HOJE NO
"PÚBLICO"
Tratamento contra a esclerose múltipla teve sucesso na primeira fase
de ensaios clínicos
Um tratamento novo contra a esclerose múltipla que alterou o sistema
imunitário dos doentes teve sucesso numa primeira fase de ensaios
clínicos que abarcou nove pessoas, mostra um estudo publicado na
quarta-feira na revista Science Translacional Medicine.
A esclerose múltipla é uma
doença auto-imune relacionada com o sistema nervoso. O sistema
imunitário destes doentes ataca a camada que impermeabiliza as células
nervosas, os neurónios. É esta camada feita de mielina que permite à
informação viajar a uma velocidade enorme ao longo do sistema nervoso.
Só assim conseguimos mexer os dedos quase no mesmo momento em que
pensamos fazê-lo.
Na esclerose múltipla, esta camada de mielina
vai sendo degradada. Ao longo dos anos as pessoas acabam por perder a
capacidade de caminhar e de se moverem. A esperança média de vida é
cinco a dez anos mais baixa do que no resto da população.
Uma
equipa internacional com investigadores da Alemanha, Estados Unidos,
Áustria alteraram o próprio sistema imunitário para diminuir o ataque às
camadas de mielina. Para isso, retiraram células do sistema imunitário
dos pacientes, depois ligaram estas células a fragmentos de mielina e
voltaram a injectar estas células com milhões de fragmentos de mielina
nos pacientes. O objectivo deste método é obrigar o sistema imunitário a
reconhecer estes fragmentos e torná-lo tolerante à mielina.
“A
terapia pára as respostas auto-imunes que já estão em curso e previne a
activação de novas células auto-imunes”, diz Stephen Miller,
investigador sénior da Escola de Medicina Feinberg da Universidade de
Northwestern, em Chicago, nos Estados Unidos. “O nosso método deixa a
função do sistema imunitário intacto. É o Santo Graal”, explica o
cientista, num comunicado de imprensa.
Esta primeira fase de
testes foi, principalmente, para procurar efeitos secundários nos
pacientes que receberam o tratamento. Os resultados foram positivos; por
um lado, não houve problemas significativos associados ao tratamento,
por outro lado, os pacientes melhoraram em relação à doença. Agora o
tratamento vai passar para a segunda fase dos testes clínicos,
para verificar se este método previne de facto a progressão da esclerose
múltipla em humanos.
“Na fase dois queremos tratar doentes que
estão nos estados mais precoces da doença, antes de estarem paralisados
devido aos danos na mielina”, explica Stephen Miller. “Quando a mielina é
destruída, é difícil ser reparada.”
* Um ensaio clínico positivo é apenas uma esperança, nada mais.
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