alguma curiosa
especificidade".
"Posso referir ser o único cidadão maior e sem cadastro que é impedido de se recandidatar ao município de Viseu", disse.
A ANMP, que elege no Congresso de hoje os seus dirigentes para os
próximos quatro anos, vai ser presidida pelo socialista Manuel Machado,
presidente da Câmara de Coimbra, por indicação do PS, partido que venceu
em maior número de câmaras nas autárquicas de 29 de setembro.
Manuel Machado substitui Fernando Ruas, que cumpriu mais de três
mandatos à frente da associação e foi presidente da Câmara de Viseu
durante 24 anos.
O Conselho Diretivo da associação terá 17 elementos, nove dos quais do PS, seis do PSD e dois da CDU.
Serão vice-presidentes da associação os socialistas Susana Amador
(Odivelas) e Eduardo Vítor Rodrigues (Vila Nova de Gaia), os
sociais-democratas Ribau Esteves (Aveiro) e Almeida Henriques (Viseu) e
um dos dois elementos comunistas, Vítor Proença (Alcácer do Sal) ou
Alfredo Monteiro (presidente da Assembleia Municipal do Seixal).
O social-democrata Carlos Carreiras, presidente de Cascais, será o
próximo presidente da Mesa do Congresso e também, por inerência,
presidente do Conselho Geral da ANMP.
A presidência do Conselho Fiscal caberá a José Maria Pós-de-Mina (Moura), da CDU.
* O ex-presidente da ANMP mente deliberadamente. Damos-lhe o exemplo de que no distrito de Viseu existiu uma empresa municipal que nunca funcionou e arrecadou milhões de euros em fundos cujos gastos nunca foram explicados.
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