Viva o Porto!
As duas principais câmaras municipais do país deram sinais bastante
diferentes (quase diria contraditórios) nas eleições autárquicas de
ontem. Enquanto o Porto, numa votação que só surpreendeu quem não
conhece as suas gentes, recusou claramente o clientelismo partidário e
os profissionais da política, elegendo um empresário independente com
provas dadas fora da política, Lisboa, pelo contrário, optou, também de
forma clara, por um político profissional do bloco central dos
interesses e dos negócios. António Costa é de facto o grande vencedor na
Câmara da capital, mas a sua vitória tem um sabor amargo, pois os
resultados nacionais impedem-no, para já, de realizar os voos para os
quais ele já anda a bater as asas há algum tempo. É que, tendo em conta
todas as manobras, intrigas e conspirações que se vinham realizando
contra a direção nacional do PS, a verdadeira vitória de Costa seria um
mau resultado nacional do seu partido, que lhe permitisse avançar como
alternativa à atual liderança, em termos de disputar as eleições as
legislativas de 2015 como candidato a primeiro-ministro.
Os grandes derrotados destas autárquicas são, assim, não só o PSD e Pedro Passos Coelho, mas também aqueles que dentro do PS se preparavam para um xeque-mate a António José Seguro. Outro grande derrotado, a confirmarem-se as tendências existentes à hora em que escrevo estas linhas, é Alberto João Jardim e o PSD Madeira, que perde várias câmaras municipais. Jardim deveria saber que quem não sabe sair a tempo, pelo seu próprio pé, pode acabar por ter de sair aos empurrões.
Os grandes derrotados destas autárquicas são, assim, não só o PSD e Pedro Passos Coelho, mas também aqueles que dentro do PS se preparavam para um xeque-mate a António José Seguro. Outro grande derrotado, a confirmarem-se as tendências existentes à hora em que escrevo estas linhas, é Alberto João Jardim e o PSD Madeira, que perde várias câmaras municipais. Jardim deveria saber que quem não sabe sair a tempo, pelo seu próprio pé, pode acabar por ter de sair aos empurrões.
Os grandes triunfos individuais são os de António José Seguro
(que vence na frente externa contra o PSD e o Governo e na frente
interna contra quem se preparava para o substituir na liderança do PS) e
Rui Rio que viu claramente sufragada pelo povo do Porto a sua política
para a cidade. Esta vitória de Rio vai inevitavelmente gerar uma
dinâmica política que o poderá catapultar para outros voos, até porque
ela é, em certa medida, sinalagmática da derrota do Governo e da atual
liderança do PSD. No plano estritamente partidário, a vitória é da
Esquerda, ou seja, do PS e da CDU, e a derrota é da Direita,
principalmente do PSD e do Governo.
Curiosamente, o PSD ganhou as
eleições naqueles municípios que o Governo mais tem desprezado, em
alguns dos quais, inclusivamente, se prepara para encerrar os respetivos
tribunais. Oxalá esse PSD profundo consiga impor-se aos betinhos e
betinhas de Lisboa que proliferam no Governo.
IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
30/09/13
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