HOJE NO
"i"
Roseta contra a distribuição
de comida na rua aos sem-abrigo
A
vereadora quer novas soluções para o apoio aos sem-abrigo como a
criação de cantinas com ambiente familiar e renovação dos abrigos
“Toda
a gente se oferece para voluntariar e ir para a rua distribuir comida
aos sem-abrigo, como se fossem dar milho aos pombos” disse Helena
Roseta, vereadora do Desenvolvimento Social da Câmara de Lisboa, em
entrevista à Lusa para ilustrar a dificuldade de coordenar as
associações que estão no terreno a dar apoio aos sem-abrigo. Ao i,
Roseta explicou que a maneira como se processa a distribuição da comida
em Lisboa “não tem condições nem dignidade”, defendendo por isso a
existência de espaços onde as várias associações possam providenciar
refeições aos sem-abrigo da capital.
NÃO SÃO POMBOS, SÃO PESSOAS |
“Com
a quantidade de voluntários e associações que há em Lisboa, temos
condições para fazer um trabalho personalizado com as pessoas que estão a
dormir na rua” sublinhou Helena Roseta ao i, acrescentando que
associações como a Serve the City Lisboa já proporcionam jantares
comunitários em Alcântara de duas em duas semanas. A vereadora aposta em
novas soluções para apoiar o número crescente de sem-abrigo na cidade –
cerca de 2000, embora aponte a dificuldade de fazer um levantamento
preciso desta população devido ao seu carácter itinerante – como locais
com ambiente familiar” para as refeições, a reconversão de instalações
do INATEL na Infante Santo em hotel social e a renovação dos albergues
já existentes.
Uma
das apostas da autarquia, em execução, é a criação de uma unidade de
atendimento a sem-abrigo no Cais do Sodré, onde várias entidades vão
procurar ajudar sem abrigo a resolver problemas de saúde, procurar
trabalho ou tratar de documentação. O espaço foi cedido pela Câmara
Municipal e vai ser coordenado pela Santa Casa da Misericórdia de
Lisboa.
Desemprego
Para além do aumento de sem-abrigo, Helena Roseta diz que há uma
mudança no perfil das pessoas que vivem actualmente na rua. “Já não
falamos só de pessoas que sofrem de doenças mentais ou com histórias de
adicção. Hoje temos pessoas que perderam o emprego e vão para dormir
para a rua, incluindo muitos jovens e famílias completas” declarou a
vereadora.
NÃO SÃO POMBOS, SÃO PESSOAS |
Segundo
Helena Roseta, foi exactamente o desemprego a consequência da crise que
mais teve impacto na cidade de Lisboa, “com cerca de 1000 novos
desempregados todos os meses” no ano passado. A falta de recursos dos
lisboetas, tem feito com que cada vez mais pessoas recorram à Câmara
Municipal para pedirem uma habitação social. “Andamos à volta dos 1800,
1900 pedidos por ano. Agora a nossa capacidade de resposta anda à volta
de uns 300 fogos por ano”, disse a autarca, apontando que a Câmara
deveria construir e reabilitar entre 500 a mil fogos por ano, vendendo
parte do seu património.
Na
entrevista à Lusa, Helena Roseta não esqueceu as críticas aos cortes
levados a cabo pelo governo. “Isto põe em causa tudo. Tudo o que foi a
construção europeia e a construção democrática de Portugal desde 1974.
Nem no tempo de Marcelo Caetano ou de Oliveira Salazar se tiravam as
pensões às pessoas. Isto é terrorismo social. É uma coisa inacreditável”
disse a vereadora.
* A senhora vereadora Helena Roseta é uma pessoa de muito valor, concordamos que deseje dar mais dignidade a quem mais sofre, discordamos em absoluto que haja quem dá parte da sua noite a distribuir comida esteja a dar milho aos pombos, excedeu-se!
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