HOJE NO
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Escandinavo produz azeite "gourmet"
no Algarve, onde os lagares
quase desapareceram
Um empresário escandinavo radicado no Algarve há mais de 40 anos
tornou-se num dos poucos produtores de azeite na região, onde dos 400
lagares que existiam há 20 anos não restam mais de seis.
Este é o
quinto ano que Detlev von Rosen produz azeite "gourmet" na sua quinta em
Moncarapacho, Olhão, que em grande parte é vendido para outros países,
através de encomendas "online", mas também à moda antiga, diretamente no
lagar.
Ao todo, são ali produzidos por ano 20 mil litros de
azeite, uma produção modesta mas compatível com os 20 hectares de
olival, dimensão que o empresário sueco pretende manter para já, para
poder ter o "controlo absoluto de todos os pormenores".
Em
declarações à Lusa, Detlev von Rosen explicou que qualquer lagar moderno
produz aquela quantidade de azeite em apenas um dia, mas que o seu
objetivo é fabricar azeite de alta qualidade, o que exige dominar bem o
processo.
"Este ano chegámos ao topo porque fomos premiados com
duas medalhas de ouro na competição internacional de azeite de Nova
Iorque, onde compararam cerca de 700 azeites do mundo inteiro", afirmou o
ex-consultor, de 74 anos.
Quando se mudou para Portugal, há cerca
de 40 anos, o empresário estónio naturalizado sueco procurava um local
com um clima onde pudesse cultivar vegetais durante o inverno para
exportar para o norte da Europa.
Acabou por adquirir uma quinta
com laranjeiras mas cedo se apercebeu que precisava de muita água, o que
ali escasseava, tendo por isso decidido arrancar as árvores e
substituí-las por oliveiras, há 13 anos.
"Fomos sempre informados
de que no Algarve não se podia fazer azeite bom, parecia ser o consenso
de toda a gente", referiu, observando que a Horta do Félix, onde tem o
olival, guarda vestígios de um antigo lagar romano, que modernizou.
Os
seus clientes são sobretudo turistas que fazem visitas guiadas ao
olival e lagar da família, onde podem provar e comprar a iguaria, mas há
também cada vez mais portugueses a adquirirem o seu azeite, produto que
entretanto virou moda e se equipara agora aos vinhos e queijos na lista
de produtos "gourmet".
Aos poucos, o azeite Monterosa produzido
pela família von Rosen tem também começado a chegar às prateleiras de
lojas da especialidade e a supermercados de luxo do Algarve e Lisboa.
Segundo
o empresário, que iniciou o negócio familiar mas tem mais três sócios, a
qualidade do produto depende muito da rapidez com que o azeite é
extraído da fruta e o ideal é que as azeitonas sejam processadas no dia
em que são recolhidas.
O grande inimigo da qualidade é a mosca da
azeitona e para evitar que o inseto pique a fruta, os troncos das
oliveiras são pintadas de branco, em junho, com uma substância argilosa
de cor semelhante à cal, que afasta as moscas.
Detlev von Rosen
produz cinco variedades de azeite virgem extra que vende em garrafas de
meio litro pelo preço de 17 euros. Comercializa ainda sabonetes e
espumas de barbear feitas com os restos do azeite.
Segundo este
empresário, a ex-primeira dama francesa, Carla Bruni, e a rainha da
Suécia figuram na lista de clientes e apreciadoras do seu azeite.
* Cumprimentos a Detlev von Rosen por investir numa área que os algarvios negligenciam, é mais fácil ficar à pedincha do turista.
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