HOJE NO
" JORNAL DE NEGÓCIOS"
Tesouro não sabia de riscos
com “swaps” entre 2005 e 2007
A DGTF nunca recebeu sinais de que os contratos de
gestão do risco financeiro causassem preocupação, nem por parte de
empresas públicas nem de organismos fiscalizadores. Por isso, a tutela
nunca foi informada de eventuais problemas com “swaps”, contou o
director-geral do Tesouro e Finanças entre 2005 e 2007, José
Castel-Branco.
CONTRIBUINTE PORTUGUÊS |
A Direcção-Geral do Tesouro e Finanças
não sabia, entre 2005 e 2007, de eventuais riscos nas empresas do sector
público devido a instrumentos de cobertura do risco financeiro "swaps".
“Neste período, a DGTF nunca sinalizou [qualquer problema com
instrumentos de gestão do risco financeiro] ao membro do governo
responsável pela tutela financeira, como seria sua obrigação se tivesse
detectado alguma anomalia. Não o fez por um motivo muito simples: nós
não tínhamos esses sinais”, afirmou José Castel-Branco na comissão de
inquérito aos “swap”.
Castel-Branco foi director-geral do Tesouro e Finanças entre 24 de
Março de 2005 e 5 de Agosto de 2007, momento em que estava empossado o
primeiro governo liderado por José Sócrates. A DGTF tem como missão
acompanhar matérias relativas à tutela financeira do sector público
empresarial e é nesse sentido que os directores entre 2003 e 2013 estão a
ser ouvidos na comissão de inquérito aos contratos celebrados por
empresas públicas.
Na comissão, presidida por Jorge Lacão , o antigo
director da DGTF garantiu que, da parte das empresas públicas, nunca
recebeu qualquer indicação de que pudesse haver problemas com estes
contratos de cobertura de risco. Os “swap” são produtos que pretendem
proteger um determinado empréstimo a taxa fixa através de uma taxa
variável ou vice-versa. Vários dos “swap” subscritos por empresas
englobadas no sector empresarial do Estado foram contratados entre 2005 e
2007, altura em que os juros estavam a avançar. Com a subida dos juros,
as empresas procuravam proteger-se com a contratação de “swaps”.
O problema levantado, contudo, é que muitos desses produtos não
serviam apenas para cobrir o risco. Vários instrumentos terão sido
comprados, segundo tem defendido a actual tutela, para “embelezar” os
resultados no curto prazo, à custa de riscos no futuro. As perdas
potenciais associadas aos "swap" chegaram a atingir 3 mil milhões de
euros no final do ano passado.
Não houve qualquer sinal de perigo nem por parte das empresas
públicas nem por outras entidades de controlo, como o Tribunal de Contas
ou a Inspecção-Geral de Finanças, assegurou Castel-Branco. Nesse
sentido, nunca foi lançado nenhum alerta à tutela (os ministros eram
Campos e Cunha e Teixeira dos Santos). O antigo líder da DGTF também não
se “recorda” de nenhuma ordem vinda do Ministério das Finanças relativa
a esta matéria.
“Sinceramente, não me recordo da sinalização de responsabilidade, nem
de que alguém, sequer, falasse nesta matéria”, concluiu José
Castel-Branco acrescentando que a “inércia em matéria de gestão de
‘swap’ prejudica o interesse público”.
Tal como tinha feito a actual directora demissionária da DGTF, Castel-Branco também comentou com os deputados que o organismo não podia “sozinho” fazer a avaliação do risco e do nível de complexidade dos contratos celebrados por empresas públicas entre 2003 e 2013.
* O Tesouro não sabia dos riscos porque o dinheiro é do contribuinte, se o dinheiro fosse dos dirigentes os riscos seriam melhor avaliados, é o regabofe ferido de impunidade.
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